Colunas

O Observador: Quando, sem querer, um programa expulsa o público


95f68f7148ba8f87d161e94199b91160.jpg
Fotos: Divulgação/TV Globo
É incrível como, para quem faz televisão, há várias formas de se falar com o público. O “Encontro” desta terça-feira (02), apresentado por Fátima Bernardes, e o “Esquenta" levado ao ar no último domingo (31), feito por Regina Casé, abordaram superficialmente a questão do autismo. Qualquer um sabe que o grande risco que dois programas correm ao investir na mesma pauta é a exposição a comparações. 
 
Para falar um pouco sobre crianças autistas e alertar a respeito da importância de se obter o diagnóstico precoce, Regina Casé levou ao palco do "Esquenta" o criador de uma ONG onde crianças autistas são recebidas e etc. Nesta terça-feira, Fátima Bernardes falou com um médico que trabalha nos Estados Unidos e se especializou em casos do tipo.
 
Para quem viu os dois programas, ficou claro uma coisa: sem querer, o "Encontro" mira em um tipo de telespectador, enquanto o "Esquenta" se comporta como metralhadora giratória com alcance infinito. 
 
Que o programa de Fátima Bernardes mudou muito desde a sua estreia, não é novidade. E mudou pra melhor. A apresentadora vem conseguindo ter o domínio da atração e ao mesmo tempo dá completa liberdade aos convidados, além de interagir mais com o público. Mas se tem uma coisa que a jornalista ainda não consegue fazer é algo que Regina Casé faz com maestria, talvez até como ninguém na televisão brasileira: falar com todos os públicos.
 
Fátima Bernardes ainda não conseguiu retirar completamente a vestimenta que usava no "Jornal Nacional" e, por conta disso, limita totalmente o público que assiste ao seu programa. Prova disso é o fato de estar estagnada nos números do Ibope e, vez ou outra, conseguir a liderança no horário.  
 
Regina Casé não. Há quem não goste, mas não há quem não entenda. O que faz de Regina uma comunicadora nata é ter a capacidade de, mais do que falar com todos os públicos, atrair a todos. Ir de uma comunidade carente, conseguindo retirar material de qualidade de quem cada vez mais perde espaço numa programação que marginaliza, ao planalto central entrevistar a presidente do país com técnica e simplicidade.
 
As duas, tanto no "Encontro" desta terça como no "Esquenta" de domingo, deixaram bem claro para o público: Fátima ainda precisa pescar antes de fazer perguntas a um convidado, Regina não. E isso faz toda diferença para quem está assistindo ou pretende assistir. 
 
A música de abertura do "Esquenta" denuncia por si só. "Alô, regina! É tão gente fina que sabe chegar. Em qualquer esquina. Lá na cobertura, na laje ela está", diz a canção. Precisa de mais?

 

Breno Cunha escreve sobre mídia e televisão há quatro anos e sempre foi conhecido por grandes discussões provocadas por suas críticas. No NaTelinha não é diferente. Converse com ele: brenocunha@natelinha.com.br / Twitter @cunhabreno

 
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado