Sátira de evangélicos?

Com sutiã em cima de Bíblia, série colocou Globo em guerra contra Record

Decadência, exibida em 1995, chegou nesta semana ao Globoplay


Zezé Polessa em cena polêmica da minissérie Decadência, exibida na Globo em 1995
Jandira (Zezé Polessa) tira o sutiã e o coloca em cima de uma bíblia em cena polêmica da minissérie Decadência - Foto: Reprodução/Globo

Minissérie exibida pela Globo em 1995, Decadência chegou ao Globoplay nesta semana. Escrita por Dias Gomes (1922-1999), a trama tinha como protagonista um líder religioso que explora a fé do povo. Na época, soou como uma provocação contra a Igreja Universal do Reino de Deus, vinculada à Record, o que acirrou uma guerra entre as emissoras.

Decadência é ambientada entre 1984 e 1992 e retrata os acontecimentos políticos dessa época. Mariel Batista (Edson Celulari) é humilhado e expulso da mansão da família Tavares Branco, onde cresceu e trabalhava como motorista, após se envolver com a filha caçula do patrão, Carla (Adriana Esteves). O tempo passa e ele vira um poderoso pastor evangélico.

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Rico às custas dos fiéis, Mariel deseja se vingar dos ex-patrões, a essa altura à beira da ruína. O fanatismo religioso e as pregações inflamadas do personagem remeteram à postura do bispo Edir Macedo, dono da Record. A minissérie provocou a revolta dos líderes evangélicos na época.

Um mês antes da estreia, em agosto de 1995, o Fantástico exibiu reportagens sobre a coleta de dinheiro e o exorcismo praticado em igrejas evangélicas pentecostais. Naquele mesmo ano, o Jornal Nacional mostrou um vídeo em que Edir Macedo ensinava pastores como convencerem os fiéis a darem dízimos nos cultos.

Edir Macedo
Edir Macedo entrou com processo contra minissérie da Globo - Foto: Reprodução

Antes do primeiro capítulo, com a polêmica já instaurada diante das campanhas de divulgação, Edson Celulari leu um texto em que dizia ser “imprescindível renovar seu respeito a todas as religiões”. O ator também enfatizou que Decadência não pretendia criticar nenhuma religião em particular nem seus representantes.

Em sua autobiografia Apenas um Subversivo, lançada em 1998, Dias Gomes admitiu que queria abordar a crise moral e ética no país. “A desesperança nos homens que conduziam a nação arrastava o povo para o misticismo, em busca de soluções milagrosas para seus problemas materiais, terreno propício ao surgimento de falsos messias prometendo o Paraíso não para depois da morte, como os católicos, mas para os dias imediatos.”

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O autor frisou que, embora o protagonista “pudesse assemelhar-se a dezenas de pastores em todo o mundo”, Edir Macedo “enfiou a carapuça” e entrou com um processo na Justiça. Ele também lembrou que a minissérie contava com um pastor honesto, Jovildo (Milton Gonçalves).

Em uma das cenas mais polêmicas da história, Jandira (Zezé Polessa), apaixonada por Mariel, se ajoelha diante dele, sentado na cama. Ela leva as mãos até os joelhos do pastor, que deixa a Bíblia sobre a cama. Em seguida, a personagem coloca o sutiã em cima do livro sagrado. O trecho foi resgatado nas redes sociais:

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