Disney+ patina no Brasil, mesmo com reforço dos Simpsons após 1 ano
Plataforma tenta se reposicionar no Brasil com parcerias locais com o SBT e Record
Publicado em 27/07/2025 às 06:17
O Disney+ completa 5 anos no Brasil em novembro, e em junho marcou 1 ano desde seu relançamento, quando integrou todo o conteúdo do Star+. Apesar do reforço, a plataforma do Mickey Mouse ainda enfrenta dificuldades para alavancar sua audiência no país, ocupando as últimas posições entre os serviços de streaming. Dois fatores podem ajudar a explicar esse cenário: o preço alto da assinatura e a falta de lançamentos constantes de séries hits.
A fusão entre Disney+ e Star+ foi uma estratégia da Disney para unificar seus streaming e tornar a plataforma mais competitiva. Inicialmente separados para segmentar públicos — Disney+ voltado ao conteúdo familiar e Star+ ao adulto — os dois serviços geravam confusão e custos extras. Como muitos usuários já usavam ambos via Combo+, a integração buscou simplificar o acesso, ampliar o catálogo e fortalecer a presença da marca no mercado brasileiro.
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Os principais títulos que foram incluídos com fusão foram This Is Us, The Bear, Grey’s Anatomy, American Horror Story, The Walking Dead, Dopesick, Outlander, Os Simpsons, Modern Family, Futurama, Arquivo X, Homeland e How I Met Your Mother.
Segundo a Kantar Ibope Media, em junho de 2025 o Disney+ teve apenas 0,3% de participação no segmento de Vídeo Online via TV conectada no Brasil, ficando muito atrás de líderes como YouTube (13%) e Netflix (4,8%), o que evidencia a dificuldade da plataforma em conquistar audiência local, apesar de sua força de marca mundial.
O streaming do Mickey tem planos que vão de R$ 66,90 (sem anúncios) a R$ 27,99 (com anúncios), enquanto a Netflix oferece opções mais acessíveis, variando entre R$ 59,90 e R$ 20,90 com anúncios.
Nenhuma das séries que mais geram frisson entre o público em 2025, como Wandinha, Stranger Things e Round 6, pertence ao catálogo do Disney+. Em tempos de cortes no orçamento do brasileiro, o custo-benefício acaba pesando na escolha, e a plataforma acaba sendo deixada de lado.
Disney fecha acordo com SBT e Record
Para impulsionar seu streaming no Brasil, o Disney+ optou por concentrar todo o seu portfólio na plataforma, retirando praticamente todo o conteúdo da TV aberta e parcialmente na paga. No entanto, essa estratégia tem um efeito colateral: ao ficar fora do alcance do grande público, seus personagens e produções acabam perdendo espaço na criação de novas memórias afetivas entre os brasileiros, algo essencial para manter a relevância cultural da marca no país.

Essa preocupação já esteve no radar da Disney, que, pensando nisso, mantinha o programa Mundo Disney diariamente no SBT, em um contrato de 4 anos que durou até 2018. Hoje, a principal referência da marca para o público brasileiro continua sendo seus filmes exibidos nos cinemas.
Buscando uma reação no país, o Disney+ firmou parcerias com o SBT para transmitir programas como A Caverna Encantada e o Troféu Imprensa. Também fechou acordo com a Record para exibir a bíblica Paulo, O Apóstolo.
Agora, o estúdio negocia a coprodução de novelas brasileiras e fechou uma parceria com Boninho para o The Voice. Essas movimentações indicam que o Disney+ está tentando se reposicionar no mercado brasileiro.
Ao buscar parcerias com emissoras nacionais e investir em conteúdos mais próximos da realidade e dos hábitos do público, a plataforma sinaliza uma mudança de estratégia: sair do pedestal do entretenimento internacional e mergulhar na cultura popular do país.
Resta saber se esse esforço de “abrasileiramento” será suficiente para transformar audiência em engajamento e reconquistar o espaço que a marca já ocupou no imaginário coletivo do Brasil.