"A Dona do Pedaço" mistura ingredientes para recuperar faixa das 21h
Novela escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Amora Mautner
Publicado em 19/05/2019 às 08:45
“Assim como rei morto, rei posto, novela acaba, começa outra novela”. Assim escreveu Aguinaldo Silva ao falar do fim da sua trama, "O Sétimo Guardião", e a estreia de “A Dona do Pedaço”, na próxima segunda-feira (20). As atenções se voltam ao novo enredo escrito por Walcyr Carrasco, com direção artística de Amora Mautner. O projeto promete exaltar o empoderamento feminino através da protagonista Maria da Paz (Juliana Paes).
A mocinha é uma jovem humilde, da cidade fictícia de Rio Vermelho, localizada no Espírito Santo. Os Ramirez, família de Maria da Paz, são justiceiros profissionais e principais rivais dos Matheus. O conflito se inicia quando Amadeu (Marcos Palmeira) se apaixona pela protagonista e a pede para casar.
A primeira fase traz uma linda história de amor entre os dois principais personagens, tendo com referência “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, um dos maiores clássicos da literatura. O folhetim apresenta Maria apaixonada por cozinhar ao lado da avó, Dulce (Fernanda Montenegro), que a ensina a preparar bolos. A jovem prefere ficar na cozinha a ser treinada para se tornar uma justiceira, conforme deseja seu pai, Ademir (Genézio de Barros).
Década de 1990. Amadeu e Maria se conhecem num passeio a cavalo e descobrem que vêm de famílias rivais. Apaixonados, conseguem propor um pacto de paz entre todos os envolvidos naquela guerra e marcam o casamento. Contudo, no altar, o mocinho é baleado e os Ramirez são jurados de morte pelos Matheus.
Fabiana (Maria Clara Baldon/Nathalia Dill) e Vírgina (Duda Batista/Paolla Oliveira), sobrinhas de Paz e filhas de Zenaide (Maeve Jinkings) correm perigo e precisam fugir. Contudo, Vicente (Álamo Facó) fica com a missão de matá-las e captura Fabiana. Porém, com medo, deixa-a num convento.
Em Vitória, Zenaide perde a filha Virgínia de vista e a menina fica perdida nas ruas da capital do Espírito Santo. Maria da Paz, pivô de toda confusão, é jurada de morte e foge para São Paulo, mais precisamente no bairro do Bixiga. Ela consegue abrigo na casa de Marlene (Suely Franco) e começa um novo caminho na vida, já que sofre ao saber da morte de Amadeu, sem saber que a mentira é um acordo entre as mães, Nilda (Jussara Freire) e Evelina (Nívea Maria).
Grávida e sem emprego, a pobre moça é incentivada por Eusébio (Marco Nanini), seu vizinho, a vender bolos nas ruas da capital paulista. O negócio dá tão certo que, duas décadas depois, Maria é dona de uma cadeia de confeitarias. É a partir daqui que a história ganha um novo rumo.
O ano é 2019
Maria da Paz criou a filha Josiane (Agatha Moreira), a vilã da trama. Ela despreza a mãe, critica seu jeito e comportamento e detesta o próprio nome. Entretanto, não perde a oportunidade de gastar o dinheiro da mãe, pois sonha em se tornar uma digital influencer. É com esse desejo que conhece Régis (Reynaldo Giannecchini) e planeja um plano.
Régis é um playboy de uma família tradicional. A menina má o apresenta para a mãe e arma o casamento entre eles para tomar o dinheiro dele. Maria nem imagina que a união pode desmoronar todo seu império por culpa da ganância da sua filha.
Virgínia foi encontrada e adotada por Otávio (José de Abreu) e Beatriz (Natália do Vale) e se tornou uma das influencers digitais mais famosas do Brasil. Josiane faz de tudo para se aproximar da prima desaparecida sem saber o grau de parentesco. Já Fabiana descobre o paradeiro da irmã e decide encontrá-la. O problema que seus sentimentos não são dos melhores, pois arma um plano para recuperar a vida que não conseguiu ter, pois nutre inveja de Virgínia.
No Espírito Santo, Amadeu se recuperou e, crente que Maria da Paz morreu, muda-se para São Paulo casado com Gilda (Heloísa Jorge) para trabalhar como advogado. É neste ponto que o casal protagonista se reencontra e finalmente decidem viver o amor que foi interrompido no passado.
Bom humor
Walcyr promete uma história cercada de viradas, como é pedido num folhetim. Porém, diferente de “O Outro Lado do Paraíso”, o humor estará presente desde o início da trama. Se na última produção das nove do autor, a vingança foi o fio condutor, desta vez a obra enviará uma mensagem positiva.
“A Dona do Pedaço’ é uma novela que fala de coragem e esperança. Acredito que as pessoas podem subir na vida utilizando aquilo que já sabem, um dom, e a vontade de lutar e trabalhar. A novela fala da certeza de que todos podem encontrar seu lugar no mundo”, explicou o autor.
Maria da Paz na visão do criador
“Maria da Paz é a mulher que tem garra, fibra, começa a vender pedaços de bolo na rua e constrói uma fábrica e uma rede de confeitarias. Também é frágil afetivamente e apaixonada. A trajetória dela reflete a vida de muitas mulheres brasileiras. Eu quero fazer uma novela com uma mensagem positiva que faça bem ao público, que seja um momento positivo no dia dele e que dê forças para a batalha diária”, analisa Carrasco.
A estética da novela na visão de Amora Mautner
“Fomos para uma estética mais pop no sentido de ter brilho, cor e alegria. A forma que vem, desde a fotografia, paleta de cores até as texturas, a volumetria, eu comecei a pensar a partir do tom e da dramaturgia que tem ali. Como a história é de esperança, felicidade, otimismo, luta – principalmente no início por causa da história das duas famílias rivais –, traduzimos isso em imagem com uma estética mais épica, realista em alguns momentos. É uma novela realista, cotidiana, mas tem um tom épico, que está na natureza dos personagens. A Maria da Paz (Juliana Paes), quando sai do interior e vai para São Paulo, tem uma trajetória de uma grande heroína. Isso já é em si algo épico”, detalha a diretora.
O retorno de Walcyr Carrasco
Cerca de um ano depois, o autor volta ao horário mais nobre da Globo. Após o sucesso de “O Outro Lado do Paraíso” (2017), tendo a terceira melhor média geral da década na faixa com 38 pontos, ficando atrás apenas de “Avenida Brasil” (2012) e “Fina Estampa” (2011), que fecharam com 39, Carrasco tem a missão de recuperar a audiência perdida por “O Sétimo Guardião” – trama cravou 29 pontos.
É o período mais curto de um autor afastado do horário desde 2001, quando Aguinaldo Silva terminou “Suave Veneno” em 1999 e, após a Globo exibir “Terra Nostra” (1999) e “Laços de Família” (2000), o veterano roteirista voltou com “Porto dos Milagres”.
Walcyr Carrasco conhece o caminho do sucesso e “A Dona do Pedaço” tem todos os elementos para conquistar o público. Para saber se os ingredientes deste bolo será saboroso, só acompanhando a trama que começa na próxima segunda, logo após o “Jornal Nacional”.