Cacá Ottoni conta como fã de Vale Tudo se reconheceu em Marieta: "Me impactou"

Em Vale Tudo, Marieta era secretária de Renato Filipelli (João Vicente de Castro) na Tomorrow Lab, foi trabalhar em São Paulo, voltou para a agência de conteúdo digital no Rio e acabou dispensada quando o publicitário se viu no meio de uma crise.

Interpretada por Cacá Ottoni, a personagem assumiu a vaga deixada por Aldeíde (Karine Teles) na TCA, mas esta não foi a única mudança na sua vida. A mocinha também se aproximou de Poliana (Matheus Nachtergaele), com quem se identificou de cara por ser assexual assim como ela.

Em conversa exclusiva com o NaTelinha, a atriz fala da repercussão da Marieta nas ruas e redes sociais, da expectativa com esse casal e explica como é a relação entre pessoas assexuais.

"Eu conheci uma fã de Vale Tudo que se identifica com a Marieta por achar que também é assexual. Ela namorava há anos, mas se sentia abusada, já que só tinha relação pelo prazer do companheiro."

Cacá Ottoni

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NaTelinha: A Marieta começou na Tomorrow, agora está na TCA. Estava previsto essa mudança no papel ou foi uma novidade para você?

Cacá Ottoni: Novidade absoluta! Eu já sabia que em algum momento eu iria pra São Paulo e que voltava para Tomorrow. A ida pra TCA me pegou de surpresa, mas foi bem interessante pra mim. Essa minha perambulação por tantos núcleos me fez ampliar o número de parcerias maravilhosas que fiz nessa novela. Além disso, a Marieta ganhou uma história dela, o que me deu mais espaço para a construção da personagem. É curioso como tudo o que acontece de ruim para uma personagem, geralmente, é bom pra quem a interpreta. No meu caso essa demissão foi ótima!

NaTelinha: A personagem vem crescendo na novela. O que mais pode se esperar da trama?

Cacá Ottoni: Podemos esperar uma história de parceria bem legal entre ela e Poliana. Além, obviamente, de que em breve a pergunta: “Quem matou Odete Roitman?!” Vai ecoar por todos os cantos… Ainda tô me candidatando ao cargo! Vai que… [risos]

NaTelinha: A Marieta revelou ser assexual, assim como o Poliana? O casal vai se relacionar?

Cacá Ottoni: A Marieta é assexual romântica, tanto que ela diz que já teve relacionamentos anteriores. Uma das questões que mais gera dúvidas é sobre a possibilidade de casais assexuais. E existem muitos! E aí me perguntam: "Mas como faz?" Os casais assexuais vivem uma vida de casal exatamente como estamos acostumados culturalmente a idealizar. Viajam, saem pra jantar, assistem uma série juntos, que alguém sempre estressa porque o parceiro se adianta nos episódios… Tudo igual, apenas sem envolvimento sexual. Como será o acordo entre Poliana e Marieta? Se vão ficar juntos ou não? Isso eu estragaria a surpresa se contasse…

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NaTelinha: Como está sendo a repercussão? As pessoas perguntam sobre o tema? Alguém que também seja assexual já veio falar com você? Qual a importância de se debater esse assunto na novela das nove da Globo?

Cacá Ottoni: Muitas pessoas me procuram, tanto pelas redes, quanto nas ruas. Recentemente, eu conheci uma mulher, fã de Vale Tudo, que se identifica com a Marieta por achar que também é assexual. Ela namorava há anos, mas se sentia abusada, já que só tinha relação pelo prazer do companheiro. É uma situação muito delicada porque havia consentimento explícito, mas ela não conseguia entender porque não gostava de sexo, e nem dividia isso com ninguém. Ela me disse que era como se ela mesma a violentasse por fazer algo que não queria. E foi através da novela que essa mulher descobriu a existência da assexualidade. Esse depoimento me impactou muito. A novela sempre teve um caráter formativo, lembro de aprender sobre muitos temas com novelas. Principalmente, na infância e adolescência. Fui uma criança bem noveleira como a grande maioria da minha geração. E Vale Tudo traz muitas temáticas e reflexões importantes. Além do que é essencial abordar o amor para além das limitações impostas pela heteronormatividade. Ou seja, pela família margarina clássica: mãe cis, pai cis e filhos como o padrão de normalidade, enxergando com estranhamento ou, pior ainda, com preconceito qualquer outra forma de organização familiar.

A heterossexualidade vista como regra é muito prejudicial para a sociedade. Basta ver o número de letras na sigla para entendermos que as maneiras de existir e de se relacionar são múltiplas. E ao invés de celebrarmos essa pluralidade, continuamos a seguir a ideia de que existe apenas um jeito correto de se relacionar. Não faz o menor sentido.

Cacá Ottoni

NaTelinha: Vale Tudo entra em uma nova reviravolta e não dá pra falar da novela sem citar a morte de Odete Roitman. Pra você, quem pode ser o assassino ou assassina? Gostaria que fosse a Marieta?

Cacá Ottoni: Queria que fosse eu? Queria. Mas tenho desconfiado do Freitas [Luis Lobianco] Além de ser um dos meus personagens favoritos, quem acompanha tem percebido que a relação dele com o Marco Aurélio [Alexandre Nero] já ultrapassou o limite há tempos. Aí pensei em um desdobramento, mas não vou nem falar porque tenho medo de estar certa no achismo e minha intuição se transformar no maior spoiler do Brasil. [risos] Mas já pensei em vários candidatos a assassinos de Odete ao longo do percurso.

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NaTelinha: Como surgiu o convite para o remake? Você já havia trabalhado com a Manuela Dias, né?

Cacá Ottoni: Sim! Fiz Amor de Mãe (2019). Sou fã da Manu desde Justiça, acho uma das melhores séries brasileiras de todos os tempos. E fiquei muito feliz quando passei no teste pra fazer a Joana, em Amor de Mãe. Partir de uma boa dramaturgia é largar lá na frente no processo. A novela ainda foi interrompida pela pandemia e, depois, adaptada... Uma loucura! Depois fiz teste pra Justiça 2 e bati na trave. Fiquei arrasada por ser “Justicete real oficial”, mas na sequência me chamaram pra Vale Tudo, esse projeto imenso, cheio de expectativa, que eu estou amando fazer parte.