Aos 83 anos, Sérgio Chapelin descarta volta à TV e explica novo visual: "Disfarce"
Nome marcante do jornalismo da Globo, apresentador revelou o que tem feito da vida

Publicado em 25/01/2025 às 16:50
Fora da televisão desde 2019, quando resolveu se aposentar, Sérgio Chapelin viralizou nas redes sociais recentemente ao surgir barbudo e de cabelos longos em um depoimento sobre Léo Batista, que morreu no último domingo (19). Apesar do afastamento, o jornalista segue contratado da Globo.
No entanto, não existe a menor possibilidade do ex-apresentador do Globo Repórter voltar ao vídeo. "A minha vida mudou muito em pouco tempo. Desde 1974, eu tinha propriedade no Sul de Minas. E eu estava morando no interior desde 2019, mas, de repente, me desfiz de tudo. Vendi o sítio em Itanhandu, e hoje vivo em Copacabana, o paraíso dos velhinhos. Sou um velhinho que caminha no calçadão e que ninguém dá bola. É uma maravilha", brincou o global em entrevista à revista Veja.
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Sérgio Chapelin explicou se o novo visual é um disfarce para não ser reconhecido. "Minha barba branca e meu bonezinho são hoje o meu disfarce. Quero entrar no mercado, padaria, caminhar tranquilamente. Copacabana é uma confusão. E quero ser mais um na multidão. É tão bom você ter sua privacidade. Antigamente, as pessoas me paravam pedindo para tirar foto. E, agora, imagina com todo mundo tendo celular. Então, é uma loucura", afirmou.
"Graças a Deus, as manifestações sempre foram de carinho. Com essa polarização, fico pensando como meus companheiros estão se virando. É por isso que minha mulher fala: não abre a boca! Realmente, quando eu falo, as pessoas olham e dizem: ah, você é aquele repórter?", contou.
Sérgio Chapelin revelou como é sua rotina. "Todo dia caminho na praia enquanto minha mulher rema de canoa havaiana no Posto 6. Escolhemos morar em Copacabana porque a Regina diz que é a praia mais linda que existe. Depois de caminhar, fico pesquisando no IPad. Após o jantar, vejo um filmezinho ou uma série. Agora estou assistindo à série policial sueca A Grande Descoberta. E ponto. Estou feliz da vida. Já ralei bastante", refletiu.
Sérgio confidenciou que foi ver Ainda Estou Aqui, indicado a Melhor Filme no Oscar 2025. "Claro, um filme necessário e que não é panfletário. Falo com os meus netos que a ditadura não era brincadeirinha, não. Eu trabalhei na Rádio JB com censor do meu lado no estúdio. Dava o texto para ele, e depois dele aprovar eu podia ler o noticiário. Não podia dormir no ponto, porque Durango Kid pegava", disse, confirmando que sempre foi de esquerda.
"Minha situação me obrigou a estar do lado da classe trabalhadora. Sou um cara de origem humilde, meus pais nunca tiveram casa própria, não recebi herança. Nunca fui militante, mas sempre fui uma pessoa de esquerda. Votei a primeira e a segunda vez no Lula, depois não votei em ninguém de um lado ou de outro. Estou esperando um candidato", declarou.
Sérgio Chapelin fala sobre profissão e aposentadoria
Dono de uma voz constantemente imitável, Sérgio Chapelin revelou que não tem qualquer cuidado especial para manter a saúde das cordas vocais. "Cuido nada! Agora tomo uns vinhos e uns uísques de vez em quando. Mas a preocupação era grande. Se pegava uma gripezinha era um drama colossal, porque tinha que preservar a marca, que era o apresentador, a voz. Hoje não é mais assim", disparou.
Ele também falou da profissão que escolheu pra vida. "Hoje eu seria reprovado. As pessoas improvisam muito, têm muita liberdade e têm que ter informação e formação muito grande. Passei a minha vida lendo textos. Hoje o jornalista de televisão tem que ser mais versátil. E isso é uma coisa que eu admirava no Léo Batista", analisou.
"Eu não tinha aquela voz natural de locutor do Cid Moreira, o melhor com quem trabalhei. Ele era um talento raro. Já eu fui um dos primeiros jovens cabeludos da TV, com uma voz bem definida e segura de anos de rádio. Isso conquistou muita gente. E eu também sempre me vangloriei por respeitar muito o texto. A ponto de receber elogio do Eduardo Coutinho (cineasta de Cabra Marcado Para Morrer). Gravei muito texto do Coutinho no Globo Repórter, e uma vez numa pizzaria ele me disse: 'Você lia no ar, eu ouvia, e eu achava que não tinha escrito aquele texto'. Nunca me aventurei a pegar um texto e não passar duas, três vezes ou mais até absorvê-lo para dizê-lo com competência de modo que as pessoas entendessem a informação com qualidade", lembrou Sérgio Chapelin.
"Procuro privilegiar isso. Tenho uma mulher maravilhosa que me ajuda e me apoia em tudo. São mais de 50 anos de relacionamento. Outro dia, fomos fotografados de mãos dadas no Shopping da Gávea, onde vimos o último filme do Almodóvar. Tenho 3 filhos e um de afeto, que é o meu enteado, e mais seis netos. E eu e Regina mantemos uma relação muito boa. Isso aumenta nossa capacidade de enfrentar os problemas", elogiou.
Sobre se tem saudades de voltar ao vídeo, o veterano deixou claro que esse ciclo foi definitivamente encerrado. "Não, isso me surpreende. Mas vai que resolvem me chamar para voltar a trabalhar? Não quero, não, obrigado!", brincou.