Esquecida, primeira novela de Lídia Brondi terminava há 49 anos na Globo
Há quase meio século, a Globo encerrava a exibição de O Grito, polêmica novela das dez que foi a primeira participação de Lídia Brondi na emissora

Publicado em 30/04/2025 às 11:15
Há exatamente 49 anos, no dia 30 de abril de 1976, a Globo encerrava a exibição de O Grito. Primeira novela de Lídia Brondi na emissora, a produção escrita por Jorge Andrade dividiu opiniões, principalmente na cidade de São Paulo, e surpreendeu os telespectadores ao revelar que os acontecimentos de seus 125 capítulos se passavam no período de uma semana.
Segunda novela de Andrade, que antes havia assinado Os Ossos do Barão (1973) na emissora, O Grito estreou em 27 de outubro de 1975.
A novela era focada na vida dos moradores do Edifício Paraíso, na capital paulista. Construído por uma família tradicional, o edifício precisou se adaptar a uma nova realidade por conta da construção do Elevado Costa e Silva, o Minhocão.
Com isso, foram construídos apartamentos menores e mais populares nos primeiros andares, modificando o status do local. O autor queria fazer um retrato realista da vida na capital paulista, reunindo num mesmo prédio personagens de diferentes classes sociais.
O roubo de um interceptador telefônico deixou os moradores em pânico, por medo de terem seus segredos revelados. Além disso, os condôminos tentaram expulsar Marta (Gloria Menezes), uma ex-freira que tinha um filho com problemas mentais que gritava durante a noite, incomodando toda a vizinhança.
Elenco
A produção, que não foi um sucesso popular, era estrelada, além de Glória Menezes, por nomes como Ney Latorraca, Leonardo Villar, Maria Fernanda, Walmor Chagas, Isabel Ribeiro, Rubens de Falco, Yoná Magalhães, Elizabeth Savala, Edson França e Marcos Paulo.
Na época com 16 anos, Lídia Brondi viveu a adolescente Estela, que namorava o garoto Guilherme, vivido por Guto Franco, filho de Moacyr Franco, que era um dos astros da Globo na época.
O Grito também ficou marcada por ter um dos primeiros personagens LGBTQIA+ das novelas. No entanto, foi difícil para a Globo encontrar o intérprete de Agenor.
Leonardo Villar (que acabou ficando com outro personagem), Mauro Mendonça e Fúlvio Stefanini recusaram o papel; enquanto Emiliano Queiróz estava reservado para Pecado Capital. O escolhido acabou sendo Rubens de Falco, que se tornou um dos destaques da trama.
Polêmicas
O Grito também contou com algumas polêmicas durante sua trajetória, já que causou indignação entre os paulistas, que não gostaram de ver a cidade sendo retratada como "dura, fechada e fria", como ressaltou o autor. Houve até manifestação no Congresso Nacional, por parte do deputado Aurélio Campos.
Já no Rio de Janeiro, influenciados pela trama, moradores do Edifício São Joaquim, em Ipanema, tentaram expulsar um menino deficiente que tinha 12 anos e enfrentava os mesmos surtos de grito e violência do garoto retratado na novela.
Remake cancelado
Em 2019, foi divulgado que a Globo pretendia fazer uma espécie de remake de O Grito, transformando a novela numa minissérie, que seria assinada por Ricardo Linhares.
A nova produção teria entre 10 e 12 capítulos e estava prevista para ser gravada no segundo semestre de 2020. Com a pandemia de Covid-19, o projeto foi sendo constantemente adiado, até ser cancelado de vez em 2023.
Nunca reprisada pela Globo, O Grito foi descartada pela emissora, que preservou apenas três capítulos (o primeiro, o segundo e o último), disponibilizados no Globoplay em agosto do ano passado.