No último dia de “O Sétimo Guardião”, Silvio Cerceau desabafa: “Não fui hipócrita ou puxa-saco”
Escritor protagonizou a maior polêmica da novela
Publicado em 17/05/2019 às 05:01
“O Sétimo Guardião”, que chega ao fim nesta sexta-feira (17) na Globo, teve Marina Ruy Barbosa e Bruno Gagliasso nos papeis principais, mas fora das câmeras, pode-se dizer que o protagonista foi o escritor Silvio Cerceau, que trava na Justiça uma disputa pelos direitos autorais da sinopse e o primeiro capítulo da novela com Aguinaldo Silva.
"Se estar dentro da situação o tempo todo é ser protagonista... O fato é que dificilmente se fala em 'O Sétimo Guardião' sem me citar. Eu sou o único que em nenhum momento fui hipócrita ou puxa-saco", desabafa Cerceau, em conversa exclusiva com o NaTelinha.
Em outro trecho, completa: "Se a Globo se manifestou no processo informando o juiz que seríamos creditados durante toda a exibição, isso foi graças a minha luta e coragem. Todos foram beneficiados com meu ato, mas somente eu apanhei e apanhei sozinho, com todos assistindo e alguns atirando pedras".
Pela primeira vez, o roteirista conta que toda a confusão que se envolveu nos últimos três anos, acabou abalando seu emocional e atingindo sua saúde. Ele revela que sofre de psoríase, uma doença genética de pele, não contagiosa, que está relacionada ao sistema imunológico.
"Através de um longo tratamento conseguimos, eu e os médicos, no decorrer de anos controlar esse agravo, porém diante do cenário dos últimos três anos, me vi tomado sem perceber por um grande abalo emocional, fazendo todo êxito do tratamento vir por terra. O jeito foi aderir a um tratamento quimioterápico para controlar a doença", explica.
Ao ser questionado sobre os desfechos dos últimos capítulos de “O Sétimo Guardião”, Silvio Cerceau não poupa críticas: "Há certas incoerências, personagens perdidos, tramas mal construídas, mas espero que isso tudo seja sanado no último capítulo, afinal o autor mor escreveu-o sozinho, isso nos deixa a esperança que haverá um desfecho marcante e memorável".
Mesmo com o fim da história dos guardiães da fonte milagrosa, a polêmica envolvendo os direitos autorais da trama está longe de acabar. Além de aguardar a decisão na Justiça brasileira ela pode ganhar capítulos internacionais.
Nos próximos dias, Cerceau pretende notificar a Globo por não creditar os nomes dos alunos pela colaboração da sinopse durante a exibição de "O Sétimo Guardião" em Portugal. Por lá, a história do gato León estreou em abril.
"Lá fora as novelas não tem vinheta de encerramento, só é exibido a marca da Globo com a emissora parceira. Então, a Rede tem que creditar meu nome na abertura e essa será minha nova reivindicação".
Confira a entrevista na íntegra:
Como está seu processo sobre direitos autorais da sinopse e o primeiro capítulo de “O Sétimo Guardião”?
Silvio Cerceau - O processo segue o curso lento da Justiça brasileira. Não há muita novidade e todas as questões serão discutidas via petições pelos advogados. Ressalto que como muitos pensam que minha atitude era por causa de dinheiro, mas não, era primeiramente uma questão moral, um sonho que se realizava de ter uma obra na qual participei produzida, foram anos em busca de uma oportunidade e quando esse ideal se realizou o vi arrancado de mim bruscamente. É triste se sentir enganado. Eu queria somente o reconhecimento de algo fiz. E nada mais justo do que além do reconhecimento moral também o patrimonial, afinal todo roteirista vive do seu trabalho e ideias valem ouro.
A novela está sendo exibida em Portugal. Seu nome está sendo creditado?
Silvio Cerceau - Meu advogado já fez a checagem e não estou sendo creditado, portanto vamos notificar extra judicialmente a Rede Globo nos próximos dias. Toda exibição da novela seja em qualquer país ou modalidade tem que ter o crédito. Lá fora as novelas não tem vinheta de encerramento, só é exibido a marca da Globo com a emissora parceira. Então Rede tem que creditar meu nome na abertura e essa será minha nova reivindicação.
O que achou sobre os desfechos dos personagens na novela?
Silvio Cerceau - Até o momento normal dentro da estratégia que o autor dos capítulos resolveu contar a história. Há certas incoerências, personagens perdidos, tramas mal construídas, mas espero que isso tudo seja sanado no último capítulo, afinal o autor mor escreveu-o sozinho, isso nos deixa a esperança que haverá um desfecho marcante e memorável.
Você está passando por problemas de saúde?
Silvio Cerceau - Sim. Eu tenho psoríase, uma doença genética que ataca a pele. Esse patologia se agrava por estresse e por abalo emocional. Através de um longo tratamento conseguimos, eu e os médicos, no decorrer de anos, controlar esse agravo. Porém, diante do cenário dos últimos três anos, me vi tomado, sem perceber, por um grande abalo emocional, fazendo todo êxito do tratamento vir por terra. O jeito foi aderir a um tratamento quimioterápico para controlar a doença.
Quimioterápico?
Silvio Cerceau - O tratamento é feito com aplicação de uma injeção quimioterápica, semanalmente e nessa primeira fase são nove sessões.
Você se considera o protagonista de toda a confusão que envolveu “O Sétimo Guardião”?
Silvio Cerceau - Se estar dentro da situação o tempo todo é ser protagonista... O fato é que dificilmente se fala em “O Sétimo Guardião” sem me citar. Eu sou o único que em nenhum momento fui hipócrita ou puxa saco. Eu tinha um carinho imensurável pelo autor mor, jamais pensei que iria viver com ele uma experiência tão triste e desgastante para ambos.
Logo no começo quando fiquei na dúvida se essa situação estava certa, eu tentei dialogar com ele, não houve resposta, fui ignorado, fui atacado, fui taxado como oportunista, fui bloqueado de todas as formas numa tentativa de ser calado. As pessoas se incomodam muito com a verdade, a verdade dói, mas a mentira mata e não perdura.
Os roteiristas envolvidos, alguns por medo de represálias e de terem as portas profissionais fechadas, preferiram durante mais de ano ficarem calados ou contra mim, como se eu fosse o pior vilão do mundo, outros por hipocrisia e puxa-saquismo. Mesmo com dúvidas e insatisfeitos fingiam pra Aguinaldo que estava tudo bem, mas estavam com medo e falsidade. Eu tenho áudios e conversas de alguns revoltados, tristes e destruídos com essa situação.
Tem também falas que abominam a atitude do Aguinaldo Silva, entretanto nenhum teve coragem de vir a público e dizer a verdade, falar por trás é muito fácil... Alguns que trocam mensagens de amizade com Aguinaldo nas redes sociais, acabam com ele na surdina.
Se a Globo se manifestou no processo informando o juiz que seriamos creditados durante toda a exibição, isso foi graças a minha luta e coragem. Todos foram beneficiados com meu ato, mas somente eu apanhei e apanhei sozinho, com todos assistindo e alguns atirando pedras.
Eu sou sim o protagonista. O primeiro que mesmo sendo a parte mais fraca não teve medo de lutar pelo direito com uma pessoa dito poderosa e de certa forma com a maior emissora do país. Sou protagonista sim ao denunciar algo que já aconteceu muitas vezes e enterrou muitos sonhos e carreiras.
Em sua última entrevista, você disse que tinha perdoado Aguinaldo Silva por todo imbróglio. Não é estranho você dizer isso e processar o autor?
Silvio Cerceau - Perdoei ele como ser humano, o perdão alivia, mas essa atitude nada tem com o processo. Na situação ocorrida, como não fomos capazes de dialogar e chegar a um denominador comum, a justiça foi a melhor opção. Assim, através das provas apresentadas teremos uma sentença inquestionável... Ou seja, não restará sensação de dúvida. Quem perder não ficará com o sentimento de que foi injustiçado.
Um detalhe importante: eu tentei dialogar, ele que abriu primeiro, inesperadamente, um processo contra mim, onde constam inverdades. O jeito foi me defender e processa-lo também. Se ele tivesse tido a atenção e o respeito de pelo menos ter marcado uma conversa informal, certamente não existiriam processos e toda essa confusão não teria acontecido.
Qual o futuro de Silvio Cerceau após “O Sétimo Guardião”?
Silvio Cerceau - O futuro é promissor, como romancista lançarei esse ano dois romances “Doce Castigo” e “A Juíza”. Já trabalhando no primeiro bloco de capítulos da novela “Escolhi Você” e trabalho na sinopse de uma série. Por enquanto é só isso.