Estudo da Nasa não disse que o Brasil ficará inabitável em 2070
Nasa nunca falou que o Brasil ficará sem habitantes
Publicado em 25/07/2024 às 18:20
Recentemente, uma informação alarmante tem sido amplamente compartilhada nas redes sociais: um suposto estudo da NASA prevendo que o Brasil se tornará inabitável em 50 anos devido às altas temperaturas. No entanto, essa afirmação é incorreta e distorce os dados reais do estudo.
Publicado em 2020 na prestigiada revista Science Advances, o estudo conduzido por pesquisadores da NASA, incluindo Colin Raymond, não menciona o Brasil nem faz projeções para a América Latina. Em vez disso, a pesquisa analisou dados históricos de temperatura e umidade entre 1979 e 2017, focando nos eventos de temperaturas extremas.
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O estudo mapeou temperaturas do bulbo úmido, uma medida que relaciona calor e umidade para avaliar o estresse térmico no corpo humano. Os resultados mostraram que a Terra já passou por eventos extremos com temperaturas próximas ao limite de sobrevivência humana, 35°C no bulbo úmido, e que esses eventos estão se tornando mais frequentes.
Pedro Camarinha, PhD em mudanças climáticas e pesquisador no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), enfatiza que a interpretação de que o Brasil se tornará inabitável em 50 anos é infundada. “Não há absolutamente nenhuma base científica para afirmar isso. O estudo não faz projeções futuras, pois isso requereria a consideração de diversas variáveis além da temperatura de bulbo”, explica Camarinha em entrevista ao G1.
Camarinha também alerta que essa desinformação pode prejudicar os esforços de adaptação climática. “Esse tipo de afirmação ignora as tentativas de reversão e a capacidade humana de se adaptar”, conclui.
Karina Lima, climatologista e divulgadora científica, reforça que o estudo não prevê a inabitabilidade do Brasil em 50 anos. “Concluir que o Brasil se tornará inabitável é um salto grande em relação às conclusões deste estudo específico. É cravar algo que este estudo não cravou”, comenta Lima para o G1.