Publicado em 10/08/2021 às 04:00:00
A estreia de Nos Tempos do Imperador, na última segunda-feira (09), apostou quase que exclusivamente em ação e se escorou nos protagonistas da história criada por Alessandro Marson e Thereza Falcão. Selton Mello e Alexandre Nero tiveram muito tempo de arte, com direito a cenas fortes, assim como ocorreu com Gabriela Medvedovski e Michel Gomes, os mocinhos do folhetim. Mas não faltou espaço para outros nomes fortes, como Mariana Ximenes e Letícia Sabatella.
Se Selton Mello teve tempo para compor o personagem, Dom Pedro II parece ter sido encarnado pelo ator neste primeiro capítulo. Após tantos anos fora das telenovelas, seu retorno mostrou a presença de cena que o artista sempre teve e deu indícios de que a composição minimalista, tão presente em personagens dele, poderá transformar o imperador numa lembrança icônica de nossa dramaturgia ao final da novela.
Selton interpreta pelo olhar e pelo tom de voz, fugindo do grito e das caras e bocas. Foi assim na tensa cena em que Pedro se recusa a forjar acordo com o filho do presidente do Paraguai e o expulsa das terras brasileiras. A força do personagem está pela imposição, não pelas expressões. Um raro caso de talento para este tipo de composição.
Quem deu sinais de que será o verdadeiro oposto é Alexandre Nero. O grande vilão da trama, que poderá ser uma trilogia, teve ao menos duas sequências pesadas, com a morte do pai de Tonico, personagem interpretado por ele e quando decide perseguir o escravo, suspeito de ser o assassino. Em ambos os casos, Nero fez o que faz de melhor, uma interpretação suja, quase fora de marcações e quase caricata e teatral, técnica que ele domina muito bem.
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Nos Tempos do Imperador também mostrou que haverá espaço para sonhos e, por isso a personagem Pilar, de Gabriela Medvedovski, teve papel fundamental no primeiro capítulo. O público pôde conhecer seus sonhos, sua força de vontade e bondade. E, cumprindo a cartilha de Janete Clair, a dupla de autores deu um jeito da personagem conhecer Jorge, de Michel Gomes, seu par na trama, logo neste capítulo de estreia.
Do ponto de vista do conteúdo, a estreia de Nos Tempos do Imperador deu algumas amostragens de que pode ser uma produção interessante. Apostando em ação, seja na morte de um fazendeiro ou em um ato de rebelião de escravo, ou até na fuga de Pilar, a novela foi recheada de cenas corridas, como já ocorreu em Novo Mundo (2017), dos mesmos autores.
É cedo para dizer, mas parece essa ser uma marca de Marson e Falcão e que poderá movimentar a história de Dom Pedro II. E tudo muito bem realizado pela direção artística de Vinícius Coimbra, que permitiu bom visual com a escolha correta da fotografia, mas mais do que isso, deu espaço para o elenco brilhar, com uma estreia bastante competente.
Com figurinos deslumbrantes e diálogos cortantes, Nos Tempos do Imperador teve poucos defeitos - o mais visível foi o corte de cenas, que pareceu quase amador de tão seco - mas no geral fez uma estreia firme com um senão importante: mostrou-se muito pouco da história que está por vir. Isso pode ser corrigido nos próximos capítulos, mas não é possível acompanhar uma trama rechegada de acontecimentos sem uma linha narrativa clara.
Ao final do primeiro capítulo, entretanto, ficou a sensação de uma produção que pode vir a ser, embora ainda não seja. A estreia não foi arrebatadora, mas deu indícios de que talvez será. É esperar para ver.
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