Há 15 anos, "Os Normais" virava o primeiro fenômeno jovem da TV no século 21
Publicado em 07/06/2016 às 18:49
"Você é doida demais...". Com esse trecho da clássica música brega de Lindomar Castilho, começava um dos programas mais "normais" da televisão brasileira, e o primeiro fenômeno jovem do século 21.
"Os Normais" estreou em 1º de junho de 2001 na Globo, e começou totalmente desacreditado. A sitcom surgiu numa ideia de um novo programa para Luís Fernando Guimarães, que tinha tido uma experiência desgastante no "Vida Ao Vivo Show" - ele brigou nos bastidores com seu colega de atração, Pedro Cardoso -.
Além disso, a emissora queria uma atração mais competitiva para as noites de sexta, já que o "Muvuca", de Regina Casé, e o "Garotas do Programa" haviam falhado na missão de ser líder de Ibope. Volta e meia, a Globo perdia neste horário para os filmes do SBT exibidos na "Tela de Sucessos".
O pedido da série foi feito diretamente por Marluce Dias da Silva, diretora geral da Globo na época, para Alexandre Machado e Fernanda Young. Pouco antes do acordo para fechar o programa, Luis Fernando e Fernanda Torres viajaram para a África por um mês, e quando voltaram, o ator soube que para o novo programa, ele iria precisar de uma "noiva".
"Eu enchi o saco dizendo que precisava ser a Fernanda, que ela era perfeita, e acabou sendo ela", diz o ator em entrevista para o Memória Globo.
De duração curta à fenômeno
De início, a intenção era fazer com que "Os Normais" tivesse apenas 12 episódios produzidos. Na direção da Globo e até mesmo entre umas das protagonistas, o programa era visto como "estranho".
Em entrevista para o Memória Globo, Fernanda Torres disse que no começo achava tudo muito estranho: "Lembro que eu comecei a gravar e tinha uma cena no primeiro episódio em que eles discutiam sobre o Rui entrar ou não no banheiro, porque ela tinha feito cocô. Eu lembro que pensei 'que programa estranho'...".
Já a grande maioria dos executivos da emissora estranharam a linguagem da atração, com piadas curtas, edição de publicidade e linguagem totalmente despudorada ao falar de sexo e órgãos genitais. Para avaliar a aceitação, um grupo de discussão entre pessoas de 18 e 63 anos foi feito. O medo era de rejeição total, mas o que aconteceu foi o contrário: todos riram bastante, principalmente entre os jovens.
A estreia ocorreu no dia 1º de junho de 2001, uma sexta, logo após o "Globo Repórter", às 23h. A aceitação foi totalmente imediata: "Os Normais" chegou a marcar média de 28 pontos num horário que não passava de 12 na Grande São Paulo antes do lançamento da série. E grande parte dessa audiência era jovem. Virou um ritual: entre 2001 e 2003 o público se juntava para ver "Os Normais" e apenas depois do programa ia para a balada.
Isso, inclusive, fez com que alguns bares de São Paulo estimulassem jovens a se juntarem e ver "Os Normais" nos recintos, dando descontos em cervejas e petiscos. Assim, de 12 episódios, a série teve 71 - quase seis vezes mais que o previsto.
Até hoje, "Os Normais" é um fenômeno. O box DVD com a série completa é o mais vendido da Globo Marcas na internet. Os dois filmes da franquia - um produzido no auge do sucesso em 2003 e outro em 2009 - tiveram boa bilheteria. Em 2009 chegou a ser encomendada uma nova temporada para a TV, na intenção de alavancar o filme nos cinemas, mas o projeto acabou engavetado.
Reprisado na TV paga desde 2007, o programa passou primeiro na GNT e desde 2013 está no Viva. No canal de reprises da Globosat, é mostrado nas noites de segunda-feira.