Publicado em 28/09/2020 às 06:00:00
A jornalista Iara Oliveira, 24, ocupa a vaga deixada por Cris Dias na cobertura de esportes na CNN Brasil. Assim, uma mulher sucede outra à frente de um segmento tradicionalmente dominado por homens. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a repórter comemora a ampliação do espaço feminino nos canais de notícia, “resultado de muita coragem”, segundo ela.
“Coragem de mulheres que não desistiram de lutar pelo seu espaço – e que, mesmo depois de conquistá-lo, lidam diariamente com questionamentos machistas e não desistem. Não sou a primeira e nem serei a última”, prevê Iara Oliveira.
Antes de sair de casa para cobrir um evento esportivo, a jornalista não abre mão de seus amuletos da sorte, que a acompanham de longa data. A mania permanece agora na CNN Brasil, experiência que ela define como enriquecedora.
“Primeiro porque me sinto muito feliz em ter o espaço diário para levar ao público da CNN as principais notícias e o que movimenta o dia a dia dos esportes. Depois, porque é algo em que me sinto à vontade fazendo. Afinal, já estive do outro lado desse universo”, diz, lembrando de quando sonhava em ser uma atleta profissional.
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A mãe é o maior exemplo para Iara Oliveira. “Sem diferenciar meu irmão de mim, ela fez com o que futebol estivesse nas nossas vidas desde pequenos. Se comprava chuteira para um, comprava para o outro. Se um tinha autorização pra jogar bola na rua, o outro também tinha. E, por conseguinte, os outros esportes marcaram presença na minha criação.”
Com o incentivo, ela cresceu jogando futebol, passou por times de futsal e de society e chegou a cogitar seguir carreira como atleta. “Acabei me entregando a outra paixão que sempre ocupou o meu coração, que é o jornalismo. Por isso, prometi a mim mesma que continuaria lutando pelos direitos das mulheres no esporte. Sou grata pois, hoje, tenho a oportunidade de nos representar, mesmo que um pouco, em rede nacional”, detalha Iara.
Parte do fascínio da jornalista com o esporte vem da capacidade de mudar a vida das pessoas. “Mudou a minha e vai mudar de muita gente ainda. Se eu puder então ser uma interlocutora nesse caminho, será sempre motivo de alegria”, diz Iara.
Ela prefere manter suas torcidas em segredo: “Meu coração bate mais forte por um time mas nunca deixei que influenciasse negativamente no meu trabalho. Acredito que a imparcialidade é requisito básico e mais que essencial para que a profissão seja bem executada e a credibilidade alcançada”.
Na opinião da jornalista, o maior jogador do mundo, na atualidade, é uma mulher: a atacante brasileira Marta, que já recebeu por seis vezes esse mesmo título pela FIFA. “Pela representatividade na vida e carreira de um mundo de meninas e mulheres”, justifica Iara.
O preconceito, contudo, ainda não saiu de cena, algo que ela sente na pele. “Abordagens machistas sempre me rodearam fazendo vítimas como colegas de profissão ou companheiras de time ou a mim mesma. Nunca estive imune, longe disso. Afinal, já fui alvo diversas vezes de machismo por vezes escancarado e em outras, de maneira velada”, aponta.
Por outro lado, os obstáculos na caminhada rumo à igualdade de gêneros no esporte vêm sendo vencidos, na análise de Iara. “Um deles, recente, foi a equiparação nos pagamentos de diárias para as seleções feminina e masculina feitas pela CBF. Demorou! Mas já é um passo para quem sabe um dia possamos ver o desempenho em campo das jogadoras também serem reconhecidos com salários próximos ou iguais aos homens nos clubes, ligas, torneios e afins”, avalia.
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