Míriam Leitão relata ataques de representantes do PT durante voo; partido culpa Globo
Em nota, PT lamenta fato, mas dispara contra a Rede Globo
Publicado em 13/06/2017 às 17:17
Em texto publicado na sua coluna do jornal O Globo nesta terça-feira (13), a jornalista e comentarista de economia Míriam Leitão contou ter sido agredida verbalmente e quase fisicamente por representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) antes, durante e depois de um voo de Brasília para o Rio de Janeiro no dia 3 de junho.
"Foram duas horas de gritos, xingamentos, palavras de ordem contra mim e contra a TV Globo", escreveu ela, que entre vários adjetivos, foi chamada de "terrorista", lembrando da época em que foi presa na Ditadura Militar, aos 19 anos.
"Não eram jovens militantes, eram homens e mulheres representantes partidários. Alguns já em seus cinquenta anos. Fui ameaçada, tive meu nome achincalhado e fui acusado de ter defendido posições que não defendo", contou.
Vendo a situação, uma comissária de bordo levou um recado do piloto do avião, pedindo para ela trocar de lugar. "É aqui que eu vou ficar", bateu o pé. Pouco depois, a profissional informou que a Polícia Federal teria feito a mesma solicitação, não cumprida pela jornalista. "Enfrentei a ditadura. Não tenho medo. De nada", disse.
"Nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que não tive. Houve um gesto tão baixo nível que eu prefiro nem relatar aqui. Permaneci em silêncio. Alguns, ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias", descreveu.
Míriam Leitão ainda contou em sua coluna que "o piloto nada disse ou fez para estabelecer a paz a bordo. Nem mesmo um pedido de silêncio. Quando me levantei, um deles, no corredor, me apontou o dedo xingando em altos brados".
E finalizou o texto: "Não acho que o PT é isso, mas repito que os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais do partido. Lula citou, mais de uma vez, meu nome em comícios ou em reuniões partidárias. Como fez nesse último fim de semana. É um erro. Não devo ser alvo do partido, nem do seu líder. "Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo meu trabalho".
Já na tarde desta terça, o PT publicou uma nota em sua página oficial no Facebook repudiando a ação dos militantes contra Míria Leitão: "O Partido dos Trabalhadores lamenta o constrangimento sofrido pela jornalista Miriam Leitão no voo entre Brasília e o Rio de Janeiro no último dia 3 de junho, conforme relatado por ela em sua coluna de hoje. Orientamos nossa militância a não realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não agredir qualquer pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por qualquer outro motivo, como confundi-las com as empresas para as quais trabalhem".
Porém, o comunicado assinado pela presidente nacional do partido, a senadora Gleisi Hoffmann, culpa a Rede Globo pelo "clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil".
"Não podemos, entretanto, deixar de ressaltar que a Rede Globo, empresa para a qual trabalha a jornalista Miriam Leitão, é, em grande medida, responsável pelo clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil, e em nada tem contribuído para amenizar esse clima do qual é partícipe. O PT não fará com a Globo o que a Globo faz com o PT", encerrou.