Entrevista exclusiva

Eduardo Moscovis elogia No Rancho Fundo e critica machismo de vilão: "Figura que conhecemos bem"

Ator reflete sobre temas suscitados por Ariosto, que deve ter fim trágico em desfecho nesta sexta (1º)


Eduardo Moscovis
"Tivemos cenas longas, de até quatro páginas, que são cada vez mais raras", diz Eduardo Moscovis em balanço sobre No Rancho Fundo - Foto: Globo/Manoella Mello

O vilão Quintino Ariosto deve ser castigado com um fim trágico em No Rancho Fundo, que termina nesta sexta-feira (1º) na Globo. O malvadão da novela das 18h até ensaiou uma redenção, festejada pelo ator Eduardo Moscovis, mas voltou para o lado do mal após ser rejeitado por Zefa Leonel, papel de Andréa Beltrão.

Em coletiva de imprensa na reta final das gravações, com a presença do NaTelinha, Eduardo Moscovis comentou: “Esse é um personagem tipicamente machista. É uma figura que conhecemos bem como esses coronéis da vida, que são poderosos, que mandam, compram, que não podem ser questionados”.

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“Há duas questões nele relacionadas à masculinidade: achar que foi traído e, depois, quando se abre, muito genuinamente, quase que de uma forma adolescente, conhecendo pela primeira vez um sentimento amoroso, e toma um 'não'. Isso detona a raiva desse cara. Ele fica mais amargurado, ressentido, sem saber dialogar, sem saber lidar com o emocional.”

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Para o ator, o vilão é o retrato de homens com dificuldade para demonstrar afeto. “Conheço pessoas que não conseguem abraçar o outro, um filho, um pai, um amigo. Nós, homens, ainda temos esse peso de não saber demonstrar afeto. O Ariosto é um típico cara desse, que não sabe abraçar nem ser abraçado.”

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Questões evocadas pela trama, como machismo e masculinidade tóxica, têm outro tratamento com as gerações mais jovens. Pai de duas moças e um rapaz, ele diz: “Tenho filhos entre 12 e 25 anos. Acho que para eles a relação, principalmente a sexualidade, é muito mais bem resolvida”.

“É uma galera que aparentemente vai conseguir lidar melhor com suas questões, dúvidas, incertezas e investigações. Pode ser que eles tenham outras questões, que a gente de repente não teve, mas em relação à sexualidade e às relações, às trocas e afetos, acho que eles estão bem adiante.”

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Eduardo Moscovis lamenta não ter aproveitado mais a fase “boa” de Ariosto

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O ator conta que gostaria de ter aproveitado mais a fase “boa” de Ariosto, em que o personagem se descobriu apaixonado por Zefa Leonel e se aproximou do filho Artur (Túlio Starling). A redenção do crápula, entretanto, durou pouco na trama das seis, e ele deve terminar morto por Deodora (Débora Bloch).

“Tenho a impressão que se a Zefa tivesse dito 'sim' para esse cara, ele ia mudar. Ele já estava mexendo na terra, ouvindo passarinho cantar, literalmente, olhando para o nascer do sol... Um cara que só pensava em dinheiro. Estava lindo ver esse desabrochar.”

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Moscovis frisa que acredita na redenção das pessoas. “Acredito muito. Se não acreditar, ferrou (risos). Se a gente for pensar hoje, como está a sociedade, o país, o mundo...”

“Somos o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Isso é gravíssimo. Se eu não acreditar que a gente pode mudar, o que eu faço? Temos que acreditar numa mudança nossa, dos outros e consequentemente da sociedade.”

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Veterano elogia No Rancho Fundo e lembra outras fases da Globo: “Capítulos chegavam um dia antes”

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Ao fazer um balanço de No Rancho Fundo, Eduardo Moscovis é só elogios. “O produto novela tem muitas coisas legais, entre elas é você entrar sem saber o que vai acontecer, o que se assemelha à vida. Você pode desenhar, indicar, se esforçar e torcer, mas tem horas que não é [o planejado]. Existe mais ou menos uma coisa encaminhada, mas o percurso pode mudar completamente.”

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Ele conseguiu conciliar as gravações com a peça Duetos, em que contracena com Patricya Travassos. “Tivemos uma frente boa de novela, com algumas semanas. Isso ajuda muito a gente a se organizar. Já houve fases em que os capítulos [de outras novelas] chegavam um ou dois dias antes [de irem ao ar].”

“Também tivemos cenas longas, de até quatro páginas, que são cada vez mais raras. E são cenas boas de diálogos, com coisas para se falar, com variação de ritmo, intensidade e emoção.”

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Nos bastidores, a equipe se mostrou entrosada. “O elenco é muito coeso e talentoso, que estuda e vê a novela. Temos um grupo de atores em que comentamos um o trabalho dos outros, como um time mesmo. É utópico isso, mas às vezes acontece”, celebra o ator.

Assista à abertura de No Rancho Fundo:

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