Raul Cortez roubou a cena em O Rei do Gado e tirou prêmios de Antonio Fagundes
Geremias Berdinazzi, personagem do falecido ator, desbancou o verdadeiro protagonista da novela, em reprise no Vale a Pena Ver de Novo
Publicado em 21/11/2022 às 06:30
Quando O Rei do Gado foi ao ar pela primeira vez na Globo, entre 1996 e 1997, Raul Cortez (1932-2006) roubou a cena e fez a limpa nas premiações de TV. Desbancou até mesmo Antonio Fagundes, que viveu o protagonista da novela, Bruno Mezenga. O falecido ator chegou à novela como Geremias Berdinazzi, personagem que caiu nas graças do público, em capítulos que foram ao ar na última semana na reprise do Vale a Pena Ver de Novo.
Pelo desempenho como Geremias Berdinazzi, Raul Cortez levou três troféus de melhor ator da TV brasileira referentes ao ano de 1996. Perdeu para Antonio Fagundes, seu rival na novela, apenas nos Melhores do Ano do extinto Domingão do Faustão – hoje intitulado Troféu Domingão. Por outro lado, levou os prêmios da APCA (Associação Paulista de Críticas de Arte) e da revista Contigo.
Na edição de 1997 do Troféu Imprensa, a mais antiga premiação de TV no Brasil, Cortez ganhou de Fagundes por dez votos a um. Os dois disputavam a preferência dos jornalistas com Fábio Assunção, também pelo desempenho em O Rei do Gado, na pele do rebelde Marcos Mezenga. Então em início de carreira, o ator de 25 anos não recebeu nenhum voto.
Veja alguns comentários de jornalistas durante a votação de melhor ator no Troféu Imprensa em 1997:
“O Raul Cortez não era o protagonista e, ao longo da trama, de capítulo em capítulo, compôs e segurou o personagem de forma magistral. Meu voto é dele, embora o Antonio Fagundes tenha sido o protagonista da novela e mereça o meu respeito.”
Airton Almeida
“Com todo o respeito que o Antonio Fagundes merece, ‘O Rei do Gado’ era ele, mas esse título terminou sendo do Raul Cortez como Geremias Berdinazzi. Há muito tempo eu não via em novela um ator se dedicar tanto a um papel, trabalhar e mergulhar na alma de um personagem.”
Sonia Abrão
“Talvez tenha sido o melhor desempenho do Raul Cortez em uma novela. Com certeza, ele roubou a cena.”
Paulo Ricardo
“Foi uma surpresa o Raul Cortez ter conseguido dominar a trama o tempo todo. Ele foi generoso com o personagem, mergulhou fundo e emocionou todo mundo.”
Rose Esquenazi
“O Raul Cortez é um desses monumentos [da TV] e conseguiu transformar um coadjuvante no papel principal dessa novela.”
Luiz Augusto Michelazzo
Com O Rei do Gado, Raul Cortez fez trilogia de italianos na TV
Em O Rei do Gado, Geremias Berdinazzi – vivido por Caco Ciocler nos primeiros capítulos – chega à segunda fase da história atormentado pela culpa. Ele deseja encontrar a sobrinha, filha de seu irmão a quem ele deu um golpe no passado. A farsante Rafaela (Gloria Pires) chega à sua casa reivindicando tal identidade, mas sua verdadeira herdeira é Luana (Patricia Pillar), uma bóia-fria desmemoriada.
O personagem fez tanto sucesso que garantiu a Raul Cortez uma trilogia de italianos em novelas. Ele repetiu a dobradinha com Benedito Ruy Barbosa nas duas tramas seguintes do autor às 21h: Terra Nostra (1999), em que viveu Francesco, e Esperança (2002), em que deu vida a Genaro.
Os papéis marcaram a carreira do ator, consagrado também no teatro e no cinema. Seu último trabalho em novelas foi como o Barão de Bonsucesso, outro tipo marcante, em Senhora do Destino (2004). Ele ainda daria vida ao político Antônio Carlos Ribeiro de Andrade na minissérie JK (2006).
Raul Cortez morreu em 18 de julho de 2006, aos 73 anos. Em 2004, havia retirado um tumor na região do pâncreas e do intestino delgado, seguindo ainda com um tratamento com quimioterapia. Deixou duas filhas, incluindo a também atriz Lígia Cortez. Se estivesse vivo, teria completado 90 anos no último 28 de agosto.
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