O que aconteceu com Pedro de Lara, o jurado do Show de Calouros?
O ator é um dos jurados mais lembrados da TV brasileira
Publicado em 01/06/2021 às 05:55,
atualizado em 01/06/2021 às 10:25
Pedro de Lara morreu há 14 anos, mas é lembrado até hoje pelo público como um dos jurados mais importantes do Buzina do Chacrinha, na Tupi, e no Show de Calouros do Programa Silvio Santos, no SBT. O nome do comediante voltou a mídia no último domingo (30), quando foi reprisado o diálogo bastante descontraído que ele teve com Xuxa Meneghel em 1990 na atração comandada pelo homem do baú.
Nascido em 1925, em Bom Conselho, Pernambuco, Pedro de Lara se tornou jurado do Buzina do Chacrinha no final da década de 1960. Paralelamente, ele trabalhava na Rádio Tupi do Rio de Janeiro em um quadro em que interpretava sonhos. Com seu jeito ranzinza, transformou-se em um dos mais queridos do público.
Nos anos 70, Pedro se transferiu para o Programa Silvio Santos e compôs o júri do Show de Calouros. A partir dos anos de 1980, quando já existia o SBT, que o ator se transformou numa marca da atração. As brincadeiras com Sérgio Mallandro, que vivia lhe pregando peças, deixando-o “nervoso”, divertia os telespectadores, principalmente com seus provérbios.
“Meu primeiro programa de rádio, há mais de 40 anos, foi ‘O Sonho É um Aviso’, no qual interpretava sonhos, na pequena rádio Rio de Janeiro. Depois fui sendo convidado para decifrar sonhos em outras rádios, como a Globo, até que ingressei na TV Tupi, no programa da Cidinha Campos. Escrevi em revistas como ‘Amiga’ e ‘Sétimo Céu’ e acabei parando no programa do Chacrinha, onde fui contratado como jurado em 1964 e fiquei seis anos. Aí comecei a trabalhar com o Silvio Santos, com quem fiquei direto, de 1970 a 1997. Conheci o Silvio há tanto tempo. Como é a vida, né? Agora ele é um dos homens mais ricos do mundo e eu, um dos mais pobres da classe artística”, disse ele em entrevista para a Folha de S. Paulo, em 1999.
Ele também passou a integrar o elenco do programa do palhaço Bozo. Pedro foi o criador de Salci Fufu, parceiro de Papai Papudo (Gibe) e Vovoó Mafalda (Valentino Guzzo). Com seu estilo autêntico, era muito querido pelos adultos e, principalmente, com as crianças.
Pedro tinha um estilo conservador e fazia questão de assumir isso. “Sou um conservador, um defensor dos princípios da família e da moral. Nunca aceitei que ninguém cantasse sem sutiã, nem com minissaia, que se tornou coqueluche anos atrás. Sempre tomei medidas enérgicas contra isso, até ameaçando me retirar quando o candidato era muito acintoso”, explicou.
“Eu sou é muito machista, totalmente. Porque o homem é a cabeça da mulher. Minha mulher manda aqui em casa até certo ponto - e se não fosse assim ela não gostaria de mim, porque mulher gosta de ser mandada pelo homem que ela ama. É uma tendência natural do sexo feminino. Tanto é que a leoa é que caça para o leão, ele não faz nada”, completou.
Porém, quando questionado sobre seus longos cabelos, o ator era irônico. “Eu acabei concluindo que cabelo comprido no homem é um sinal de sabedoria, tradição e respeito. Só os grandes homens da história é que mantiveram longos cabelos, inclusive Jesus e Tiradentes. A mulher é que imita o homem, deixando o cabelo crescer”, comentou aos risos.
Com o fim do Show de Calouros, em 1996, o humorista se tornou jurado do Gente Que Brilha em 1997, mas ficou por pouco tempo. Ele só retornou para a televisão em 1999, interpretando o personagem Pedro de Vara, no humorístico Ô... Coitado!.
Em 2000, o Programa do Ratinho realizou um concurso de calouros e Lara integrou o elenco, não fugindo da sua característica: rabugento e com tiradas sarcásticas após ver as apresentações dos participantes. Em 2001, afastou-se da TV e só voltou em 2004, quando participou de Meu Cunhado e retornou ao júri do Gente que Brilha, que durou até 2005.
Pedro de Lara fora da TV
Fora da televisão, Pedro de Lara teve uma carreira bastante extensa no cinema. Entre os anos de 1970 e 1980, foi figura cativa do gênero pornochanchada. Entre tantas produções que participou, destacou-se em Emoções Sexuais de um Cavalo (1986), A Máfia Sexual (1986), Bonitas e Gostosas (1979) e As Taradas Atacam (1978). Também escreveu, produziu e protagonizou o filme infantil Padre Pedro e a Revolta das Crianças (1984).
Trabalhou como astrólogo nas revistas Amiga e Sétimo Céu e radialista na Rádio Atual. O artista foi empresário da sua esposa, Mag de Lara, e adorava cantar, conforme adorava afirmar em todos os programas que participava. “No meu disco o pau come, é nordestino da bexiga porreta”.
Em 1999, lançou o Livro da Sabedoria, que tinha pensamentos engraçados e bem caricatos, com frases como “Todo pai corujão faz do seu filho um bobão” e “O filho quando não presta é espermatozóide estragado”.
“De tanto viver e sofrer, tem de saber escrever... Se um dia você está preocupado, é só abrir meu livro e botar o dedo em uma frase. Todos nós temos nosso dom espiritual. Se ele vem para você, não se queixe do que Deus lhe deu. Esse livro será ampliado brevemente, terá mais umas 40 páginas. Hoje mesmo escrevi uma coisa: ‘Quanto mais altura, mais curvatura, todo alto é curvo’”, contou ele em entrevista.
Morte de Pedro de Lara
Em 2001, Pedro de Lara descobriu que estava com câncer de próstata e lutou contra a doença ao longo de seis anos. No dia 13 de setembro de 2007, ele passou mal e foi levado para a clínica Climede, em Irajá, Rio de Janeiro. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram.
Elke Maravilha demonstrou muita tristeza ao comentar o falecimento do amigo. “Conhecia Pedro desde 1972 e tive a honra de me tornar sua amiga. Ele tinha mania de nos presentear com gotas de sua sabedoria nos momentos em que menos esperávamos”, contou.
Sérgio Mallandro também desabafou ao perder o colega. “Perdemos um grande humorista, e eu perdi um grande amigo. O sucesso do 'Show de calouros' foi [devido] ao Pedro de Lara. Ele animava as tardes de domingo com uma criatividade invejada. Quem não se lembra da frase: 'dá um close que esse close dá ibope'?”, relembrou na ocasião.
O velório de Pedro de Lara aconteceu no período de noite, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia. O enterro ocorreu no Cemitério São Francisco Xavier, conhecido popularmente como Cemitério do Caju, na Zona Portuária da cidade carioca.
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