Há 25 anos, SBT adiou estreia de "Éramos Seis" em função da morte de Ayrton Senna
Trágico acidente do piloto parou o Brasil e fez até emissora mudar aguardada estreia
Publicado em 01/05/2019 às 08:13
Há exatos 25 anos, o Brasil parava com a morte do ídolo Ayrton Senna, num trágico acidente no Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1. No dia seguinte, ou seja, 02 de maio de 1994, o SBT tinha programada a estreia da novela "Éramos Seis", que ganhava um remake 16 anos depois de sua última adaptação na TV Tupi. Mas a tragédia mudou os planos da emissora.
A própria protagonista, Irene Ravache, disse em chamada da época que não teria como estrear a trama em meio a um momento tão triste vivido pelos brasileiros com a morte do piloto. Assim, "Éramos Seis" foi adiada em uma semana e começou somente em 09 de maio.
Para recriar um tempo que São Paulo tinha apenas 580 mil habitantes, os estúdios do SBT tiveram que ser reformados a um custo de US$ 850 mil. O custo total da produção foi estimado em quase US$ 6 milhões.
A novela conta a saga de uma família típica paulistana de classe média em quatro períodos: 1920, 1931, 1935 e 1942.
Para Rubens Ewald Filho, que adaptou o romance com Silvio de Abreu, uma novela como "Éramos Seis" era uma maneira de fugir do monopólio da Globo.
Esta foi a quarta vez que a trama foi apresentada na TV. A primeira versão foi produzida em 1958, na Record, ao vivo, a segunda em 1967 na TV Tupi, bem como a de 1977.
Numa entrevista ao Jornal do Brasil no final de 1993, Silvio de Abreu, contratado da Globo, deu sua versão dos fatos. O dono do SBT comprou os direitos do livro. "Fui praticamente obrigado a fazer negociação. Eles acertaram tudo com a editora do livro, depois o Ewald, e em seguida me procuraram. Mas tudo bem. Entreguei os capítulos e não participo de mais nada", relatou Abreu.
Preocupação iminente
A última novela que o SBT havia produzido, "Brasileiros e Brasileiros", não agradara à crítica, tampouco o público. Chegou a dar menos de 3 pontos no Ibope com um elenco estelar, mas que não caiu no gosto popular.
"Éramos Seis", para Rubens Ewald e Silvio Santos, era um tiro certo. Sem margem para erro.
A emissora aproveitou o investimento maciço na trama para fazer um anúncio de sua novela mataria a saudade de quem gostava de ver um bom folhetim na Globo.
O resultado foi além do esperado. No início, o SBT exibiu a trama em dois horários: 19h45 e 21h45, e deixaria no ar somente onde a novela fosse melhor.
A estratégia fez com que a audiência fosse boa nas duas faixas e "Éramos Seis" elevou o Ibope do SBT, fazendo a emissora atingir até 20 pontos de média, no capítulo do dia 20 de setembro de 1994.
Uma das novelas que são campeãs de pedidos para reprise no SBT, no entanto, teve reapresentação somente uma vez, de janeiro a maio de 2001.
Como a compra dos direitos do texto de Silvio e Rubens foram adquiridos pela Globo, agora é que o SBT não poderá reapresentar o folhetim, que é tido por muitos, como o melhor da história da dramaturgia do canal.
A nova versão de "Éramos Seis" estreia em outubro na Globo, na faixa das 18h.