Diretor de Vale Tudo explica mudanças na novela e escolha por Bella Campos
Paulo Silvestrini ainda falou de Débora Bloch como Odete Roitman e Paolla Oliveira como Heleninha

Publicado em 27/01/2025 às 11:56
Substituto de Mania de Você na Globo, o remake de Vale Tudo desperta a curiosidade do público noveleiro desde meados do ano passado. A escolha de Bella Campos como Maria de Fátima, a troca de Fernanda Torres por Débora Bloch para reviver Odete Roitman e mudanças polêmicas no perfil dos personagens estão dando o que falar.
Diretor da nova versão, Paulo Silvestrini revelou que o DNA da trama Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004) será preservado, agora com Manuela Dias no roteiro, apesar das atualizações necessárias 37 anos depois.
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"Tenho uma lembrança grande dos personagens. A novela faz parte da identidade do brasileiro. Assisti a pouca coisa agora. Ser influenciado pelo original eu considero bom. Dennis Carvalho (que dirigiu em 1988), um dos inventores da teledramaturgia moderna, é meu herói. Mas claro que cada um tem seu repertório, sua visão de mundo e aquilo que deseja comunicar", afirmou Paulo em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo.
"Minha ideia é fazer para todo mundo, para quem viu ou não. Entendo que querem assistir a Vale Tudo, e a essência dela vai estar ali. A gente teve que acomodar as transformações, incluindo as tecnológicas. E a discussão de questões que a novela propunha evoluiu. Hoje ressignificamos e aprendemos muita coisa. Acatamos as mudanças desejosos de ter uma obra contemporânea, mas a história estará na íntegra", garantiu.
Silvestrini explicou a escolha de Paolla Oliveira para viver Heleninha Roitman. "O entendimento mudou. A gente não usa mais a palavra alcoólatra, hoje é alcoolista. A pessoa é vítima de uma condição impeditiva de lidar com a vida de forma saudável. É no lidar com essa condição que acomodaremos Heleninha. As cenas estarão lá, mas a forma como reagimos a elas é diferente. Em hipótese alguma é tratado como engraçado", comentou.
"A Paolla fez uma leitura de Heleninha arrebatadora, que me emocionou. Foi uma decisão unânime. A Heleninha que ela construiu é de uma dimensão infinita, com profundas camadas de humanidade e sensibilidade. Tem mistério e sentimentos muito delicados e ao mesmo tempo tão potentes quanto a a personagem é capaz de oferecer", adiantou.
O profissional também falou das opções por Fernanda Torres e Debora Bloch como Odete. "Sempre foi uma delas. Houve uma oportunidade para a Fernanda. Estamos orgulhosos. A Débora foi acolhida desde o primeiro minuto. Estamos absolutamente confiantes no trabalho que fará. Penso em escalação como um mosaico. Cada peça tem sua forma e determina como o todo vai se dar. Sobre todos os personagens houve um esforço de acomodação das nossas expectativas e das que a gente entende que são do público. Eu e Manu (Manuela Dias, autora) discutimos tudo exaustivamente. Todos são importantes e marcantes. Não dá para errar. O difícil era escalar a novela, e não alguém em particular", avaliou o diretor de Vale Tudo.
Diretor de Vale Tudo fala sobre escolha de Bella Campos
Paulo Silvestrini explicou a opção por Bella Campos para interpretar a personagem imortalizada por Glória Pires em Vale Tudo. "Quem escalou a Bella Campos foi a Maria de Fátima. O encontro das duas foi definitivo. Nos sentimos diante da personagem. O fato de já ter trabalhado com ela permitiu uma aproximação grande. Temos cumplicidade e confiança. Isso talvez torne o resultado mais assertivo", garantiu.
"Neste ofício (de escalar um ator), tenho 200 milhões de colegas. Brasileiro é especialista em novela. Contamos com a contribuição deles. Cada um tem seu entendimento. Claro que provocaria reações aqui e ali divergentes. Sinto mais torcida que pressão. Vejo um desejo de todo mundo de que a produção seja bem-sucedida. Grandes histórias merecem ser recontadas. Falar bem ou falar mal é uma maneira de se relacionar com a obra. Importante é que o público torça junto, concorde, discorde. Não vejo como pressão, mas como participação", disse.
O diretor ainda falou como recontar uma novela política em um momento de pura divisão. "A intenção não é fazer política, e sim novela. O desejo é que a sociedade discuta questões caras a ela com o maior repertório possível. A trama repercute pontos que estão na pauta. Este é o barato de fazer dramaturgia no Brasil: quando assistimos a uma obra, temos a sensação de pertencimento. O brasileiro vai enxergar o país e vai se ver ali. É nossa maior pretensão em termos de mensagem", declarou.
"Hoje a gente tem muito acesso aos ricos. Eles estão nas redes sociais, divulgando seu modo de existência. Eu queria falar dos ricos que não desejam ser vistos. Então, a gente ancorou a visualidade dos personagens no conceito de quiet luxury, da roupa que não exibe a etiqueta. Criamos na cenografia e nas locações desse grupo uma distância em relação ao resto da cidade, com ambientes exclusivos. A mansão da Celina (Malu Galli) é no alto, assim como o prédio da TCA, que, não por acaso, é uma empresa de aviação. Essas pessoas estão sempre no ar, nunca com o pé muito no chão", comentou Silvestrini.