Publicado em 31/10/2021 às 14:30:00
O escritor João Ximenes Braga desabafou após a morte do amigo e colega Gilberto Braga (1945-2021). Junto a Ricardo Linhares, eles assinaram Babilônia (2015), considerada o maior fracasso do horário nobre da Globo. Em entrevista publicada no sábado (30), Ximenes revelou que Gilberto ficou depressivo após o fiasco da novela e desejava voltar ao trabalho para encerrar sua carreira de forma vitoriosa, mas teve projetos barrados na emissora.
“Fui recebido no quarto, numa cama reclinável, tipo de hospital. Ele não estava bem de saúde, mas lúcido e muito deprimido com o fracasso de Babilônia, que até hoje é o pior ibope do horário”, recordou João Ximenes Braga, em depoimento ao site da jornalista Cristina Padiglione, da Folha de S.Paulo.
Segundo o coautor da novela, Gilberto não queria encerrar sua carreira com um fracasso. Por isso, desejava voltar logo ao trabalhar para recuperar seu prestígio. “O fracasso artístico e de audiência de Babilônia não pode ser atribuído a Gilberto e sim à intervenção mal intencionada que destruiu completamente a espinha dorsal da novela”, defendeu.
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O escritor revelou ainda que foi convocado pelo amigo para dois novos trabalhos. O primeiro seria uma minissérie sobre Elis Regina, que acabou cancelada quando o filme sobre a cantora foi lançado, em 2016. O segundo era Intolerância, novela para a faixa das 23h, que resgataria a sinopse de Brilhante (1981), agora sem os vetos da censura na ditadura militar.
“[Intolerância] teve seus 60 capítulos escritos e entregues, mas foi sucessivamente adiada e por fim, cancelada, pelas mesmas forças que destruíram Babilônia”, acusou João. Ele ainda citou Feira das Vaidades, projeto de Gilberto com Denise Bandeira para as 18h, que acabou vetado porque, depois da pandemia, a Globo decidiu interromper a produção de novelas de época.
O depoimento chegou ao fim com um pedido. “A nova urgência que tenho é fazer um apelo público à TV Globo para que disponibilize os capítulos prontos de Intolerância. Se possível, até os cerca de 80 capítulos que escrevemos de Babilônia antes da intervenção, pois a Babilônia que vocês viram não chega aos pés da Babilônia que concebemos.”
Exibida em 2015, Babilônia teve média de 25 pontos na Grande São Paulo - a menor já registrada por uma novela das 21h. A rejeição da audiência começou logo no primeiro capítulo, com um beijo entre as personagens Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), que incomodou conservadores. Toda a história foi alterada para tentar conquistar o público, mas a produção seguiu patinando até o fim.
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