Documento NaTelinha: "Se Liga Bocão" com José Eduardo, da Record Bahia
Publicado em 15/04/2013 às 12:01
O “Documento NT” chega em sua terceira edição, desta vez regressando à Salvador e à Record Bahia.
Atendendo a pedidos de internautas que leram a matéria sobre o “Bahia no Ar”, em que ele é citado várias vezes, decidimos mostrar, desta vez, os bastidores do “Se Liga Bocão”, programa que está há cinco anos na Record Bahia, sendo a maior audiência da casa desde então.
Chego na TV por volta de 9h30, juntamente com Jeniffer Homann, assessora da emissora, e Breno Cunha, repórter do NaTelinha que me auxiliou na matéria. Por volta de 10h15, dentro da sala VIP da Record Bahia, Bocão chega animado, fazendo piada e cumprimentando a mim e a Breno com cordialidade. Acompanhamos o seu programa de quinta-feira, que foi ao vivo e a gravação do programa de sexta da paixão, onde o apresentador anunciou a reportagem e nos colocou no vídeo.
Voltando à entrevista, Zé teve que, por duas vezes, interrompê-la para atender chamados de parceiros de trabalho. Era para o seu site de notícias, o “Bocão News”: “Esse site toma quase todo o meu tempo, é um estresse danado, mas está dando resultado. Chegamos a 60 mil views por dia”, falou.
É a segunda vez que entrevisto José Eduardo Figueiredo Neves, 43 anos, conhecido como Bocão. O seu programa ficou conhecido na TV Aratu/SBT, mas foi quando migrou para a Record Bahia que explodiu, chegando a ter picos de 33 pontos. Hoje, o “Se Liga Bocão” marca média de 12 pontos, chegando várias vezes à liderança isolada no horário. O programa também é, desde que chegou na emissora em 2008, a maior audiência da casa.
Na entrevista, ele também fala sobre “mundo cão”, concorrência, e chama a sua acusação de estelionato feita pela TV Aratu/SBT, que motivou sua saída do canal, de “armação” e que a emissora fez um “papelão”.
Confira a íntegra da entrevista feita por mim e Breno Cunha:
NaTelinha – Zé, novamente, obrigado pela entrevista. Vou começar te perguntando como você começou na comunicação. No rádio, na TV...
Bocão – Comecei a carreira no rádio, que pra mim foi uma grande escola. E em um belo dia, em 1989, aqui mesmo na TV Itapoan (nome real da TV, que foi usado até 2010, quando a direção decidiu usar Record Bahia), o Raimundo Varela (apresentador e criador do “Balanço Geral”) me chamou pra fazer um teste. E eu passei. Fiquei aqui de 1989 até 1992. Depois, a TV Bahia/Globo me chamou e eu fiquei lá de 1992 até 2000 fazendo reportagem. E nesse tempo, eu fiz Rádio Cultura, Bandeirantes, Itaparica, várias rádios. Eu fiz plantão esportivo nessas rádios. Quando eu sai da TV Bahia, eu fui ser assessor de comunicação do cantor Ricardo Chaves. Nesse tempo, eu resolvi montar uma empresa de comunicação. E passou por lá vários eventos de peso que aconteceram aqui, como show de Roberto Carlos. Eu também fui assessor de Popó (Acelino “Popó” Freitas, campeão mundial de boxe) no auge dele. Fiquei com Popó durante um bom tempo também. Então, montei a empresa de comunicação e ela cresceu muito. Só que eu senti necessidade de voltar pro rádio. E aí, eu fui pra Transamérica.
NaTelinha – E foi na Transamérica que surgiu o “Se Liga Bocão”, não é isso?
Bocão – Exatamente. E era pra ser um programa de entretenimento, de festas, eventos e tal. E quando eu estava na Transamérica, a TV Aratu/SBT me chamou. Fiquei lá por quatro anos. E o engraçado é que, pouco tempo antes de ir pra Aratu, eu fiz um teste aqui na Record e eu perdi esse teste. Era pra eu estar em cima de uma bancada...
NaTelinha – Na outra entrevista, você não me disse isso. (risos) Como aconteceu?
Bocão – Me chamaram pra fazer um piloto aqui na Record, com dois apresentadores. Era eu e uma mulher. E desse piloto, só ficou a apresentadora. E eu não fiquei.
NaTelinha – Você lembra quem foi a apresentadora?
Bocão – Foi Daniela Prata. Decidiram que só a Daniela era melhor e eu voltei pro rádio. Depois disso, a TV Aratu/SBT me chamou e lá eu criei o “Se Liga Bocão” pra TV. Foi lá que eu introduzi o social, o policial. Montei a equipe e depois a Record me contratou quando eu tive aquele “problema” lá.
NaTelinha – Então, eu queria que você falasse sobre esse “problema” que foi a acusação de estelionato, que o Uziel Bueno (na época, repórter do “Se Liga Bocão”, hoje apresentador do “Brasil Urgente BA” na Band) chegou a mostrar uma fita no ar, dizendo que tinha uma gravação sua ameaçando um prefeito e tal...
Bocão – E até hoje, nada da fita... (risos) Então, aquilo foi uma forma de me intimidar, para que eu não viesse assinar com a Record. E na disputa do ouro, eles ficaram doidos...
NaTelinha – Pesquisando para a entrevista, eu vi que você dava uma grande audiência lá...
Bocão – Eu era líder de audiência lá. Dava 23 de pico sempre. O programa tinha uma hora e meia. Era de manhã e depois foi para às 12h...
NaTelinha – E reprisava de madrugada....
Bocão – Exatamente. Era Bocão de manhã, de tarde e de noite. E batia 23 direto. Quando se viu a possibilidade de eu sair, eles decidiram fazer aquele papelão. E eu pensei: “Ah, é assim?” e saí. Vim pra Record, estreei aqui no dia 14 de janeiro de 2008, onde existia uma expectativa grande se tinham me derrubado ou não. O que a audiência iria mostrar? E eu marquei 22 pontos de média com 26 de pico.
NaTelinha – Você chegou a dar mais que isso, não é? Chegou a 33 pontos de pico, não foi? Quando você via esses números, o que você pensava? Nem o Varela deu isso...
Bocão – Foi o maior pico daqui, inclusive. E esse ano eu tenho o maior pico de novo. Que foi na quarta feira de cinzas, dei 20 pontos. Acho que é o maior pico da rede até...
NaTelinha – Era, porque o Gugu bateu e deu 23 de pico por esses dias...
Bocão – É, agora então não é mais... (risos) Mas o Gugu já merecia isso, né? Já estava nessa perseguição pelo Ibope, sofrendo muito. E isso é um sofrimento...
NaTelinha – Você é viciado demais em audiência, não é?
Bocão – Muito! O Carlos (Alves, diretor da Record Bahia) quer tirar o Ibope da minha frente. É que só a gente aqui na Bahia tem a audiência em tempo real, o minuto-a-minuto. Acho que a Globo tem, mas só. E eu vejo em tempo real o crescimento e a queda. E isso é estranho, porque às vezes eu estou com 15 e do nada, eu despenco pra 9 e eu começo a entrar em parafuso....
NaTelinha – Era até a próxima pergunta que eu ia fazer. Como você é muito ligado na audiência, você troca a ordem das matérias dependendo da audiência...
Bocão – Eu confesso, eu mexo muito.
NaTelinha – Então, eu queria lhe perguntar o seguinte: você estava numa queda, e subiu novamente com a entrada da Jéssica Senra e o “Bahia no Ar” no horário. O que você achou da entrada dela?
Bocão – Eu achei maravilhoso. O problema é que tem praças que os programas de rede não atingem o que a gente espera. Tem praças que o programa não dá certo. A Globo tá sofrendo com o “Encontro”, por exemplo. E eu não pegava com a audiência esperada quando começava 12h, horário que peguei com a saída de Varela, que me entregava com um Ibope fantástico. Era a dupla, né? E o diretor se moveu e decidiu apostar na Jéssica e deu certo. Ela vai bem e voltou a me entregar bem, e voltamos a ir pra cima da Globo. Pra mim, o Bocão não pode ser vice, a gente não pode sofrer um pouco, tem que ir pra cima. E já que se colocou na cabeça que tem que ser líder, a cobrança é maior. Toda a minha equipe é cobrada. Veio pra ser líder, tem que ser líder. Só que eu pego quatro programas, que são “Globo Esporte”, “Jornal Hoje”, “Vídeo Show” e um pedaço da novela. Eu tudo isso nas minhas costas. É uma guerra, que eu entro pra ganhar.
NaTelinha – Você falou do Varela. Numa hipótese, se ele voltasse pro horário das 12h, o que você iria achar?
Bocão – Ia achar fantástico. Iria ficar muito feliz.
NaTelinha – Você acha que iria agregar na audiência? Não que ela esteja ruim, está boa, mas...
Bocão – Não, ela está boa. Mas o que acontece, é que o povo gosta muito dele. Jéssica tem uma carreira brilhante pela frente, já entrou no horário na veia do programa, na veia do povo, mas eu tenho uma ligação muito grande com Varela. E eu acho que pode melhorar consideravelmente, mas logicamente que Jéssica seria aproveitada de qualquer forma.
NaTelinha – Você falou de uma cobrança pela audiência. Como é que vem exatamente essa cobrança?
Bocão – Essa cobrança parte de mim. Eu não aceito ser segundo. E eu vinha sofrendo muito com isso, porque eu via um programa bom, quente, e a Globo dando 15 e eu dando 11. Eu tinha que buscar quatro pontos. E eu parei pra pensar no que estava acontecendo. Aí, eu vi que o share (percentual de televisores ligados no horário) diminuiu, tem a concorrência da TV a cabo, que é muito grande hoje, porque elas tem preços acessíveis, e o povo pode zapear. E naquele horário, o povo estava zapeando, vai e volta e tal. A concorrência aumentou, na realidade. Hoje em dia, tem TV a cabo na casa da classe D e E, que com R$ 39,90, você pode ter 150 canais. Então, você partir pra cima da Globo é difícil, essa semana eu ganhei três vezes da Globo. Mas como eu disse, a cobrança vem de mim. Não tenho cobrança de diretor, cobrança lá de São Paulo, mas você sabe que você é movido pela aquela máquina e eu cobro minha equipe.
NaTelinha – Você tem receio de um dia você não dar mais audiência?
Bocão – Eu tenho que me preparar pra tudo isso. Isso você percebe na rua. Mas você vê que ultimamente, o Silvio já está há 100 anos na televisão, o Gugu também está há 100 anos na televisão, Varela tem 30 anos na televisão, batendo na mesa , cobrando e brigando pela liderança. E sou muito novo, tenho 43 anos. Claro, posso sofrer um pouco. Gugu sofreu muito agora, muito mesmo. Mas voltando, isso vai acontecer um dia, isso é normal. Mas eu vou lutar pra voltar no auge, porque existe o pânico na hora, mas vou lutar sempre.
NaTelinha – Muita gente me pediu para perguntar sobre o que você está achando das declarações do Pastor Marco Feliciano. Você tem uma opinião sobre isso?
Bocão – Eu acho o seguinte: existe um preconceito muito grande contra os evangélicos. E a gente sente isso aqui na Record. Parece que só a Globo é que pode ser primeiro lugar. Eu admiro muito os diretores. O Gonçalves (Honorilton, vice-presidente artístico e de programação da Record e Bispo da Igreja Universal), os caras que vão pra guerra. Porque eles estão enfrentando um exercito chamado Globo. E eles venceram esse preconceito, porque ser segundo no Brasil não é fácil. O que eu quero dizer é que tem um grande preconceito atrás disso tudo. Primeiro porque não aceitam o que ele fala, porque o cara é pastor. E segundo, eu preciso saber se realmente ele falou aquilo tudo que ele falou dos gays e tal. Eu confesso que não me aprofundei muito nisso. Se ele falou isso tudo mesmo, com certeza ele não poderia assumir a presidência de uma comissão dessas. Porque a opção sexual de cada um é de cada um, você tem que conviver com ela. Eu sempre convivi com todos. Eu tenho amigo gay, eu tenho amigo pobre, eu tenho amigo preto, e sou eles que mais entendo.
NaTelinha – Sobre a Record ir pra cima, talvez seja essa a coisa que diferencie a Record. O SBT quer ficar em segundo, acha legal ser segundo, e a Record quer ser primeiro, não é?
Bocão – Aqui nós queremos ser primeiro, não aceitamos ser segundos. Falo em programas locais, claro. E não é primeiro por uns minutos, é primeiro na média. Aqui tem o Varela que é primeiro, a Jéssica chega a primeiro lugar e eu bato primeiro lugar. Eu acho que não tem praça no Brasil que tem três programas locais que passam da Globo. E isso pra gente aqui é uma maravilha, porque você bater um poder daquele é sensacional. Agora, aqui a gente tem uma estrutura muito boa, não tenho o que reclamar. É claro que a gente passa algumas situações de crise, como todas as empresas passam, mas eu não posso reclamar. Tenho três equipes de reportagem trabalhando comigo, tenho equipe de madrugada, tenho helicóptero, tenho equipamentos novos, tudo novo. Eu só pedi pra tirar uma hora de trabalho minha porque eu não estava aguentando. Então, fui eu, entre aspas, porque a Jéssica é sensacional, mas ela entrou porque eu não aguentava mais ficar no ar de 12h até 14h40. Eu estava pifando, não tinha mais voz, era muito tempo no ar. E o diretor que chegou, o Carlos Alves, entendeu isso, o seu Gonçalves em São Paulo também entendeu e colocaram o “Bahia no Ar” às 12h, que tinha uma resistência no início, mas hoje é uma realidade. Pode pegar o Ibope, ela bate várias vezes a Globo. É a luta, a gente aqui da Bahia, pelo menos, não aceitamos ser segundo. Não é ruim ser segundo, é legal, mas é a cobrança pra ser primeiro. Quem não aguenta, peça pra sair. (risos)
NaTelinha – O que você acha dos seus concorrentes nos outros canais, como o “Na Mira” da TV Aratu/SBT e o Brasil Urgente BA da Band?
Bocão – Eu acho que eles tem o espaço deles, os programas deles, na hora deles, acho que eles fazem do jeito que deve fazer e tal. O “Na Mira” eu não posso falar muito, porque eu só concorro 30 minutos com ela.... Policialesco, os dois. Tem um estilo muito parecido. E eles estão bem ali, um em terceiro e o outro em quarto (risos).
NaTelinha – Você tá indo pro seu terceiro programa de rádio, você tem dois. Explica isso melhor, por favor.
Bocão – Gabriel, eu estou numa vida de louco. Na verdade, já estava, mas o site, o “Bocão News” me toma muito mais tempo que isso tudo aqui. O site é 24 horas, cresceu muito..
NaTelinha – No carnaval, você chegou a me mostrar a audiência do site, me lembro.
Bocão – Sim, verdade. O site tá crescendo muito, estamos batendo 70 mil, 80 mil... Cerca de 60 mil por dia. No sábado, a gente chega a 45 mil dia, é uma audiência muito boa. No começo, eu não acreditava, era projeto do meu irmão. Eu não queria meu nome ligado ao site, porque o preconceito já é latente no rádio e na TV e eu falava: “Não coloca meu nome. Vai dar confusão” e ele falava: “Não, vai com seu nome mesmo, vai dar certo” e hoje, eu te confesso, o site me toma 90% do tempo. E por que me toma? Porque notícia de site é bacana, já pode mandar pelo Whatsapp, com foto e vai pro ar rapidamente. Eu tenho uma equipe de 20 jornalistas, é o único site que tem dois fotógrafos, motorista, segurança, tudo direitinho. E a gente vai crescer mais.
Nota: Neste momento, Zé nos mostra uma foto com dados de audiência do Bocão News que ele tirou e depois, exibe uma foto de um minuto-a-minuto, com ele vencendo a Globo por 14 a 13. Após isso, continuamos a conversa.
Bocão – Basicamente, é isso. Eu tenho o site, estou investindo em rádio também, levei um programa de futebol pra lá e eu fazer algumas participações, não sou eu exatamente. Com isso, tenho programa às 8h, às 18h e a noite.
NaTelinha – Como você arranja tempo pra isso tudo? O dia tem 30 horas pra você?
Bocão – Olha, eu te confesso, agora era pra eu estar malhando. (risos) Eu vou sair daqui e vou correr na esteira 40 minutos, ai venho para cá direto e quando eu piso o pé aqui, já entro tenso porque eu não sei como vem o programa em termos de Ibope. Ai eu fico quase duas horas no ar, acabado, saio daqui e vou pra casa ficar um pouco com o meu filho e volto às 18h pra Itapoan FM. Eu relaxo mais em rádio, muito mais. E depois eu fico pra fazer o futebol até 22h e vou pra casa. Só vou dormir uma da manhã, geralmente. E levando cinco, seis da manhã.
NaTelinha – Você dorme?
Bocão – Pouco, mas sim. (risos)
NaTelinha – O que te move a fazer isso tudo?
Bocão – Olha, eu morro de vontade de trabalhar. Minha mãe era professora, tinha um salário ordinário. Meu pai era funcionário público, então, nunca caiu dinheiro do céu pra mim. Mas minha mãe sempre lutou pra me colocar numa escola de qualidade. Se endividada toda, mas colocava. E a vontade de trabalhar veio da minha mãe e do meu pai. Eles ralavam muito pra dar pra mim e pra meus irmãos, um pouco de qualidade de vida e educação. E não conseguiria ser ocioso, porque tenho pavor de preguiça. Eu odeio gente preguiçosa, porque isso passa, preguiça contagia. E eu penso lá na frente, porque eu estou aqui com vocês, mas eu penso no que vai ao ar no programa hoje, eu penso no site. Sabe quanto eu gasto mandando mensagem de celular? Quase R$ 3 mil! As pessoas não tem a obrigação de me acompanhar, mas eu sou muito fonte. Quando acontece algo, elas não ligam para o programa, ligam pra mim.
NaTelinha – O jornalismo já te deu tudo que você sonhou?
Bocão – Já, sem dúvida. Poxa, eu trabalha no “padrão Globo de esporte” como repórter, ai você sai pra apostar em uma vida sua, de assessoria, monta sua empresa e de repente, você é o Bocão? Eu não posso sair na rua. O povo me ama, a elite ama e odeia, mas faz questão de tirar uma foto comigo. Mas hoje eu tenho minha casa, minha família, meus pais moram bem graças ao jornalismo. Não tenho do que me queixar.
NaTelinha – Você já pensou em desistir disso tudo?
Bocão – Não, eu sempre apostei mais. Desistir, jamais. Se tiver rádio de bobeira aí, eu pego o horário. (risos) Mas tem horas que eu chegava aqui na época de ficava quase três horas no ar, de pegar um avião e ir conversar com o Raposo (Alexandre, presidente da Record), que foi o cara que me trouxe pra cá, um cara que eu admiro e sou muito grato, porque depois daquela armação toda, ele me ligou e falou: “Agora é que eu quero você”. Porque a TV Aratu achou que eu tinha contrato com eles, e eu não tinha contrato nenhum. Mas como vazou que a Record me queria, eles não acreditavam na minha palavra. Eu queria ficar, mas eles decidiram fazer aquela armação e acharam que iriam me liquidar. Pensaram: “Não é nem daqui, nem da Record”. Foi aí que eu recebi a ligação do Raposo falando: “Amigão, aparece lá na Record agora pra assinar o contrato”. Aí o Fabiano (Freitas, ex-diretor da Record Bahia e atual diretor da Record Minas) me recebeu e eu assinei. E eu nunca pensei em desistir, eu sempre pensei em ir pra cima, o único momento em que pensei em dar uma parada nessa minha vida louca, foi quando eu estava de 12h até 14h40. Sério, eu fico imaginando o Wagner Montes no Rio, de 12h até 14h40, coitado. (risos)
NaTelinha – Já te chamaram pra ir fazer programa em São Paulo?
Bocão – Olha, não. Mas eu ia dizer: “Muito obrigado, mas eu não saio de minha terra pra nada”. Eu gosto muito do Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo da Record, é um cara fantástico, muito bacana. Se um dia pintar uma proposta, eu sei que vou dizer: “Douglas, meu irmão, eu sou muito bairrista, gosto de meu acarajé, gosto de minha praia...”. São Paulo seria fora do comum pra mim, não penso. Por dinheiro algum.
NaTelinha – E se, uma suposição, claro, a Record quisesse você em São Paulo, mas como você não quer sair daqui, apresentasse o programa daqui e fosse ao ar lá?
Bocão – Topo, na hora. Sem nem pensar. (risos) Mas o que acontece é o seguinte: programa popular cresceu muito. E eu tenho uma vontade de diminuir polícia no meu programa, se você perceber, eu já mostrei muito corpo, hoje não mostro mais. Não tem muito corpo no meu programa. Eu observei pelo Ibope que a audiência não reagia bem. Essa coisa de falar: “Ah, o Zé Eduardo é mundo cão”. Eu confesso, eu já fui mundo cão de verdade, mas a Globo mostra morto. A diferença é que ela faz isso com classe: eles ficam 2 segundos e eu 5 minutos. A Globo hoje coloca o cara entrando na viatura, gritando, a mãe chorando, porque eles sentiram a necessidade. É a guerra, amigão. É todo mundo contra todo mundo. Antes só tinham eles, agora tem a Record. Pega o Ibope e vê o que Varela faz de manhã, o que a Jéssica faz 12h, o que eu faço. Mas é bem verdade que o mundo cão tem que acabar. Você usar a miséria do povo pra ganhar Ibope, eu nunca usei a miséria do povo pra ter audiência. Sério, você quer mais mundo cão que o “Big Brother”? Se você tirar o edredom, você vai ver o que é mundo cão... (risos)
Novamente, muito obrigado à Record Bahia e ao Bocão pela entrevista. Até o próximo “Documento NaTelinha”!