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Roda o VT: Enlatados brasileiros na TV paga?
Por Redação NT
Publicado em 07/11/2012 às 11:10
A Fox manifestou o desejo de produzir no Brasil remakes de algumas de suas produções de sucesso, como "Anos Incríveis", "Malcolm" e "How I Met Your Mother", com o intuito de se aproximar do telespectador brasileiro e ao mesmo tempo cumprir a nova legislação de canais fechados, conforme noticiou o NaTelinha.
Este tipo de investida é sempre um risco. Se lançamentos inovadores em TV aberta no Brasil sofrem tantas dificuldades para emplacar, na TV paga não é tão diferente assim. Embora o compromisso com a audiência seja totalmente diferente, o público é exigente. Além disso, como o mercado brasileiro na TV fechada ainda é muito pequeno, as produções sofrem sérias dificuldades em produção e elenco e, se não for um projeto com uma base muito sólida, como geralmente ocorre nos canais Globosat e HBO, por exemplo, as chances de um fiasco são grandes.
O histórico de remakes de enlatados americanos não é dos mais animadores. Em 1999, a Columbia em parceria com a Band, resolveu fazer as versões nacionais de dois sucessos de seu catálogo de sitcoms: a comédia familiar "Who’s The Boss?" ("Quem é o Chefe?", estrelada por Tony Danza e que revelou Alyssa Milano, por aqui antigamente exibida no canal pago WBTV) e a politicamente incorreta e escrachada "Married... With Children" ("Um amor de Família", que passava no canal Sony e na própria Band na época), que viraram "Santo de Casa" e "A Guerra dos Pintos".
As duas séries tinham em comum a base em sucessos dos anos 80, mas com adaptação brasileira muito infeliz, consistindo basicamente em tradução literal dos roteiros americanos. Remando contra a maré da falta de tradição brasileira em sitcoms, e tentando emplacar um estilo que já estava em plena decadência nos Estados Unidos (o da comédia doméstica orientada para a família), deixou como lembrança apenas a atuação de Henrique Stroeter como patriarca dos Pintos. Atualmente, ele, que já foi o Perônio do "Castelo Rá Tim Bum", é o pai de Jaime Palillo em "Carrossel".
A família do Jaime, por sinal, daria um belo seriado solo. E "Carrossel" também é um remake, mas de uma novela latina, formato ao qual estamos muito mais afeitos do que a seriados de um episódio semanal curto, como é o padrão americano.
Mas voltemos ao assunto.
A RedeTV! fez uma aposta milionária ao transmitir entre 2007 e 2008 a versão brasileira de "Donas de Casa Desesperadas", reforçada com um elenco renomado. Cópia fiel do original, fez uma boa estreia mas foi perdendo audiência gradativamente. A imitação perfeita do modelo estrangeiro, somada à atuação de atores argentinos, trouxe um ar muito artificial à produção.
Artificial, aliás, é uma palavra que retrata bem todas estas experiências citadas acima. Nenhuma série efetivamente teve uma cara brasileira.
Traduzir as falas e as piadas e pô-las na boca de atores - geralmente não muito conhecidos - num cenário simples não é garantia de sucesso.
Das opções que a Fox apresenta, apostaria em "Anos Incríveis". É de todas a mais conhecida, após longas temporadas no ar na TV Cultura e Multishow. Gera recall no público. Além disso, retrata um momento histórico interessante, do qual as pessoas são naturalmente saudosistas. E o Brasil tem um vasto conteúdo histórico e cultural a ser explorado. Se esta for a escolhida, espera-se que se faça uma boa produção de época (a parte mais complicada desta série) e se lembre que o Brasil não participou da guerra do Vietnã.
Hamilton Kenji é titular dos blogs obaudosilvio.blogspot.com, letrasdotrem.blogspot.com e transcendentes.blogspot.com
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