Globo é processada por usar boneco black power como esponja no "BBB16"
Publicado em 03/05/2016 às 20:42
O Ministério Público Federal (MPF) está processando a Globo por conta de uma esponja com formato de um homem negro com cabelo black power no "Big Brother Brasil 16".
O órgão afirma que entrou com o processo para reparar danos morais e retratação à população negra. O boneco só não chegou a ser usado na 16ª edição do "BBB" porque Ronan, que é negro, se sentiu ofendido e não deixou. "Ele (Ronan) identificou de pronto a inadequação do objeto e retirou o boneco da pia, passando a utilizá-lo como um simulacro de microfone”, relatam os procuradores da República Renato Machado e Ana Padilha Oliveira, autores da ação.
Entretanto, o boneco também foi utilizado no programa "Mais Você", no mesmo dia de estreia do "BBB16", o que gerou repúdio dos internautas. Mesmo assim, a emissora manteve o objeto no cenário do reality. "A representação do cabelo Black Power como esponja de pia faz uma clara alusão ao estereótipo racista do 'cabelo para ariar panela' ou 'cabelo Bombril', servindo apenas para reforçar o preconceito, ainda intrínseco a muitos setores da sociedade, desde a abolição da escravatura'”, argumentam os procuradores.
O cabelo estilo black power passou a ser utilizado pelos movimentos sociais antirracistas como instrumento político de afirmação estética e autoestima negras em oposição ao padrão caucasiano de beleza imposto pela sociedade. A conscientização que fomentou a luta por direitos civis igualitários estimulou também o orgulho da população negra sobre suas raízes africanas.
Além da reparação dos danos morais coletivos, o MPF quer ainda a veiculação, durante a exibição do programa "Mais Você", bem como durante o horário nobre em que era exibido o "BBB16", de uma retratação à população negra pela utilização do boneco-esponja.
Na época em que se iniciou a polêmica, a Globo informou que havia prestados os esclarecimentos solicitados pelo MPF. "Esclarecemos que a esponja citada, representando um dançarino disco dos anos 1970, faz parte de uma coleção que retrata ícones de gerações e culturas diversas, como uma moça descolada dos anos 60, um soldado da guarda inglesa e até a rainha Elizabeth. Estes outros modelos estão sendo colocados na casa conforme as necessidades de uso e já podem ser vistos no ar", disse a emissora.