Centro de Controle Operacional de Santos auxilia prevenção e enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas
Ações da prefeitura tiveram reconhecimento internacional em 2021
Publicado em 20/05/2024 às 16:53,
atualizado em 20/05/2024 às 17:19
O Centro de Controle Operacional (CCO) de Santos tem sido fundamental no trabalho de monitoramento preventivo de áreas de risco na cidade. Graças ao equipamento, assim como o Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC) 2023-2024, o período de chuvas intensas, registrado entre dezembro e abril, terminou sem episódios fatais nas regiões mais vulneráveis do Município.
O CCO está localizado no embasamento do Paço Municipal e é equipado com 1.736 câmeras interligadas, sendo que parte delas monitora as áreas mais suscetíveis a alagamentos e ao aumento do nível do mar, além de possibilitar a visualização de encostas de morros.
O secretário municipal de Governo, Fábio Ferraz, afirma que o CCO é um grande aliado nas ações preventivas e corretivas na cidade.
O equipamento também conta com um drone, que auxilia na captação de imagens em tempo real, possibilitando a vistoria de áreas de difícil acesso e ocorrências de grandes sinistros, em meio aos efeitos das mudanças climáticas.
O nosso CCO se destaca pela integração das diversas agências públicas, o que contribui para a maior eficiência das equipes em atividades diárias e em situações de emergência. Dotado de alta tecnologia, o equipamento é um grande aliado para a definição de ações preventivas e corretivas diante dos efeitos das mudanças climáticas.
Fábio Ferraz
Outro diferencial é a Sala de Crise, onde as autoridades podem acessar todas as câmeras do CCO e o Sistema de Informações Geográficas de Santos (SIGSantos). Esse sistema mapeia aproximadamente 2.500 logradouros, com 44 mil lotes desenhados e ainda georreferencia 206 mil unidades imobiliárias em um mapa digital.
Integração
O Centro de Controle Operacional abriga a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos), Guarda Civil Municipal (GCM) e as forças de segurança pública (Polícia Militar e Guarda Portuária), em esquema 24h. Também atuam no equipamento servidores da Secretaria de Governo (Segov) e o plantão das emergências urbanas da Secretaria das Prefeituras Regionais (Sepref).
Além disso, também integra a Defesa Civil, com serviço de plantão 24 horas e com o meteorologista da Cidade, que tem como objetivo auxiliar o município no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas, como chuvas intensas e vendavais.
“No CCO, tenho acesso às informações do radar meteorológico instalado em Salesópolis (SP), graças a um contrato entre o Município e a Fundação FCTH (Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica/USP). É o mais moderno para informações relativas à Baixada Santista”, afirma o meteorologista Franco Cassol, servidor público desde 2020.
A análise das imagens do radar pelo meteorologista, focada nas áreas da Cidade, juntamente com outras informações, apoia a Defesa Civil na emissão de alertas à população quando necessário.
Com os dados coletados no CCO, o meteorologista publica diariamente um boletim de previsão meteorológica, que orienta as ações da Defesa Civil e de outros setores da Prefeitura. Esse boletim também guia o trabalho de campo, coordenando o deslocamento das equipes para as áreas que podem ser afetadas por eventos de grande intensidade.
De acordo com o coordenador em exercício da Defesa Civil de Santos, José Carlos Turziani da Silva, com o serviço de plantão no CCO, as ligações dos cidadãos para o número 199 são encaminhadas à central.
“O plantonista checa as primeiras informações e abre o chamado. Em todas as ocorrências, um técnico nosso é deslocado para o local. Dependendo da gravidade, um geólogo e um engenheiro civil também fazem o trabalho de vistoria”, detalha.
Outra parceria importante é a colaboração do Município com o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade Santa Cecília (NPH-Unisanta), que fornece dados sobre as condições marítimas, que são essenciais para a operação do Plano Municipal de Contingência para Ressacas e Inundações.
Mudanças Climáticas
Santos foi a primeira cidade do Brasil a criar uma Comissão Municipal de Mudanças Climáticas (CMMC) em 2016 e continua sendo modelo no combate às emergências climáticas com diversas iniciativas.
A Seção de Clima (Seclima), ligada à Secretaria de Meio Ambiente, Proteção e Defesa Animal (Semam), celebra cinco anos de atividades. Suas principais responsabilidades incluem o aprofundamento de pesquisas científicas e a atualização do Plano Municipal de Mudança do Clima de Santos, outra iniciativa pioneira que está em vigor há oito anos.
De acordo com o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo Mundial de Especialistas em Cultura Oceânica da Unesco, Ronaldo Christofoletti, os planos de adaptação e de resiliência climática nos níveis municipal, estadual e federal são essenciais.
“Santos foi a primeira cidade (do País) a ter um plano municipal sobre mudança climática”, destaca o professor.
O pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP), Ivan Maglio, que participou da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável na criação de outra ação municipal pioneira: o Plano de Ação Climática de Santos (Pacs), também ressaltou a importância da iniciativa.
“É uma referência para as cidades brasileiras. Trata-se de um plano bastante detalhado, com medidas de curto, médio e longo prazo para Santos”.
Lançado em janeiro de 2020, o Pacs prevê a revisão do Plano Diretor e da Lei do Uso e Ocupação do Solo, considerando as questões climáticas. Além disso, outro objetivo é substituir pelo menos 20% da frota do serviço público de transporte de passageiros por veículos não emissores, reduzindo a emissão de poluentes e os ruídos urbanos.
O plano ainda estabeleceu 50 metas a serem alcançadas entre 2025 e 2050, estruturadas em oito áreas principais:
- Planejamento urbano sustentável e meio ambiente;
- Gestão de riscos climáticos e redução de vulnerabilidades;
- Inclusão social e diminuição da vulnerabilidade social;
- Resiliência urbana e soluções baseadas na natureza;
- Resiliência em áreas costeiras, estuários, praias, rios e canais;
- Gestão de infraestrutura, abrangendo recursos hídricos, saneamento, transporte e estrutura portuária;
- Governança e participação na gestão climática;
- Inventário de emissores de gases de efeito estufa (GEE) junto com o plano municipal de mitigação de GEE.
O prefeito Rogério Santos destaca a importância também dos trabalhos atuais.
“Nosso município trabalha com planejamento e em parceria com governos e iniciativa privada em busca de recursos para obras importantes que vêm sendo desenvolvidas por toda a Cidade, com atenção aos morros e à Zona Noroeste. Não existe cidade pronta. Por isso, permanecemos atentos e atuantes em prol de todos os santistas, e especialmente daqueles que mais precisam de atenção”.
Mais ações
Em 2018, a Prefeitura de Santos e a Unicamp iniciaram um projeto-piloto inédito no Brasil voltado para a proteção costeira. Com a finalidade de combater a erosão e recuperar parte da faixa de areia das praias da Aparecida e do Embaré, foi instalada uma barreira submersa em forma de L na Ponta da Praia, composta por 49 geobags.
Os resultados preliminares mostraram um aumento de 8,9 cm na altura da areia nesse trecho de praia e uma redução dos impactos do avanço da maré durante as ressacas, graças à recuperação da areia. Atualmente, o projeto continua com o apoio da Autoridade Portuária de Santos, que pretende expandir a iniciativa.
“O trabalho de Santos envolvendo mudanças climáticas, além de pioneiro, está alicerçado em princípios científicos, tornando a cidade uma referência nacional. Esse planejamento, que teve início há 10 anos, prossegue rumo a um município adaptado e resiliente do ponto de vista das emergências”, destaca o secretário de Meio Ambiente, Proteção e Defesa Animal, Marcio Paulo.
Em 2020, foi inaugurado o Programa Municipal de Educação Ambiental (ProMEA). No ano seguinte, ocorreu a primeira revisão do Plano Municipal de Mudança do Clima de Santos, que incluiu o Índice de Risco Climático e Vulnerabilidade Socioambiental.
Ainda em 2021, Santos se destacou como o primeiro município brasileiro a implementar ações de resiliência climática em áreas de morro, utilizando a metodologia 'Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE)', reconhecido pelo WRI Brasil e pelo Ministério do Meio Ambiente.
Outro avanço significativo do ano foi o lançamento do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), que foi premiado em 2023 pelo Instituto Cidades Sustentáveis como o melhor projeto para cidades médias no Brasil.
Também em 2021, as ações da Prefeitura de Santos em resposta às emergências climáticas receberam reconhecimento internacional. O Governo do Estado de São Paulo apresentou o Plano de Ação Climática de Santos (Pacs) e o 'Programa AbE subiu o Morro' como exemplos de combate às mudanças climáticas durante a Conferência das Nações Unidas em Glasgow, Escócia.
Além disso, Santos se destacou como o único município brasileiro a implementar ações de resiliência climática em áreas de morro com o 'Programa AbE subiu o Morro', utilizando a metodologia 'Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE)'. A iniciativa foi reconhecida pelo WRI Brasil e pelo Ministério do Meio Ambiente.
“As mudanças climáticas são uma realidade em todo o mundo e precisamos estar preparados para elas, pois mais que garantir a qualidade de vida de nossa cidade, nosso trabalho tem como prioridade cuidar de vidas”, finaliza o prefeito Rogério Santos.