Publicado em 17/08/2021 às 15:37:00
Vera Magalhães se manifestou nesta terça-feira (17) sobre as críticas recebidas em relação a uma pergunta feita para Martinho da Vila no Roda Viva da última segunda (16) sobre o envolvimento de milicianos com escolas de samba do Rio de Janeiro. O cantor Tunico da Vila, filho de Martinho, gravou um vídeo ao NaTelinha dizendo que considerou a pergunta desrespeitosa.
Em nota enviada à reportagem, a apresentadora afirmou que Martinho da Vila foi tratado com todo o respeito que merece, pela sua imensa história na cultura brasileira. "A pergunta foi feita de maneira geral sobre o que ele pensava a respeito da infiltração nas milícias nas escolas de samba, tema de extrema relevância no debate público, no qual todos os artistas estão inseridos. Não houve nenhuma imputação desrespeitosa", disse ela.
Ela completou dizendo que a função do jornalismo é questionar, e o programa exibido na TV Cultura tem a tradição de abordar com seus entrevistados "temas que nem sempre dizem respeito à sua própria trajetória, mas à realidade do país". "Ademais, essa foi uma pergunta num programa que abordou música, literatura, política, questões de gênero, educação, pauta racial e muitos outros assuntos. Não vou, justamente em respeito ao Martinho e à rica conversa que tivemos, reduzir o Roda Viva de Martinho a uma pergunta com a qual alguns não concordaram", concluiu.
Tunico da Vila disse em vídeo ao NaTelinha que achou muito bonita a entrevista, mas Vera Magalhães foi muito desrespeitosa com o meu pai. "Foi uma pergunta de uma tentativa de desempoderar um líder do movimento negro, que é o Martinho da Vila. Já não é a primeira vez que ela faz isso, ela fez uma pergunta também para o rapper e meu amigo Emicida", falou.
Tunico continuou dizendo que perguntas sobre milícia têm que ser feitas para os banqueiros do jogo do bicho: "Ou para os milicianos, ou governador, prefeito ou juiz. Fazer uma pergunta para quem tem um braço armado é muito difícil, é mais fácil tentar fazer para um artista que não tem um braço armado, é um líder cultural, do samba, é um exemplo para favelados, para pessoas que moram no asfalto, para todas as classes. É um exemplo para o movimento cultura brasileiro. Foi sim uma pergunta infeliz, descabida e com cunho um pouco racista", continuou.
A pergunta feita pela jornalista gerou bastante críticas no Twitter e entrou para o assunto mais comentado da rede social. Tunico da Vila reagiu a uma publicação de Vera no Twitter afirmando que Martinho desconversou quando perguntou "sobre a infiltração mais recente das escolas de samba do Rio pelas milícias", escreveu a apresentadora, que apagou a publicação. "Isso é um tema tabu que os sambistas têm de enfrentar", completou ela.
"Ele não desconversou....ele só não quis conversar porque realmente é um assunto desnecessário e desrespeitoso com ele....só isso....nada demais", comentou Tunico. A apresentadora rebateu: "Não vejo desrespeito algum. Nem todas as perguntas numa entrevista são agradáveis, infelizmente. De resto, respeito sua opinião. Um abraço".
No Twitter, Vera ainda insistiu no assunto e compartilhou uma matéria do jornal O Globo sobre Adriano da Nóbrega, ex-secretário do BOPE, que promoveu alianças entre milicianos e bicheiros e avaliou a tomada do poder das escolas de samba Salgueiro e Vila Isabel. Muitas postagens consideraram a pergunta da apresentadora desnecessária pela possibilidade de associar a imagem do artista ao tema.
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