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Em 1991, Globosat entrava no ar sem assinante e esquecendo projeto original

"Eu Paguei Pra Ver" relembra histórias e curiosidades da TV paga brasileira


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Divulgação
Por Redação NT

Publicado em 04/04/2016 às 16:08,
atualizado em 10/05/2021 às 17:34

 

Há 25 anos, o Brasil ainda engatinhava no serviço de TV segmentada e de assinatura. Em 1990, existia apenas a TVA, operadora e distribuidora da família Civita, que transmitia por cabo e por sistema MMDS, e tinha apenas cinco canais, dentre eles a ESPN Internacional e a CNN.

Porém, todo este conteúdo era em inglês, e vendo o crescimento da concorrente, as Organizações Globo - hoje Grupo Globo - decidiu se movimentar. Em 1990, havia um projeto de Roberto Irineu Marinho, vice-presidente das Organizações Globo na época, de criar um sistema de televisão educacional que chegasse em cada comunidade do país por assinatura e por antenas parabólicas, como é hoje o canal Futura. A ideia foi levada ao governo federal, mas não houve interesse. O projeto original que fez a Globosat ser criada só saiu do papel em 1997, quando o Futura foi lançado.

Apesar de não ter sido adotada pelo governo, Roberto Irineu resolveu submeter a proposta de uma empresa de TV por assinatura ao Comitê Executivo das Organizações Globo, o que foi aprovado justamente pelo crescimento que se havia do concorrente. Porém, criar uma operadora não é nada fácil, ainda mais em 1991, quando se tinha apenas a TVA e a MTV Brasil de referência de canal segmentado e TV paga no Brasil.

"A criação da Globosat foi um projeto do Roberto Irineu com o Joe Wallach e, obviamente, levaram a ideia ao meu pai. E ele decidiu fazer, como qualquer veículo novo. Qualquer iniciativa nova que se levasse a ele, ele achava ótimo”, diz João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, em entrevista ao site da Fundação Roberto Marinho. Quando foi criada, em novembro de 1991, a Globosat tinha duas funções: a de programadora - com o lançamento dos quatro canais pioneiros: GNT (na época um canal de notícias, hoje um canal feminino), Top Sport (hoje SporTV), Multishow e Telecine - e de operadora, comercializando e instalando antenas parabólicas para o recebimento do sinal.

Confira o vídeo de lançamento:

 
Luiz Gleiser, que foi diretor de programação da Globosat no momento de sua estreia, relembra para o site da Fundação Roberto Marinho, as dificuldades do início. Ele usou como exemplo quando sentou pela primeira vez com Joe Wallach, gerente financeiro do projeto: “Faltando um par de meses para a estreia, fui conversar com Joe e nós começamos do zero. O que eles tinham, naquele momento, eram quatro diretores para quatro canais: o Boninho, no Multishow; o Gilberto Conde, no Top Sports; a Letícia Muhana, no GNT; e o Paulo Perdigão, no Telecine. Fora isso, não tinham nada".

E quando Gleiser fala nada, realmente era absolutamente nada mesmo, nem assinantes. "Em novembro de 1991, a Globosat lançou quatro canais sem ter nenhum assinante", afirma Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat atualmente, para o site da Fundação Roberto Marinho. Nos dois primeiros meses, o sinal da empresa ficou liberado para as Parabólicas normais de todo o Brasil, mas foi codificado assim que chegou o ano de 1992, para assinantes. Um diferencial desde o início da Globosat foi "falar português": se a TVA tinha 100% de seu conteúdo em inglês e sem legendas, a Globosat tinha 90% de seu conteúdo em português: falada, dublada, legendada ou traduzida simultaneamente, no caso do ao vivo.

Veja vídeo informando a codificação do sinal:

"Vingador do Futuro", com o ator Arnold Schwarzenegger, foi o primeiro filme exibido no Telecine, canal que estreou para ficar 24 horas por dia no ar. A programação do canal Top Sport era de 16 horas diárias, enquanto o Multishow e o GNT transmitiam conteúdo por 18 horas. Hoje, a Globosat é a maior programadora da América Latina, com 20,8 milhões de telespectadores distribuídos por mais de 6,1 milhões de domicílios-assinantes.

É a programadora de maior alcance médio diário: 7,5 milhões de telespectadores diferentes. Tem mil e quatrocentos empregados diretos, e sua sede está localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

 

Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Na coluna "Antenado", fala sobre TV aberta quando a necessidade pedir. Já no "Eu Paguei Pra Ver", conta histórias curiosas sobre a TV por assinatura no Brasil. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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