Entrevista exclusiva

Letícia Colin opina sobre futuro das novelas e comenta debandada de atores da TV

“O Brasil ainda é um país televisivo, apesar de termos dado saltos importantes no streaming”, diz atriz


Letícia Colin como Vanessa em Todas as Flores
Letícia Colin está no ar na Globo como a vilã Vanessa de Todas as Flores; novela foi produzida inicialmente para o streaming - Foto: Divulgação/Globoplay
Por Walter Felix

Publicado em 07/09/2023 às 04:44,
atualizado em 07/09/2023 às 11:00

Mais curta e produzida exclusivamente para o streaming, Todas as Flores pode apontar um novo rumo para a teledramaturgia. O mercado de novelas passa por transformações, como percebe Letícia Colin, a Vanessa da trama que chegou nesta semana à TV aberta. Na segunda parte da entrevista exclusiva ao NaTelinhaa primeira foi publicada na segunda-feira (3) –, a atriz de 33 anos reflete sobre os rumos do formato e comenta a debandada de atores da televisão.

“O Brasil ainda é um país muito televisivo. Apesar de termos dado saltos importantes no streaming – inclusive com a nossa novela, o número de assinaturas foi recorde –, muita gente ainda acompanha entretenimento, informação, obras de arte, tudo isso pela democracia da televisão aberta”, comenta Letícia Colin.

+ Vilão? Daniel Rangel faz mistério sobre final de Júlio em Amor Perfeito

+ Taumaturgo Ferreira explica visual e diz se toparia "nova chance" em Renascer

Recentemente, vários atores foram categóricos ao afirmar que, por ora, não têm interesse em fazer novelas – Bianca Bin, Bruno Gagliasso, Isis Valverde, Reynaldo Gianecchini são alguns exemplos. A rotina exaustiva e a perda de contratos fixos com a Globo, que agora contrata a maioria por obra certa, seriam alguns dos motivos.

Colin, que fez sua estreia em Malhação (2002) ainda menina, aos 12 anos, opina: “O que é bom, o que interessa, é a dramaturgia da história que está sendo contada. É o conflito, é o tema, é a personagem que estão te convidando para fazer”.

“O formato traz sempre desafios de linguagem. Em um filme, é como condensar e contar aquela história em menos tempo. No teatro, é como repetir aquela história. Em uma novela, é como sustentar aquela história por mais tempo. Então, o que me interessa é o personagem e a história. O formato é secundário.”

Letícia Colin

Ela celebra a chegada de Todas as Flores ao grande público. “Fico feliz que vamos levar uma obra de alto nível para todo mundo, apesar de ser um pouquinho tarde. Eu, por exemplo, gosto de dormir mais cedo (risos)”, conta a atriz, que é casada com o também ator Michel Melamed, com quem tem um filho, Uri, de 3 anos.

“Que nunca deixemos de nos encantar com o humano”, diz Letícia Colin

Letícia Colin
Letícia Colin foi indicada ao Emmy Internacional pela série Onde Está Meu Coração - Foto: Divulgação/Globoplay

Com o sucesso no streaming, Todas as Flores foi apontada por muitos como um modelo para o futuro das novelas – mais curtas e menos vinculadas à programação da TV. Sobre o destino do formato, Letícia Colin afirma: “Não sei o que vai acontecer. Gostamos muito da estrutura do melodrama, mas aprendemos a gostar muito dessa versão compacta, sintética que as sérias trazem para as tramas”.

+ Ex-ator mirim expõe dinheiro que recebe da Globo por reprises de novela

Globo exibe, com cortes, violência contra mulheres em reprises à tarde

“O mais importante de tudo é que se mantenha o encantamento e que a gente consiga valorizar o trabalho humano. Claro que uma máquina pode replicar emoções, e ainda vamos discutir isso muito mais a fundo, mas que nunca deixemos de nos encantar com o humano, com aquilo que não não se controla, que é vivo, delicado, contraditório e pulsante.”

Letícia Colin

Além do destaque como a vilã Vanessa em Todas as Flores, a artista foi bastante elogiada por outro trabalho recente. Na série Onde Está Meu Coração, interpretou Amanda, uma jovem médica viciada em crack, que lhe rendeu uma indicação ao Emmy Internacional como melhor atriz. Depois de dois papéis tão potentes, que tipo de personagem ela gostaria de encarar?

Colin responde: “São muitos sonhos. Já tinha vontade de montar um Dostoiévski, fazer uma adaptação, porque é um autor que me fascina desde a adolescência, e a cada vez que eu releio, ele ganha mais profundidade. É um cânone da literatura mundial, que chegou a um lugar de uma dissecação da complexidade humana ímpar. Criou personagens inesquecíveis, e eu gostaria muito de fazer um deles”.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado