Com fim de "casal 20", CNN Brasil se desfigura para tentar salvar horário nobre
Canal de notícias "separa" Mari Palma e Phelipe Siani; saiba como fica a programação
Publicado em 29/06/2020 às 05:00
A CNN Brasil chega em julho bem diferente da que estreou na TV, em 15 de março. A separação profissional de Mari Palma e Phelipe Siani, considerado "casal 20" do novo jornalismo, é a nova tentativa do canal de notícias, há três meses no ar, para tentar recuperar parte do investimento perdido em uma de suas faixas mais problemáticas: o horário nobre.
Mari e Siani trabalhariam juntos no mesmo programa pela primeira vez. Este foi o chamariz da CNN, em julho de 2019, para anunciar a contratação do casal, que se conheceu na Globo e faz mais sucesso pela vida pessoal do que pelas notícias que transmitem (como acontece com outros casais de jornalistas).
Em um trimestre, o canal de notícias destruiu o único motivo que prendia boa parte dos telespectadores do matinal Live CNN: ver Mari e Phelipe juntos. A partir desta segunda-feira (29), a ex-global será substituída por Marcela Rahal, repórter promovida a apresentadora e integrante de outro "casal 20" da CNN (é casada com Rafael Colombo).
Palma foi "separada" de Siani por um propósito mais importante: à frente do talk show CNN Tonight, tentará atrair audiência para o horário nobre da CNN, que ainda não emplacou mesmo com dois de seus apresentadores mais experientes: Monalisa Perrone e William Waack.
Depois de 20 anos na Globo, Monalisa migrou para a CNN para, enfim, dormir mais tarde. Cansada de madrugar no Hora 1 (que prejudicou a saúde de outros colegas, como Izabella Camargo), a jornalista se animou ao comandar um telejornal na faixa noturna. O que mais repercute em seu trabalho na nova emissora, porém, é quando refuta mentiras usadas como argumentação pelos convidados de O Grande Debate.
Primeiro contratado da CNN Brasil, William Waack se tornou inexpressivo ao chamar público para a faixa nobre do canal. Demitido da Globo após acusação de racismo, ele estreou sozinho no Jornal da CNN, mas com a pandemia de coronavírus precisou ficar em casa e passou a dividir a apresentação com Daniel Adjuto, Carol Nogueira e, atualmente, Taís Lopes.
GloboNews sem concorrência
Para se ter uma ideia de como a CNN não fidelizou público no horário nobre, um exemplo recente: no dia 22 de junho, a primeira grande entrevista de Frederick Wassef, então advogado do senador Flávio Bolsonaro e dono do imóvel onde foi encontrado o ex-PM Fabrício Queiroz, marcou 0,2 ponto de audiência, atrás de GloboNews e Record News.
Na contramão dos resultados negativos, a CNN Brasil comemorou ser o "segundo canal de notícias mais visto do Brasil", atrás da GloboNews. Uma maquiagem, já que a GloboNews não tinha concorrência (e continua não tendo).
Em maio, o canal de notícias da Globo registrou 58% mais audiência do que a CNN na Grande São Paulo e mais 185% no PNT (Painel Nacional de Televisão), que reúne as 15 maiores regiões metropolitanas do país. A CNN, em contrapartida, encolheu 12% em maio na comparação com abril. De quarto canal mais visto na TV paga, passou para o sétimo lugar.
A GloboNews, líder do ranking geral há três meses, continua sendo referência de emissora de notícias 24 horas por dia. O público sentiu a diferença entre os dois canais de notícias durante a cobertura dos protestos antirracistas nos Estados Unidos. Enquanto a emissora global virava a madrugada transmitindo os atos em tempo real, a CNN exibia séries e virou piada nas redes sociais ("CNN foi dormir", ironizaram os telespectadores).
xalungo
Procurada pelo NaTelinha, a CNN Brasil nega que o novo programa de Mari Palma será lançado para salvar a audiência no horário nobre.
"O CNN Tonight entrará no lugar do Realidade, que será exibido mais tarde. A estreia do novo programa é mais um investimento da CNN na faixa horária das 23 horas e não tem qualquer relação com o desempenho do Jornal da CNN que vem mantendo o resultado esperado. O canal acabou de completar 100 dias de operação e apresenta resultados acima do planejado", informa a emissora.