Exclusivo

Presidente de sindicato cobra Globo, pede respeito à classe e critica Kalimann, Picon e Gil do Vigor

Hugo Gross atualmente é o responsável pelo SATED-RJ, que luta pelas causas e direitos dos artistas


Globo
Presidente do Sindicato dos Artistas, Hugo Gross fez críticas à Globo - Foto: Divulgação/Globo/Montagem NaTelinha
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 21/10/2024 às 07:00,
atualizado em 21/10/2024 às 10:34

Presidente do SATED-RJ, o sindicato dos artistas do Rio de Janeiro, Hugo Gross tem sido frequentemente acionado em razão de uma política controversa adotada pela direção da Globo a fim de economizar: saem os grandes atores e entram influencers e ex-BBBs, com milhões de seguidores nas redes sociais e sem qualquer preparo

O NaTelinha, então, quis ouvir de Hugo, que também é ator e acumula várias novelas em seu currículo, a maioria, inclusive, no plim plim - História de Amor (1995), Uga Uga (2000), Coração de Estudante (2002), Agora é Que São Elas (2003), A Lua Me Disse (2005), O Profeta (2007) e Paraíso (2009) -, qual o posicionamento do SATED-RJ em alguns casos recentes e como o sindicato tem atuado para resguardar os direitos dos artistas.

+ Globo será denunciada ao Ministério do Trabalho por perseguir atores de direita

+ Band e Liberty Media não chegam a acordo para distrato e Fórmula 1 segue no canal em 2025

"Acho que tem espaço pra todo mundo, mas eu fico um pouco apoplético em as empresas sempre querendo colocar pessoas sem noção artística nenhuma, no caso dos BBBs, eles quererem entrar porque acabaram de fazer um reality show e achando que isso é interpretação, coisa que não é interpretação. Acho que você tem que ter uma respeitabilidade pela carreira e, principalmente, respeitar nomes como Carlos Vereza, Fernanda Montenegro, entre outros", declarou Hugo Gross.

"Influencer, hoje, todo mundo é, e também nada contra, mas eu não acho que pode ser por seguidores, por que a pessoa, a gente já viu aí a Rafa Kalimann, a Jade Picon, que o retorno não é positivo com inúmeros seguidores, então, de repente, a pessoa é boa para influenciar no fit, na saúde, no exercício, mas não pra interpretação. Eu acho que o grupo, as emissoras, têm que ver é no talento, não em quantidade de seguidores. Infelizmente, algumas emissoras, alguns grupos estão achando que isso vai fazer o ibope melhorar. E a gente viu e a gente vê que isso não é verídico", alfinetou.

O presidente do SATED-RJ também falou sobre a campanha liderada por alguns atores contra a escalação de "aventureiros". "Realmente, você imagina quem estudou muito, quem estuda, quem se dedica, quer um lugar ao sol. Aí vem uma pessoa que tem um número de seguidores, eu já vi vários atores, inclusive o Stepan [Nercessian], pedindo seguidores para poder ser escalado. Isso é surreal. Seguidores, infelizmente, nada contra eles, eu acho que eles, a empresa, pode contratar quem ela quiser, respeitando a lei, mas estão desvalorizando grandes artistas, como já vêm fazendo. Então, isso eu não vejo positivo. Acho que para você atuar, tem que estudar muito", afirmou.

Gross analisou a polêmica em torno de Rafa Kalimann e sua participação em Família é Tudo. "Todas as pessoas quando têm um influencer assim, um ex-BBB ou que aparece com muitos seguidores, a categoria toda reclama e eu prontamente notifico a TV Globo... porque é um absurdo eles fazerem isso. Quando a gente tem aí um bando de bons atores, atrizes precisando trabalhar e que eles podiam dar chance, humanizar... eu peço às emissoras de televisão que humanize de uma maneira de atender todos os artistas, sem exceção. Fica ruim para a emissora porque pega uma pessoa que não tem talento, não tem experiência e o ibope cai", criticou.

A confusão envolvendo Gil do Vigor e o veto para o economista participar de Família é Tudo também foi pauta. "Nada contra ele, é um BBB que desponta com aquele bordão lá... Brasil e não sei o quê, mas a produção da própria novela, que foi um extremo fracasso - infelizmente, porque eu torcia, porque a TV Globo é uma empresa maravilhosa, mas ela está preocupada com o Ibope de qualquer maneira. E saiu uma matéria dizendo que a produção encontrou uma maneira de burlar a lei do sindicato. O Gil do Vigor, qualquer pessoa pública, quando fizer um personagem, tem uma equipe, tem uma produção e tem um texto a ser cumprido, é para fazer a novela. Uma novela. Fora os salários que são altíssimos, que é uma tristeza para outros atores que lutam tanto", analisou.

Hugo Gross fala de etarismo e direitos de imagem

No papo com o NaTelinha, Hugo Gross também criticou o preconceito com os atores mais velhos. "Então, em relação ao etarismo é uma tristeza, a gente defende o idoso, o trabalho dele é muito importante. A célula mais importante das emissoras de televisão é o ator, a atriz, e é desprezado, onde dentro da cabeça dos grandes homens - acho que é um nicho pequeno - pensa que não precisa mais. Então, a gente está defendendo o idoso com unhas e ideias", garantiu.

"Infelizmente, a Globo deixa a desejar nisso, mas a gente está lutando para que melhore isso de uma maneira e volte os grandes artistas dentro das produções. Os movimentos a gente faz sempre. A demanda chega e a gente vem lutando e a gente está aqui para lutar, para defender o artista, para defender a célula mais importante que é o artista, essa célula que fez das emissoras de televisão esse grande sucesso e no caso da TV Globo, campeã de audiência", explicou.

Sobre os direitos de imagem, pleiteados por atores como Mateus Solano em razão dos baixíssimos valores praticados pela Globo com as reprises no Canal Viva, Hugo defende essa luta da classe. "É um direito que é do artista, não tem como ser retirado e a gente está lutando, é uma luta diária para que eles paguem isso e a gente vai conseguir com união e determinação. Realmente, é [pago] muito pouco por uma reprise enquanto eles ganham muito, principalmente com uma venda para o exterior, que eles ganham muito, e os atores, de novo, a célula mais importante, ganham pouco", disse.

"O sindicato está aí para proteger o artista, o ator, o técnico. Então uma empresa não vai dizer que ela ama o sindicato, que seria mentira, leviano da parte dela. Então a gente tem uma relação profissional, onde a gente cobra o bom tratamento, o bom andamento com esses nossos artistas, com a nossa classe, e assim, em relação ao horário, em relação a cachê, em relação ao cuidado a gente está sempre está brigando ou pedindo. A nossa relação [com a Globo] é uma relação amistosa", assegurou Gross.

"Quando tem as demandas, eu mando através de um diretor [da Globo], que é o Claudio Guimarães. Da nossa parte é a melhor possível. A gente tem essa leitura porque eu entendo que é uma empresa ímpar, é uma empresa que dá muitos empregos, mas é uma empresa. A gente está lendo como empresário. A gente sabe que o empresário ele quer de uma certa maneira sugar o trabalhador de todas as maneiras. O sindicato está aqui para proteger isso", concluiu o presidente do SATED-RJ.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado