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NaTelona: A perda de limites em busca do prazer


Por Tatiana Bruzzi



Em minha última coluna comentei que meu programa para o fim de semana estava garantido. Iria assistir a estreia de Meu Nome não é Johnny no canal a cabo Telecine Premium. O filme, baseado em fatos reais, narra a trajetória de João Guilherme Estrella (Selton Mello), o maior traficante do Rio, na década de 90, desde sua entrada no submundo das drogas até sua redenção.

 



De classe média, criado na zona sul da cidade, João frequentou os melhores colégios e sempre andou na companhia de jovens pertencentes às famílias mais influentes do Rio de Janeiro.


Quando jovem se tornou adepto a esbórnia, o que acabou acarretando sua entrada no universo das drogas. Daí para o tráfico foi um pulo.


E assim começa a trajetória de Johnny, ou melhor, João Estrella. O que começou como um grande “barato”, acabou tomando uma proporção maior do que a esperada. O jovem perdeu o controle e quando se deu conta, já havia se tornado traficante internacional.


João estragou parte da sua vida por muito pouco. O que ganhava com as drogas, gastava com ela. O prazer do rapaz era vender, consumir, depois vender novamente, consumir mais uma vez... Ganhou muito dinheiro e perdeu na mesma proporção, graças ao seu vício. E, para não dizer que dessa história nada levou, curtiu uns tempos na Europa com Sofia (Cleo Pires), sua grande paixão.


Quando foi preso (1995), a família do jovem precisou se desfazer do único bem para custear sua defesa. Aguardou o julgamento em cárcere privado, já que foi preso em flagrante. Durante o processo, passou por maus momentos. Entre eles, o abandono de sua amada.


Por fim, após se declarar culpado devido sua dependência química, conseguiu amolecer o coração da Juíza Marilena Soares (Cássia Kiss), considerada uma das mais rigorosas na época, e ser condenado a tratamento num hospital psiquiátrico. Onde permaneceu até 1997.


Hoje, João Guilherme Estrella é cantor, compositor, produtor musical e empresário de artistas como Ivo Meireles (Funk na Lata).


Pontos positivos e negativos


Sucesso de bilheteria em 2008, Meu nome não é Johnny, como toda produção, tem seu lado positivo e negativo. Pra começar, acredito que tenha conquistado essa posição graças a repercussão na mídia. No geral, confesso que esperava bem mais. Não por causa da atuação dos atores. Como sempre, Selton Mello está um monstro na interpretação. Assim como Cássia Kiss, Luis Miranda, e Eva Todor. Essa última, no papel da “Vovó do Pó”... Simplesmente hilária!


Cleo Pires não fez feio. Se a ideia, em relação a Sofia, era mostrá-la bem menos apaixonada que ele, deu certo. Já Julia Lemmertz, que interpretou a mãe de João, apareceu muito pouco. Uma pena, por sinal.


A trilha sonora não chega a ser algo marcante, mas foi uma boa cartada colocar as sequências de “transação” ao som de AA UU, dos Titãs. Em compensação, a cena de João Estrella cantando Roberto Carlos para Sofia não me empolgou.


A corrupção na polícia está muito bem retratada, assim como a dependência entre os “playboys classe média” da história. Bem se vê que não se trata de fatos isolados ou recentes. E sim, presentes em nosso dia-a-dia há anos.


Não quero parecer pessimista e muito menos àquela que não se sensibiliza com a regeneração de um jovem. Muito pelo contrário. Só não podemos fechar os olhos para a parcela de culpa que essa mesma juventude tem, em relação ao crescimento do tráfico nas grandes cidades.


Finalizando, para mim uma das melhores cenas do filme é quando João se vê obrigado, por um grupo de detentos, a servir de intérprete numa cela onde havia somente africanos. Não vou contar o que acontece, porque aí perde a graça. Você tem que assistir.

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