Maria Gladys sobre remake de Vale Tudo: "Imagina! Não quero nem ver"

Musa do cinema marginal entre as décadas de 1960 e 1970, Maria Gladys teve um de seus papéis mais marcantes na TV como a divertida faxineira Lucimar na novela Vale Tudo – clássico exibido entre 1988 e 1989 que deve ganhar uma nova versão na Globo em 2025. Ao ser questionada sobre o remake, a atriz tem uma reação imediata: “Imagina! Não quero nem ver!”.

“Uma outra Vale Tudo, eu acho um perigo! ‘Nada será como antes’, como diz a música. Vale Tudo, houve uma, aquele espetáculo! Foi um marco para a televisão e para todos os atores. Agora, é outra história”, opina Maria Gladys, em entrevista exclusiva ao NaTelinha por telefone.

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Ela prevê que as críticas deverão ser duras. “Remake é uma coisa tão delicada! Fica todo mundo comparando. ‘O outro era melhor, essa não faz bem, eu gostava era da Regina Duarte’... Não é assim?!”, comenta. E prefere não palpitar sobre qual atriz da nova geração poderia dar vida à “nova Lucimar”:

“Não quero nem ver quem vai fazer meu personagem! Em novela, o papel vai se desenvolvendo conforme o ator vai contribuindo. Então, eu tenho muito a ver com o meu personagem. Eu inventava algumas coisas, eles [os autores] gostavam, criavam em cima da minha invenção... Agora, um remake vai ser outra coisa. E tem mais é que ser outra coisa mesmo!”

Maria Gladys

Escrita por Gilberto Braga (1945-2021), Leonor Bassères (1926-2004) e Aguinaldo Silva, a primeira versão de Vale Tudo fez história na Globo. A releitura é mantida em sigilo, mas já se sabe que a autora Manuela Dias está envolvida na adaptação, encomendada para as comemorações dos 60 anos da emissora.

Ainda a respeito do projeto, Maria Gladys explica que não torce contra: “Não tenho que discordar ou aceitar nada. Quase não vejo televisão... Que sejam felizes e tenham sucesso! Que seja bom para quem gosta de assistir e para quem vai trabalhar, ganhar seu dinheiro na sua profissão. A gente só quer o bem… Pelo menos eu, né?! Que votei no Lula! (risos)”, dispara.

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Dos bastidores da novela de 1988, ela tem poucas lembranças marcantes, mas revela um incômodo: “Eu adorava gravar, mas outros atores daquela época reclamam muito por ter que esperar pelas gravações. Eu aproveitava para decorar o texto. Não sei se melhoraram, mas alguns eram muito chatos!”.

“Os atores não ganham todo mês. Quando você é contratado pela televisão, é ótimo. Você está trabalhando, está ganhando, está com tudo em cima! Achava aquilo [as reclamações] horrível! Ranzinzas, sabe? Alguns tinham bronca de fazer novela, mas eu fazia sempre com a maior alegria.”

Maria Gladys

Sobre a neta Mia Goth: “É uma menina muito reservada, inglesa, mantém aquela discrição”

Aos 84 anos, Maria Gladys virou assunto nas redes sociais nos últimos dias por causa da neta, a atriz inglesa Mia Goth, protagonista de MaXXXine, que chega aos cinemas na quinta-feira (11). Trata-se do último título de uma trilogia de terror – sequência de X: A Marca da Morte (2022) e Pearl (2022) – que conquistou uma legião de fãs pelo mundo.

Em material de divulgação do novo longa por aqui, Mia Goth foi apresentada como “neta da atriz brasileira Maria Gladys”. O parentesco, quando descoberto pelos internautas há alguns anos, rendeu vários memes.

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A avó se derrete: “Mia nasceu atriz, é muito inspirada. Ela tinha três anos, e eu já sabia que ela era atriz. É uma garota espetacular, fabulosa. Sabia que ela seria esse sucesso”. Ela ainda não conhece a bisneta, Isabel, que já tem 2 anos e é fruto da relação de sua neta com o também ator Shia LaBeouf.

“Mia é uma menina muito reservada, inglesa, então mantém aquela discrição, vive a vida dela. Não fala: ‘Ah, estou indo aí, vó, mostrar a minha filha’. Queria estar mais perto dela, curtindo mais, mas é tão longe onde ela está... Só sei que ela gosta do Brasil! Quando eu perguntava por que ela gosta tanto do Brasil, ela respondia, com aquele sotaque: ‘Vó, eu gosto da gente e da comida’. Acho isso o máximo!”

Maria Gladys

Longe da TV, Maria Gladys se diz disposta ao trabalho: “Atriz não tem idade”

Com alguns convites e demandas de entrevistas nesta semana, por conta do sucesso da neta, Maria Gladys deixou por uns dias o sítio em que vive em Santa Rita de Jacutinga, no interior de Minas Gerais, para voltar à agitação do Rio de Janeiro, onde viveu por décadas.

Seus últimos trabalhos na TV foram nas séries Sexo e as Negas (2014) e Pé na Cova (2016), e a última novela foi Aquele Beijo (2011); todos a convite do amigo Miguel Falabella. “Quase tudo que fiz na televisão foi com o Miguel. É um cara que eu adoro, e ele sempre me dava um personagem. Não tenho feito televisão porque o Miguel também não tem feito televisão”, resume.

Nos últimos anos, Gladys teve trabalhos pontuais no cinema. O próximo filme a ser lançado é A Fúria, em que retomou a antiga parceria com o cineasta Ruy Guerra. Ela lamenta ter tido pouco contato com o diretor durante as gravações. “As coisas hoje são tão fechadas em si. Quando acabou a filmagem, fiquei andando no estúdio, correndo para falar com ele, mas não consegui.”

A veterana, que completa 85 anos em novembro, garante estar em plena forma para o trabalho, à espera de convites. “Estou sempre disponível. A gente trabalha sempre, seja fazendo papel de tia, de mãe, de avó… Atriz não tem idade.”