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Emílio Surita fala sobre fase do "Pânico" e boatos de mudança: "balela"

Apresentador faz análise do humorístico, futuro e concorrência


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Foto: José Paulo Cardeal

Emílio Surita pode ser considerado uma lenda no rádio FM do Brasil. Um dos precursores em seu boom nos anos 80, o apresentador de 53 anos tem história para contar: já foi repórter dos constrangedores bailes de carnaval na Band nos anos 80, vendedor eletrônico em comerciais de TV, já apresentou programas de clipes e trabalhou até na Globo, no "Caldeirão do Huck", em 2000.

Mas a vida de Emílio é o "Pânico", e o "Pânico" é o Emílio, já que é impossível desassociar a imagem um do outro. Líder da trupe desde seu início em 1994, lá na Rádio Jovem Pan, o apresentador é realmente um dos grandes responsáveis pelo conteúdo do humorístico, que é praticamente uma marca entre os jovens.

Como fala para os jovens, o "Pânico" fica de olho: além de se manter no rádio - onde é o programa de maior audiência no FM brasileiro - e na TV - com alto faturamente na Band mesmo não estando na sua melhor fase -, a marca agora investirá em conteúdo inédito para seu canal no YouTube.

Avesso a entrevistas, Emílio Surita recebeu o NaTelinha na última sexta-feira (2) na bonita sede da Rádio Jovem Pan, na Avenida Paulista, em São Paulo. E falou de tudo: como o advento das novas mídias influi no humorístico, sobre o atual momento na televisão - onde tem médias aquém do que se espera dele -, de uma suposta mudança de emissora, e até mesmo do sucesso do "Encrenca", da RedeTV!.

Além disso, Emílio fala da repercussão que o programa ainda gera, mesmo não estando no auge: "O 'Pânico' ainda gera um buzz muito grande".

Confira a entrevista:

NaTelinha - Como é sua rotina? Você faz rádio e depois vai para a Band e supervisiona tudo? Como é teu dia?

Emílio Surita -
Aqui é a edição e redação do programa. Na Band fica a estrutura, os carros, dividir as equipes e tem o programa de rádio que é diário na Jovem Pan. O "Pânico" é bem distribuído, o Alan [Rapp, diretor] cuida de toda a parte de produção, fazemos uma reunião semanal de criação e desenvolve.

NaTelinha - Vocês fazem um programa de três horas. É difícil fazer três horas de humor. E muita gente diz que o "Pânico" está negociando com a Record...

Emílio Surita -
É balela. Sempre sai isso aí. Sempre sai uma história que o "Pânico" está negociando com o SBT, Record... Isso aí é história.


NaTelinha - E como fazer um programa de três horas num domingo à noite?

Emílio Surita -
Televisão você sabe como é, é um desafio, o que acontece? O "Pânico" quando começou a ter muita carga de patrocinador, estendemos um pouco ele.  


NaTelinha - Não estendeu demais?

Emílio Surita -
Não sei se estendeu demais ou de menos. Vamos procurando um caminho novo, uma esquete nova. Às vezes faz uma coisa legal, outras vezes não funciona.


NaTelinha - As coisas estão funcionando pra você? Está satisfeito com o Ibope?

Emílio Surita -
É muito relativo falar. Você fala: beleza, que programa faz sucesso hoje na Band? O "MasterChef" que dá 6 pontos, o "Pânico" dá 5. Não é uma conversa técnica.


NaTelinha - É que comparam muito a audiência do "Pânico", com o de cinco ou seis anos atrás...

Emílio Surita -
Mas seis anos atrás era diferente. O jogo era diferente. Os outros canais eram muito diferentes. Se você pegar lá às 22h, tem "Game of Thrones", as séries da HBO. É um horário e concorrência muito forte. Tem o Silvio Santos no SBT, o "Domingo Espetacular" na Record, e o "Pânico" que é pra jovem. Não dá pra dar uma audiência de Silvio Santos, fazemos um programa específico.

NaTelinha - Tem aquela história que o "Pânico" é o programa mais visto da história televisão brasileira para jovens. Você acha?

Emílio Surita -
Não sei. Eu acho que é só trabalho. Dá muito trabalho, é muito complicado fazer algo que o público goste, que dê audiência. Só quem tá dentro sabe o que é a dificuldade, o que é estar na TV aberta. Tem o comercial, adequar o conteúdo à classificação indicativa, à concorrência.


NaTelinha - A classificação indicativa pegou muito no pé de vocês?

Emílio Surita -
Já fomos reclassificados duas vezes.


NaTelinha - Prejudicou em algum momento?

Emílio Surita -
Não sei se prejudicou ou não, temos que buscar outros caminhos. Temos que nos enquadrar de outra maneira na grade.


NaTelinha - Você acha justa a classificação?

Emílio Surita -
É difícil você falar isso, tem um critério. Os funkeiros, por exemplo, de 8 ou 9 anos, as pessoas falando, "nossa, que absurdo"! Sandy e Jr. cantava a Maria Chiquinha no mato... Só por que o moleque é funkeiro não pode trabalhar? É muito relativo. Quem sou eu pra dizer o que é certo e errado? É assim e ponto.


NaTelinha - Qual a relação de vocês hoje com a Band? A fase não é das melhores financeiramente...

Emílio Surita -
Está tudo certo na Band. Não sei como surgiu esse papo. É uma coprodução, o "Pânico" e a Band são detentores e realizamos o programa. Fazemos junto com a Band, ela e a PNC.

NaTelinha - Como é isso de novas mídias? Vocês criaram um canal no YouTube e fazem muito sucesso na internet. Como vocês trabalham essas novas mídias?

Emílio Surita -
Pretendemos fazer uma coisa misturando as coisas e tentar entender essas novas mídias. Nem participo muito, já trabalho em rádio e TV, mas a gente pretende fazer alguma coisa no YouTube, exclusivamente. Estamos estruturando agora, há dois meses já tem 200 mil inscritos. Mas lá funciona diferente a mídia. Pegar uma coisa do domingo e colocar lá, não é isso que a gente quer.


NaTelinha - Vocês vão fazer 13 anos no ar. Como você olha pra trás e encara isso?

Emílio Surita -
Sempre trabalhamos com dificuldades. "Ah, eles são de rádio, daqui a pouco vai cansar", "programa de humor não vende"... Mas a gente gosta do que faz, é um time que trabalha muito, que trabalha bastante. Tem prazer. É feito com prazer, alegria e é fundamental para as coisas darem certo. Pra gente não é chato. Todo mundo faz na diversão mesmo.


NaTelinha - Vocês vieram do rádio e foram para a televisão, o mesmo do "Encrenca" que chegou a vencer vocês por alguns minutos. Chegou a ver?

Emílio Surita -
Não vejo muito porque é no mesmo horário que entramos na Band. Mas é tudo colega nosso de rádio, fico feliz que tenha dado certo. Quando é cara de rádio, acho bacana.


NaTelinha - Você fica bravo quando eles te vencem no Ibope?

Emílio Surita -
Não fico não. Se outro está fazendo legal, ótimo.


NaTelinha - Muita gente diz que o "Pânico" de 2004 a 2008 era um e depois era outro, que era um programa de humor e agora virou de entretenimento. Essa metamorfose que é o "Pânico"?  Sempre mudou, mas mantendo a estrutura?

Emílio Surita -
Mas tem que mudar. Mudar é fundamental.


NaTelinha - O programa de 2005 é cabível hoje?

Emílio Surita -
Aquele programa? É difícil te falar. Pré-YouTube, pré tudo. Muito difícil. Eu não gostaria, eu gosto de experimentar, tentar.

NaTelinha - O "Pânico" é um programa experimental?

Emílio Surita -
Sempre foi experimental. A gente erra tentando mudar, fazendo um negócio diferente, novo. Não tem acomodação.


NaTelinha - Você já ficou chateado com alguma coisa que foi pro ar no "Pânico"?

Emílio Surita -
Como assim chateado?


NaTelinha - Aquele negócio de passou do limite... De apelar... Passar do limite do humor...

Emílio Surita -
O que é apelar?


NaTelinha - Raspar a cabeça da Babi, você acha que passou do ponto?

Emílio Surita -
Acho que não. Chocou o público, mas o artista está ali pra fazer isso, mas o público está aí pra fazer isso. Ela sabia. A gente fez aquilo se divertindo.


NaTelinha - Você acha que o público leva o "Pânico" a sério demais?

Emílio Surita -
Não sei, não sei.


NaTelinha - E a crítica?

Emílio Surita -
Não sei. Ela tem uma visão elitista do negócio. Não gosta nada do que vai ao popular. O que você fizer e agrada o povo, não agrada o crítico. Então, por exemplo, o cara que quer ser um cara legal de público e crítico, tem que estar na Globo. Fernanda Montenegro, que é pedestal, ninguém fala mal. Ela tá fazendo a pior coisa do mundo? Mas é intocável, e tem isso, os intocáveis.

É relativo esse negócio de crítica gosta, e público também gosta. A crítica fala mal do "BBB" mas é o programa de maior faturamento da Globo. O "Pânico" é um programa de grade, mais de 500 edições. É muita coisa, gerar muito conteúdo. É muito trabalho. Pegamos em quinto lugar e entrega em segundo. Muitos falam que o "Pânico" não dá audiência, eu pego em quinto e entrego em segundo, o meu trabalho não está errado, entendeu?

Programa de humor não agrada todo mundo, não agrada mulher... É complicado, não tem programa de humor líder de audiência.


NaTelinha - Tem os da Globo...

Emílio Surita -
Pega, sei lá, o "Casseta & Planeta", pegava com 40 e entregava com 15 pontos. Esse negócio de número é complicado. Tem lá uma aferição de números ali que vão mudando a cada semana.

NaTelinha - Quanto tempo dura o "Pânico na Band"?

Emílio Surita -
Não sei, temos contrato com a Band até 2017. Tem que produzir pra caramba.


NaTelinha - A cobrança é grande, né?

Emílio Surita -
Não, não... Claro, cobra sempre de fazer o melhor, o bem feito, o bacana, legal. Mas, se você puder fazer. É o nosso trabalho.


NaTelinha - Se o "Pânico" acabar, você volta a fazer merchandising de vídeocassete como nos anos 90? Se o "Pânico" acabar?

Emílio Surita -
Não sei, cara, não projeto muito isso, de acabar. Estou há 13 anos trabalhando sem parar, no domingo, pra tentar fazer alguma coisa legal, diversão pros caras que não tem. Domingo é um dia chato. Colocar umas meninas bonitas, tentar fazer alguma coisa.

Sempre o humorista bom é o revelado naquele momento. Foi assim com Vesgo e Silvio, Edu, Carioca, Adnet, o Paulo Gustavo, é sempre assim, funciona dessa maneira. E no ano seguinte já virou chato, e aparece outro. E nós do "Pânico" temos capacidade para se reiventar.


NaTelinha - Algumas críticas falaram que o "Pânico" está em crise de criatividade. O "Pânico" tem crise de criatividade?

Emílio Surita
- Não sei o que é crise de criatividade. O que seria crise de criatividade?


NaTelinha - O programa não faz mais rir como fazia, tem que mudar diretor, tem que fazer isso...

Emílio Surita -
Não sei, qual seria a proposta?


NaTelinha - Mudar?

Emílio Surita -
O que você vai mudar? A gente mudou. Trouxemos formatos, fazemos o "MasterChef", fazemos um negócio legal com o Tiririca. Cada semana tem algo diferente, alguma coisa nova. Não vejo crise de criatividade.


NaTelinha - Quem teve a ideia de trazer o Tiririca?

Emílio Surita
- Foi numa conversa que a gente. Queríamos trazer um cara que ninguém imaginasse que ia trabalhar no "Pânico". E ele é bom pra c#@!@. Cabe qualquer coisa no programa, não temos preconceito. Cada vez você vai mudando, tem que mudar. Não tem como não mudar. E posso garantir pra você que o "Pânico" é o programa que mais traz coisas diferentes. Não concordo com esse negócio de falta de criatividade, não sei onde. É um programa que você vai ver domingo à noite, mas nem sabe o que vai acontecer, não tem como falar que estamos fazendo a mesma coisa há 13 anos.

Hoje temos uma coisa complicada no humor, que é a internet. Na internet você pode fazer do jeito que você quer. Não tem Ministério Público, patrocinador enchendo o saco, você não tem limite. Não dá para concorrer com internet no humor. Na TV você tem uma série de coisas. A balança é muito complicada.

É a mesma o Gugu com a Richthofen, ele ficou em primeiro lugar. Acabou qualquer argumento que você tenha. O "Pânico" dá 10% de share, que é um dia difícil.

A audiência é você pegar o share. Vou te dar um número: O "Pânico" começava na RedeTV! às 18h30. Tivemos uma reclassificação e começou às 20h. Isso em 2008 ou 2009, não lembro. Mas lembro que o "Fantástico" tinha média de 42 pontos, falei que o horário ia ser difícil, hoje o "Fantástico" dá quanto? O Silvio Santos dá 8. (Nota da redação: o "Programa Silvio Santos" tem marcado médias entre 9 e 11 pontos na Grande SP)

A gente sofre um bombardeio. Gostam de bater no "Pânico", mas é assim.


NaTelinha - O "Pânico" é alvo fácil?

Emílio Surita -
Não é que é alvo fácil, ele gera muito clique. Ele gera muita polêmica. O Edu casou, e a preocupação dos caras era porque as Panicats não estavam lá.

Mas o "Pânico" ainda tem um buzz muito grande. A Aline, por exemplo, nossa nova Panicat, ela outro dia agradeceu. Ela disse que antes do programa tinha 3 mil seguidores... Elas gostam desse negócio de seguidores, é o termômetro delas, eu não tenho nada disso (risos). Mas ela tinha 3 mil e agora tem 300 mil, está sendo requisitada em todo o Brasil, tá ganhando uma grana boa. O "Pânico" mudou a vida dela, e eu acho isso meio louco.

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