Notícias

"Estou me sentindo violada", diz participante após audições do "X Factor"

Produção da Band vem sendo muito criticada por bagunça nas primeiras gravações em São Paulo


xfactorbrasil-audicoes-sp-humilhacao (2).jpg
Nathália posa com sua mãe mostrando a multidão nas audições

Colaborou Thiago Forato
 

Nathália Luize tem 22 anos, está no sétimo período de Direito e gosta de estudar leis. Mas seu sonho é a música. Canta há nove anos profissionalmente e se apresenta em uma banda de baile em Belo Horizonte (MG).

Foi em busca de um sonho, viver de música, que Nathália decidiu se inscrever no "X Factor Brasil", co-produção da Band com a Turner e a produtora Fremantle, dona do formato e de outros musicais, como o "Ídolos", que já passou por Record e no SBT. Mas a sua experiência foi a pior possível.

Violada, Nathália escreveu um texto que viralizou na internet. Água vencida, banheiros químicos nojentos e tratamento desumano da produção foram denunciados. O NaTelinha publicou o texto na íntegra e falou com Nathália por telefone na tarde desta quarta-feira (13).

Na entrevista, a jovem desabafou ainda mais: "Foi desumano, o banheiro tava transbordando tudo que você imaginar. Assim que a gente conseguiu entrar na arena, na acomodação, a gente teve que ficar em pé, e lá o banheiro é muito mais limpo. Fiquei segurando umas cinco horas pra entrar no estádio. quando entramos, só um banheiro, e só dos homens. Dois seguranças na porta e eles mandavam a gente esperar. Nem sequer tentaram liberar um banheiro feminino. Estou me sentindo violada".

Leia a entrevista na íntegra:

NaTelinha - Nathália, o que vocês estão fazendo para buscar os direitos?

Nathália Luize -
Estamos organizando uma ação coletiva para ingressar na Justiça.

NaTelinha - Quantas pessoas você já tem?

Nathália Luize -
Por enquanto, umas 250. É muita gente, não esperava tanta gente, estamos acostumados a todo mundo se calar e estou com três grupos no WhatsApp com o mesmo intuito do "X Factor" e o e-mail entupido de documentação da galera, até de vencedores de outros realities, como do "Ídolos", do "Astros" e do "Fama". O que salvou lá mesmo, como escrevi, foram as pessoas. Se não estava todo mundo frito.... Eu também conheci o vencedor do "Fama" lá e estamos super conversando. Marcus Vinile me explicou como foi com o programa da Globo, em 2002, e ele ficou chocado como trataram a gente pela Band. Foi muito humilhante.

NaTelinha - Você passou e decidiu ir embora, foi isso?

Nathália Luize -
Voltei para a segunda fase, mais de 10 horas lá na segunda fase. Foi mais uma questão de honra. Falava assim: "Então galera, vamos fazer nosso melhor e vamos mostrar que não vamos desistir".

NaTelinha - Vou te fazer uma pergunta que todo mundo deve querer fazer: para você, o que deu esse problema todo?

Nathália Luize -
Eles queriam tanto Ibope, eles acreditaram que foi feita uma triagem, e a gente viu palhaços passando, gente vestido de gnomo passando. Não teve triagem pelos vídeos, que é o que todo reality faz. Não selecionaram e convocaram. Todo mundo tinha mandado os vídeos. E podia fazer inscrição na hora também. E poderia ser pior, porque tinha gente que não tinha dinheiro para fazer a inscrição.

Conheci gente da Bahia, Maceió, Rio de Janeiro, do Brasil inteiro. Não quis colocar no texto, mas destronquei meu dedo do pé. E quando saí do negócio, tava tão doendo e tão roxo, e mostrando para os participantes, não pude ir embora para casa.

NaTelinha - Você está na casa da tua avó, né?

Nathália Luize -
Isso. É no Sul de Minas, em Carvalhópolis, perto de Varginha. Continuando, não olharam vídeo nenhum e selecionaram todo mundo. Esse comunicado de que não sabiam que não daria esse tanto de gente (leia aqui) é um argumento ridículo. Estávamos num estádio onde cabia 40 mil pessoas, e ficamos em pé olhando para aquela arena...

No segundo dia, mandaram a gente chegar até às 8h, chegando maquiado, com roupa de show, cílios postiços, como se fosse um show. "E tragam o playback da música que vocês vão cantar". Foi pior pelo cansaço do outro dia.

NaTelinha - Você tá bem psicologicamente?

Nathália Luize -
Eu sou muito forte, não gosto de chorar nem nada. E quando saí de lá, quando encontrei com minha mãe lá fora - porque o meu tio não pôde entrar, porque tava com criança, e minha mãe teve que ficar lá acompanhando ele - eu tava segurando pra não chorar e dando força pro resto da galera. Fomos pra rodoviária eu e minha mãe. Tinha uma galera do Rio de Janeiro e na rodoviária de São Paulo tem um piano.

Essa galera do Rio tava no piano e começaram a cantar a música "Valeu a Pena", acho, não sei, e comecei a chorar, e depois de tudo, a gente consegue ainda ser unido. Depois fui pra lá e começamos a cantar todos juntos, a rodoviária aplaudindo e comecei a chorar. Aí minha mãe voltou para Belo Horizonte e eu fui pra casa da minha avó porque não tava conseguindo andar direito. E não queria voltar pra casa, porque não queria falar pro meu pai que passei por tudo aquilo. Tava sem coragem de falar pra ele. Não queria voltar pra minha cidade, lá é pequeno e todos iam saber.

Aí, vindo no ônibus, não consegui dormir. Foi desumano, o banheiro tava transbordando tudo que você imaginar. Assim que a gente conseguiu entrar na arena, na acomodação, a gente teve que ficar em pé, e lá o banheiro é muito mais limpo. Fiquei segurando umas cinco horas pra entrar no estádio. Quando entramos, só um banheiro, e só dos homens. Dois seguranças na porta, e eles mandavam a gente esperar. Nem sequer tentaram liberar um banheiro feminino. Estou me sentindo violada.

TAGS:
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado