Publicado em 15/06/2023 às 16:37:00,
atualizado em 15/06/2023 às 16:42:51
Nesta quinta-feira (15), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo divulgou a existência de diversos relatos de funcionários da CNN Brasil que se sentem pressionados pelo alto escalão do canal de notícias. De acordo com os trabalhadores, desde a chegada do empresário João Camargo à presidência do conselho da emissora, crescem as tentativas de interferência empresarial nas atividades jornalísticas.
As acusações alegam que profissionais que façam reportagens ou comentários que desagradem os membros dos Poderes da República são demitidos. Eles também afirmam que o caso mais grave aconteceu no último dia 1º, quando a Polícia Federal realizou uma operação para investigar irregularidades na compra de kits de robótica em Alagoas.
Na data, o programa CNN 360º noticiou que as autoridades haviam encontrado um cofre com R$ 4 milhões em dinheiro vivo na casa de um ex-assessor de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. A nota recebeu uma errata porque a PF corrigiu a informação inicial.
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"No entanto, a direção da empresa passou a exigir a revelação do nome de quem havia passado a informação de que o cofre com dinheiro vivo estava na casa do ex-assessor de Lira. A atitude é uma clara tentativa de quebra do sigilo de fonte, base do trabalho jornalístico, violando assim a garantia constitucional definida no artigo 5º, inciso XIV. Após a descoberta desse nome, por vias não esclarecidas, a empresa passou então a pressionar os jornalistas a realizarem a divulgação pública da identidade da fonte. Os profissionais, entretanto, resistiram às pressões, resguardando a ética jornalística", diz o comunicado do sindicato.
O texto publicado no site oficial da instituição destacou ainda que Lira esteve entre os convidados especiais do jantar promovido logo após esse episódio, no dia 5 de junho, pela Esfera Brasil, que tem João Camargo como presidente do Conselho de Administração.
"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) considera muito graves os fatos relatados pelos profissionais e repudia qualquer tipo de pressão ou constrangimento impostos ao exercício do jornalismo", continua a nota.
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O órgão diz que, em suas convenções coletivas, defendem "historicamente o direito de consciência, a liberdade de expressão e o exercício da cidadania para todas e todos os jornalistas". "Pelo respeito à ética jornalística e à liberdade de expressão e de imprensa, reivindicamos o direito das e dos jornalistas de se recusarem a produzir conteúdos que violem a sua consciência, contrariem a sua apuração dos fatos e que (por estas ou por quaisquer outras razões) firam o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros", segue o comunicado.
"Defendemos firmemente o direito do jornalista profissional, garantido pela Constituição Federal, de manter suas fontes em sigilo, frente a qualquer tentativa de violação, seja pelo empregador, seja pelos poderes de Estado. Diante disso, estamos à disposição de todas e todos os profissionais de jornalismo para conversarmos sobre o tema e reforçarmos a resistência coletiva e a luta pela livre circulação da informação", concluiu o Sindicato.
Procurada pelo NaTelinha, a CNN não respondeu até a publicação da reportagem, que será atualizada caso a emissora se manifeste.
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