Rafaela Ferreira

Atriz de "Poliana" relembra bullying: "Me chamavam de Majin Boo"

Rafaela Ferreira relembra quando passou em testes no SBT para "As Aventuras de Poliana"

Rafaela Ferreira em cena de "As Aventuras de Poliana" - Divulgação/SBT
Por Thiago Forato

Publicado em 28/08/2018 às 09:05:19

Atualmente no ar em "As Aventuras de Poliana", Rafaela Ferreira ganhou notoriedade em 2011 na novela "Rebelde", da Record TV.

No ano passado, fez um teste para a trama do SBT e passou. "Estou adorando a emissora, o SBT é muito alto astral! Tem uma alegria e uma energia muito gostosa", comemora ela em entrevista ao NaTelinha.

Acima do peso, Rafaela gosta de imaginar um mundo onde as pessoas gordas sejam protagonistas e que estejam em um maior número de produções. "Devo admitir que meu corpo, do jeitinho que ele é, foi decisivo para a minha seleção nas personagens que vivi na TV", conta Rafaela, que também atuou em "Malhação ID", em 2009.

Ao NaTelinha, a atriz fala sobre seu canal no YouTube ("Fala, Rafa"), o bullying que sofria e a importância da representatividade de pessoas acima do peso na TV.

Confira:

Como você conseguiu seu papel em "As Aventuras de Poliana"? Fez teste?

Rafaela Ferreira - Fiz teste na emissora, fui selecionada e fiquei muito feliz! Já conhecia a Nanci do livro, fui muito determinada a viver essa personagem encantadora. A Marcia Ítalo me convidou para o teste, já nos conhecíamos de testes anteriores e pelas outras novelas que fiz. No teste. o Sr. Boury  (Reynaldo Boury, diretor da novela) estava presente e a cena foi com a Sophia Valverde, que já estava escalada como Poliana, nossa química foi muito boa! E rolou!!!

O que está achando do trabalho e do SBT? Como está sendo conviver com atores como Milena Toscano e Sophia Valverde?

Rafaela Ferreira - Estou adorando a emissora, o SBT é muito alto astral! Tem uma alegria e uma energia muito gostosa. A Sophia Valverde é uma atriz muito talentosa e generosa, tem sido incrível a troca com ela, e com a Milena também, ela tem uma potência em cena maravilhosa!

 

Como é o mercado de atores para uma pessoa dita acima do peso? Sente dificuldade em conseguir papéis por isso?

Rafaela Ferreira - Gosto de imaginar um mundo onde as pessoas gordas sejam protagonistas, estejam em maior número nas produções e que a presença delas seja mais naturalizada na mídia e em todos os lugares. Mas, devo admitir que o meu corpo, do jeitinho que ele é, foi decisivo para a minha seleção nas personagens que vivi na TV, na maioria das personagens, já era uma característica necessária. E quando não era, foi um diferencial de destaque que me garantiu o espaço.

Qual a importância de pessoas gordas na televisão?

Rafaela Ferreira - Tem um termo que curto muito que é representatividade, que significa representar os interesses de determinados grupos ou pessoas. E é isso que sinto sobre pessoas gordas na TV, fomos durante tanto tempo privadas ou estereotipadas, que dá gosto de ver o crescimento que temos tido nos últimos tempos! E que cresça cada vez mais esse espaço, não só para pessoas gordas, como para todas as outras pessoas que foram/são estereotipadas na mídia. Por mais oportunidades para pessoas negras, orientais, LGBT, portadores de necessidades especiais... por uma mídia mais real, humana e diversa.

Você já fez dietas para tentar emagrecer? Que tipo de dieta mais louca você já tentou fazer?

Rafaela Ferreira - Já fiz todo tipo de dieta, desde as mais comuns como a reeducação alimentar até restritivas máximas. Fiz dietas por estética e por questões de saúde também. Hoje, gosto de cuidar de mim e nutrir meu corpo, sem pressão estética, alimento meu corpo e minha alma com amor e aceitação, cuido da minha saúde e pratico exercícios físicos por prazer.

A partir de quando passou a se aceitar?

Rafaela Ferreira - Depois de emagrecer 30 quilos por questões de saúde e não me sentir a pessoa que imaginei que seria quando isso acontecesse. Percebi que não é a forma física, a aparência, que importam, mas a forma como sinto e penso, tanto sobre mim mesma, quanto sobre os outros. Resolvi focar no que meu corpo faz, em tudo que sou capaz.

Que tipo de comentários você recebe no canal do YouTube? Conselhos, dicas?

Rafaela Ferreira - Recebo muito carinho, encorajamento, retorno sobre minhas personagens e MUITAS perguntas! Que costumo responder nos próximos vídeos, elas giram em torno de diversos temas: como é ser atriz? Como é ser gorda e se aceitar? Detalhes sobre vida pessoal, cotidiano, e ainda outros temas. Tenho um público muito presente, dedicado e amoroso.

VEJA TAMBÉM

Você recebe desabafos? Qual foi o desabafo mais chocante que você já recebeu?

Rafaela Ferreira - Recebo desabafos constantes de pessoas que sofreram bullying, não só por gordofobia, em sua maioria sim, mas, também recebo relatos de preconceito por todo tipo de características físicas e intelectuais. Os mais chocantes são os que envolvem violência, agressão, baixa-estima e depressão. E o mais chocante de todos os casos, são os que tomam proporções extremas como tentativa de suicídio... Vivo no teatro uma personagem que vive essa realidade, a Anna de "Se existe eu ainda não encontrei", de Nick Payne, é sempre muito marcante e intenso perceber o efeito opressor que ações podem tomar na vida de uma pessoa. Não podemos nos calar, precisamos acolher e socorrer quem está passando por isso, como também reconhecer e educar os agressores.

Você já sofreu bullying? De que tipos e como foi?

Rafaela Ferreira - Sofri bullying nos tempos de escola, aqueles mais presentes no dia a dia, como apelidos e rejeições. Me chamavam de Majin Boo (vilão de "Dragon Ball Z), gorda safada, gorda fedida, entre outros absurdos! Não passei por nada que ferisse minha integridade física, e sempre consegui me afirmar em relação a essas questões, denunciando e reagindo. Fato que reduziu o efeito de quem produzia e reproduzia essas agressões. A postura afirmativa e de auto aceitação foram as peças chaves para lidar com essa realidade na minha vida.

Quais são as perguntas mais frequentes que você recebe no seu canal sobre o bullying?

Rafaela Ferreira - As pessoas querem saber como foi o meu processo, e fico muito feliz em compartilhar e inspirar aceitação. Bullying não é brincadeira e não pode ser mantido em silêncio! Tem que ser denunciado, compartilhado e debatido, para que traga aprendizado para todo o grupo.

TAGS:
NOTÍCIAS RELACIONADAS
MAIS NOTÍCIAS