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Direto da Telinha: O fim de "Uma Rosa com Amor" e o destino da dramaturgia do SBT


Por André Luiz Batista
diretodatelinha@natelinha.com.br

 



O SBT exibiu na última segunda-feira (16) o último capítulo de "Uma Rosa com Amor", novela que gerou alívio na emissora após uma sequência de tramas sem êxito na disputa pelo Ibope. De Tiago Santiago e direção de Del Rangel, o folhetim terminou com média de 6 pontos, com erros e acertos que se estenderam do primeiro ao último capítulo.


Embora tivesse uma proposta de remake, aos poucos "Uma Rosa com Amor" foi ganhando identidade própria e se desvinculando do original de Vicente Sesso. Não havia Zé Pistola e nem fantasmas no roteiro que foi exibido pela Globo há mais de trinta anos. Se por um lado "Uma Rosa com Amor" ficou mais atual e interessante, por outro, o telespectador não se deparou com nada de novo, apenas mais do mesmo.

 

 


Divulgação/SBT

 



Em seus 145 capítulos, "Uma Rosa com Amor" conseguiu cumprir seu objetivo de ser uma trama leve, engraçada e divertida. O telespectador que voltava para casa após um dia de trabalho tinha uma boa opção, ainda mais na época em que ia ao ar a complicada "Tempos Modernos" e a dramática "Viver a Vida" na Globo.


O telespectador do SBT - ratificando, do SBT - teve bons motivos para acompanhar a história do francês que buscava um visto provisório no Brasil. Entretanto, quem acompanha os trabalhos de Tiago Santiago e de Del Rangel não encontrou nada de muito interessante.


"Uma Rosa com Amor", nas histórias inseridas por Santiago, reunia inúmeras receitas já aplicadas pelo autor na Record. A perseguição de Zé Pistola, que era capacho de Dr.Egídio (Carlo Briani), à inocente Serafina (Carla Marins) não era nada diferente do que Lopo (Leonardo Vieira) fazia com Gerião (André Segatti) para atingir Daniel (Marcelo Serrado) em "Prova de Amor" e menos ainda diferente do que Nestor (Leo Rosa) armava para Amadeus (Luciano Szafir) em "Promessas de Amor".


Também houve repetição na história dos gêmeos, trama que Tiago Santiago repete exaustivamente em todas suas novelas, salvo "A Escrava Isaura". Houve os gêmeos Eduardo e Joãozinho (Pedro Malta) em "Prova de Amor" e Marco Aurélio e Marco Antônio (Ricardo Pereira) na mesma trama. Mais gêmeos em "Os Mutantes", com Samira e Maria (Bianca Rinaldi) e Cristina e Estela (Françoise Forton). Dessa vez, Antoninho e Hugo (Rubens Caribé) foram os gêmeos da vez.


O telespectador também pode perceber um certo dejavù em algumas situações. Os bombons envenados de Serafina são os mesmos bombons envenenados do primeiro capítulo de "Caminhos do Coração" e que vitimaram Mabel (Sabrina Greve). A luta por um revólver entre Nara (Mônica Carvalho) e Elisa (Márcia Kaplun) e o tiro, no qual o telespectador não sabia o atingido, é a mesma de Marco Aurélio e Murilo (Sérgio Abreu) em "Prova de Amor". E a mensagem dramática de uma mãe que deixa a filha, protagonizada por Nara e Raquel (Marina Stacciarini) é quase idêntica à da estreia de "Caminhos do Coração", mesma cena a que me referi acima. Por fim, os fantasmas que Joãozinho via e a oração que os expulsou são cenas idênticas às veiculadas no final de "Prova de Amor", em que o vilão Lopo era visto pelas crianças em forma de fantasma e que a Tia Mágica (Helena Xavier) e Velho Gui (Rogério Froes) espantaram após um ritual espiritual - o qual, que fique claro, não estou criticando.

 

 


Mônica Carvalho no papel de Nara em "Uma Rosa com Amor"
Divulgação/SBT

 



Enfim, o texto de "Uma Rosa com Amor" não foi criativo. Esse fato não chega a ser um demérito, pois o telespectador corresponde, mas não é um mérito, pois remete à repetições de fórmulas e pouca criatividade.


Na produção, houve evolução no decorrer da novela. Ecos foram corrigidos e a escuridão de algumas cenas, gravadas com densos efeitos que ajudavam a afastar o público, foram substituídos por um tom agradável, bonito e leve, de acordo com o que a alta definição propõe. Apesar disso, alguns erros imperdoáveis foram cometidos em outros pontos. Uma marca de monitores para computadores, uma fabricante de celulares e uma fabricante de geladeiras devem ter se sentido prestigiadas ao verem tanta publicidade que provavelmente saiu de graça. Afinal duvido muito que uma fabricante de celulares pagaria algum centavo para ver sua marca associada a um diálogo entre dois vilões que trocam MMS (recurso de envio de fotos) para armar a morte da mocinha.


As falhas de "Uma Rosa com Amor" são aceitáveis considerando que o SBT não tem vasta experiência na dramaturgia, devido ao fato de toda equipe ter sido alterada com a chegada de Del Rangel e da falta de continuidade no departamento. Entretanto, de Tiago Santiago, autor do sucesso "Prova de Amor" e da bem sucedida saga dos mutantes, e de Del Rangel, diretor de grandes clássicos como "Sangue do Meu Sangue" e "Éramos Seis", acreditava que viria um produto com menos erros - e o mais importante - sem erros primários, afinal nenhum deles chegou à dramaturgia em "Uma Rosa com Amor".


Para completar, vem ai "Corações Feridos". Notas já circulam na imprensa de que o orçamento será enxuto, um elenco sem grandes nomes e um remake mexicano. E a continuidade? E os investimentos? Vem aí mais um produto? Novela só deve ser vista como um simples produto pelo departamento comercial da emissora. Para o autor, cada novela é uma novela, como o próprio nome diz. Para o telespectador, é uma história que vai acompanhar diariamente por meses e meses. Não é possível conquistar qualquer tipo de êxito com um tratamento desse tipo ao setor.
 

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