A brasilidade de Ary Barroso no palco do Som Brasil
Publicado em 17/09/2008 às 04:26
“Quero deixar às futuras gerações alguma coisa que o tempo não destrua.” Se a intenção de Ary Barroso, autor desta frase, era se imortalizar por seu trabalho, ele fez a lição de casa com louvor. Tempo nenhum há de apagar a força dos versos de “Aquarela do Brasil”, considerada o hino alternativo do país, ou de músicas como “Morena Boca de Ouro”, “A Baixa do Sapateiro”, “No Rancho Fundo”, “Na Batucada da Vida”, para citar algumas das mais de 260 canções compostas por um dos nomes mais importantes da cultura brasileira.
Ary Evangelista Barroso nasceu em Ubá, Minas Gerais, no dia 07 de novembro de 1903. Órfão de pai e mãe, aos sete anos aprendeu a tocar piano com uma tia. Aos 18, Ary Barroso mudou-se para o Rio de Janeiro, para cursar a faculdade de Direito. Inventor do samba-exaltação, Ary Barroso foi narrador esportivo apaixonado e militante pioneiro da luta pelo direito autoral, tornou-se compositor-ícone da era do rádio e foi apresentador de um dos programas mais populares das décadas de 1940 e 1950: “Calouros em Desfile”, em que foram revelados nomes como Dolores Duran e Elza Soares.
A responsabilidade de interpretar alguns dos clássicos de Ary Barroso no ‘Som Brasil’ está a cargo de Daniela Mercury, que além de interpretar o “hino” “Aquarela do Brasil”, canta “Isto aqui o que É”, “Pra Machucar meu Coração” e “Risque”. “O repertório de Ary Barroso é muito importante, ele cantou muito o Brasil e a Bahia, e suas músicas são muito presentes na minha vida”, disse a baiana durante a gravação do programa.
Uma das maiores revelações da atualidade, a cantora potiguar Roberta Sá entoa “Morena Boca de Ouro”, “Faceira” e “Foi Ela”. “O Ary é uma das maiores referências de MPB no mundo. Ele era apaixonado pelo Brasil e o que tenho em comum é esta paixão incondicional pelo nosso país”, falou Roberta.
Nascido na Lapa, no Rio de Janeiro, o grupo Casuarina ganhou repercussão nacional revisitando o choro e o samba. No ‘Som Brasil’ em homenagem a Ary Barroso, o grupo interpreta “Camisa Amarela”, “Na Baixa do Sapateiro” e um medley de “Quindins de Iaiá” e “No Tabuleiro da Baiana”.
Fundindo tradição e inovação, o contratenor pernambucano Fênix canta “É Luxo Só”, “No Rancho Fundo” e “Na Batucada da Vida”. O intérprete admite que achava Ary Barroso muito conservador. “Mas depois me dei conta de que ele era boêmio, trovador, um apaixonado pelo país”, falou Fênix.
‘Som Brasil’ é escrito por Flávio Marinho e Rafael Dragaud e tem direção de Sergio Cunha, com direção geral de Luiz Gleiser. A produção musical leva as assinaturas de Guto Graça Mello, Ricardo Leão e Guilherme Dias Gomes e a coordenação musical é de Wagner Faria. Fernando Schmidt assina a cenografia do programa. ‘Som Brasil’ em homenagem a Ary Barroso foi gravado nos dias 18 e 19 de agosto, nos estúdios da Central Globo de Produção, no Rio de Janeiro, e será exibido no dia 26 de setembro, sexta-feira, logo após o ‘Programa do Jô’. A próxima edição, a ser exibida em outubro, presta homenagem ao centenário de Cartola.