Publicado em 23/07/2020 às 05:41:01
Uma reportagem gordofóbica exibida no Jornal da Globo em 1993 ultrapassou 1 milhão de visualizações no Twitter somente nos últimos três dias. Ela só viralizou porque foi encontrada e publicada em um canal excluído do YouTube por reivindicação da Globo, alegando direitos autorais.
Há 12 anos, Danilo Rodrigues preservava a memória da televisão no canal Pedro Janov, com mais de 210 mil inscritos e aproximadamente 3600 vídeos publicados, quase todos extraídos de gravações caseiras feitas por telespectadores em fitas VHS.
Nesta semana, Danilo perdeu seu canal no YouTube, um dos mais requisitados por sites e emissoras (inclusive a própria Globo) para contar a história da televisão. A reportagem de César Tralli sobre feios, que repercutiu no Twitter, foi publicada por Renata Corrêa, roteirista com trabalhos no Fantástico e no Fora de Hora.
Ao NaTelinha, Danilo Rodrigues conta que já teve vídeos com restrição por reivindicação de direitos autorais, porém foi a primeira vez que material ainda não publicado se tornou alvo da Globo. Para o administrador do canal, a emissora endureceu a caça a seu conteúdo no YouTube.
"A Globo está correndo atrás para excluir material postado no Globoplay, e pegou o meu canal no meio desse esforço. Ultimamente, tinha vídeo sendo bloqueado por qualquer milésimo de segundo que batesse com catálogo da plataforma", afirma o dono do canal Pedro Janov.
Segundo Rodrigues, 75% de seu canal continha material da Globo, enquanto 25% eram gravações caseiras de SBT, Record, Band e emissoras já extintas. Nenhum vídeo era monetizado, ou seja, o administrador não faturava um centavo para preservar a memória da TV.
"Essa decisão da Globo é ainda pior porque acaba excluindo por tabela vídeos que eles não teriam direito de excluir", diz ele, que se sente vítima de perseguição: "Há inúmeros canais fazendo streaming da programação, repostando vídeos como os do Marcelo Adnet e monetizando tudo".
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Donos de canais com outras relíquias da TV se preocuparam com a exclusão de Pedro Janov. Um deles perdeu vídeos por reivindicação de direitos autorais. Outro administrador avisou: "Se o meu canal cair, eu não volto".
Procurada pelo NaTelinha, a Globo respondeu com firmeza: o que os donos de canais com gravações caseiras fazem no YouTube configura pirataria.
"Não houve mudança na política. A disponibilização de qualquer conteúdo da Globo em plataformas digitais, sem a prévia autorização, configura pirataria. A Globo tem o constante compromisso de defesa dos direitos autorais e dispõe de tecnologias modernas para combater a pirataria de seus conteúdos. As medidas são tomadas de acordo com a natureza do conteúdo e das plataformas onde ele é ilegalmente disponibilizado", informou.
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