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"Pânico" faz piada com cosplayer na Comic Con, que se revolta e desabafa


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Reprodução

O "Pânico na Band" gerou polêmica e controvérsia mais uma vez na sua edição deste domingo (6), tudo por conta de uma matéria na Comic Con Experience, que aconteceu no último fim de semana em São Paulo.

A reportagem foi feita pelo humorista Lucas Maciel e pela panicat Aline Mineiro. O objetivo era fazer piada com pessoas que participavam do evento de cultura pop e nerd, quando algo considerado grave ocorreu.

Lucas abordou uma cosplayer vestida de uma personagem do desenho "Jovens Titãs" e desdenhou de sua fantasia. "Parece bronzeamento de Panicat quando dá errado", afirmou ele. Após, o humorista passou o dedo na pintura e ainda lambeu a moça, que saiu incrédula e irritada com tudo.

Veja o vídeo:

Logo após a visita ao Comic Con, no último sábado (5), a jovem, que assina como Myo Tsubasa, escreveu um desabafo no Facebook. Veja a íntegra:

“Venho aqui depois de um dia ultra cansativo na CCXP, INFELIZMENTE fazendo uma postagem de extremo desgosto. Mas não é com o evento! Meu desgosto é com a equipe da band que fazia a cobertura do evento filmando, sei lá eu se era ao vivo ou não.

Estava andando com um amigo que encontrei de Robin, e estávamos próximos à entrada do evento. Gente, hoje é sábado, quem foi sabe que tava empacotado de lotado, e quem não foi deve imaginar. Eu já estava passando mal mesmo de calor (motivo pelo qual tirei o cosplay super cedo, mas vou usá-lo amanhã de novo). Beleza.

Me aparece um homem e uma menina, caracterizados já de uma forma ridícula, e nos PUXAM com a maior grosseria do mundo, sem nos perguntar se queríamos dar alguma entrevista ou fazer aparição, simplesmente nos agarraram grosseiramente pra frente de uma câmera com uma luz absurda de intensa já na nossa cara.

Lembrando que: eu passei 3 horas me vestindo nesse cosplay, eu estava INTEIRAMENTE pintada de laranja, com a SCLERA que já doia o olho etc. todos que tiraram fotos comigo, e foi gente PRA CACETE, eu só pedia para não encostar na minha pele por conta da tinta. Simples: não queria suja-los, e nem que minha tinta saísse.

Acontece que meu amigo já demonstrava sinais de desconforto com isso, e ele não conseguia se largar do sujeito nojento enquanto a menina me agarrava. Falaram besteiras para ele das quais não me lembro direito, mas aí quando aí a menina começou a perguntar sobre meu cosplay, já num tom de deboche. Perguntou quem era, e eu respondi: Estelar, dos Jovens Titãs, na maior boa possível, sorrindo pra câmera.

Então eles me pedem para ir um pouco à frente e dar uma “giradinha” pra câmera, o que eu fiz sem cerimônia. E aí recebi o seguinte comentário do SUÍNO que estava agarrando meu amigo:

“Parece aqueles bronzeados artificiais de panycat quando dá errado” Aí minha paciência já estava quase no zero, se já não estava.

Tentei relevar, até que NOVAMENTE, A CRIATURA IGNÓBIL ME DÁ UMA DEDADA NA MINHA PELE PRA TIRAR MINHA TINTA, E LOGO EM SEGUIDA METE A LÍNGUA NOJENTA EM MIM. ME LAMBEU.

Não tem palavras que descrevam o ódio e o nojo que me bateram na hora. Que coisa escrota, repugnante. Invasão de privacidade, falta de respeito. NOJO.

Só digo uma coisa: depois dessa, já tá na cara que devemos EXCLUIR esse tipo de mídia de eventos e afins. Não damos duro e nos dedicamos pra quando queremos nos divertir, recebermos esse tipo de gente no espaço que foi feito para nós.

Amanhã estarei lá novamente de Estelar, e se eu ver nem que se for a sombra desses sujeitos, desço o caralho em ambos. Fica minha indignação”.


O desabafo e a matéria renderam muita repercussão. Um dos organizadores da Comic Con, o site Omelete lançou uma carta aberta onde repudiou veementemente as atitudes do "Pânico" e afirmou que o programa está descredenciado de quaisquer eventos do tipo daqui para frente. Veja a íntegra da carta:

"Na CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas e incentivadas, sem preconceitos, a ser quem são - ou quem desejam ser. É um ambiente harmonioso que defendemos, um lugar onde cosplayers, nerds, gamers, cinéfilos, leitores de quadrinhos e simples curiosos convivem com respeito. Numa convenção de cultura pop, o contrato social que sonhamos para nós - em que toda diferença é aceita e celebrada - torna-se realidade.

É com tristeza e um sentimento de desgosto, então, que assistimos à maneira como o programa Pânico na Band, incapaz de lidar com o diferente, traz para dentro da CCXP seus preconceitos de gênero e seu franco desrespeito, entrevistando cosplayers com grosseria - chegando a lamber uma visitante. Depois desse incidente lamentável o Pânico na Band foi banido da CCXP 2015 e de todas as atividades organizadas a partir de hoje.

Não se trata aqui de discutir limites de humor. A cobertura do Pânico na Band da CCXP 2014, inclusive, foi muito bem-humorada e eles foram credenciados para a nova edição dentro desse espírito. No entanto, assédios moral e sexual são temas seríssimos e preocupações constantes em convenções de cultura pop no mundo inteiro - assim como fora delas. As atitudes do Pânico na Band dentro da CCXP representam um retrocesso que não podemos aceitar. Ninguém pode, não mais.

O senso de humor é um componente fundamental do cosplay. Nesta segunda-feira a web ainda se diverte com as imagens dos trajes mais inventivos que passaram pelos quatro dias da convenção, do meme de Pulp Fiction às crianças vestidas de Coringa. Mas o cosplay também é uma forma de expressão que ajuda muita gente a fantasiar, com segurança, com aquilo que deseja para si. Pessoas aderem ao cosplay para se tornarem mais fortes, usando a interpretação e a confecção de seus trajes para lutar contra quadros de depressão, para manifestar sua sexualidade, para trabalhar sua auto-estima, como um super-herói.

O Omelete, que integra a organização da CCXP, repudia com indignação a postura inaceitável do Pânico na Band porque ela desmancha esse encanto do qual depende qualquer convenção de cultura pop. Mas os cosplayers, os nerds, os gamers, os cinéfilos e os leitores de quadrinhos são maiores, mais unidos e mais fortes. E um dia o contrato social de tolerância que estabelecemos dentro dessas convenções vai se espalhar porta afora, como um coro".

Procurada pelo NaTelinha, a assessoria de imprensa do "Pânico" informou que segunda-feira é dia de folga da produção e, por isso, ninguém poderá falar. Caso haja pronunciamento nesta terça (8), a reportagem será atualizada.

 

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