Publicado em 28/05/2020 às 05:27:59
A Band vem digitalizando seu acervo e descobrindo preciosidades da sua história como o especial gravado no ano de 1974 com a cantora Elis Regina (1945 - 1982) e o compositor Tom Jobim (1927 - 1994). O diretor executivo da emissora, Caio de Carvalho, que vem liderando a iniciativa, conta ao NaTelinha que Elis & Tom foi remasterizado e se transformará em um longa dirigido por Roberto Oliveira em qualidade 4K (Ultra alta-definição) ainda sem data para ser exibido.
"O Roberto de Oliveira fez o especial Elis & Tom, clássico que foi feito em Los Angeles (EUA), uma gravação referenciada para todos aqueles que amam música brasileira. Isso estava guardado. O Roberto está fazendo para nós, junto a com o canal Arte 1 e a TV Bandeirantes, um longa-metragem. Conversamos outro dia e ele estava apaixonado com o material e dizendo que vai ficar lindo. O melhor de tudo é que estamos produzindo em 4K. Algo que foi feito há 30 anos e que nós vamos poder apresentar na TV em 4K. Isso é um exemplo de tantas coisas que nós temos", comemora Caio sobre as raridades que estão sendo digitalizadas na Band.
Produzido pela gravadora Philips, Elis & Tom foi um LP lançado em 1974 com 14 faixas em seu repertório - todas compostas por Tom Jobim, nove em parceria com outros compositores. Na época, as gravações foram captadas para a Band pelo diretor Roberto de Oliveira, que também foi escolhido para se responsável pela direção do novo projeto.
Segundo Caio de Carvalho, o acervo dos 53 anos da história da Band, completados no dia 13 de maio, está bem guardado na emissora, e explica: "Falta digitalizar algumas coisas, mas o mais importante já foi feito. Estamos fazendo um inventário completo. Para ter uma ideia só de música popular brasileira temos mais de 450 horas do que há de melhor. Vai da Nora Ney, Dick Farney, Chico (Buarque), Rita (Lee), Novos Baianos e tudo que você possa imaginar. A Band tem séries da Cacilda Becker, de uma época que se produzia teatro na TV".
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, além da digitalização do acervo da Band, o diretor executivo traça um panorama atual da emissora e da televisão brasileira.
Ela chega com uma história muito bonita percorrida no meio da telecomunicação e sendo pioneira numa série de coisas. Em 1972, fez a primeira transmissão ao vivo de uma Copa do Mundo da FIFA e também foi a primeira a fazer uma programação em cores. E na época da Ditadura a Band foi o grande palco de toda essa geração de artistas notáveis, que ainda hoje reverenciamos. Todos nasceram na Band. Rita Lee, Chico (Buarque), Milton Nascimento, Caetano (Veloso), (Gilberto) Gil, Tim Maia... Todos tinham na Band uma casa acolhedora, uma casa que ajudava a divulgar essas pessoas. Hoje, passados 53 anos, uma emissora que aprendeu a vencer dificuldades e as adversidades.
Hoje eu vejo que a Band superou as adversidades, obviamente, isso custou muito para Band chegar nisso e, neste momento que vivemos a pandemia, você vê a Band se reinventando, criando uma empresa digital, a Band unificando rádio e TV, que era um desejo antigo. Hoje o jornalismo de rádio e TV vão ser unidos em todas as plataformas. A Band é uma emissora multiplataforma. Está mais do que provado, a pandemia prova isso, que o futuro é as multiplataformas.
Seja nas redes sociais, no YouTube, rádio, TV, a Band está presente em tudo isso. Então eu vejo que é um grupo que tá pronto para enfrentar o dia seguinte da pandemia. É um grupo que aprendeu a enfrentar a diversidade, porque sabe que essa adversidade não pertence apenas a ela, porque todas as concorrentes, todas as emissoras, todos os grupos de comunicação, agência de publicidade, operadoras de TV, distribuidores, produtores, todos querem encontrar caminhos para enfrentar as adversidades. Nesse sentido, a Band, por ter aprendido e por ter já trabalhado em cima dessas adversidades, nos últimos tempos, está hoje preparada para o dia seguinte.
O grupo vai trabalhar na vertical. O Antonio Zimmerle fica com a liderança de rádio e TV na área de entretenimento, no jornalismo fica com o Rodolfo Schneider que com rádio e TV e depois temos várias áreas de apoio, mas sempre na vertical, ou seja, a unificação das equipes de jornalismo, produções, operações, isso tudo aproveitando o pessoal da casa. E o pessoal da casa está trabalhando nessa unificação. Nesse mundo moderno que estamos vivendo. Nunca mais a TV vai ser a mesma depois dessa crise que estamos passando. Descobrimos, por exemplo, que é possível fazer TV mais barata.
Diante desse cenário de isolamento, de reclusão, de produções que tiveram que ser canceladas, a criatividade começou ser trabalhada por todos. E essa é uma área criativa que é fundamental.
O que vamos produzir de diferente que possa seduzir com o imaginário do consumidor? Dos telespectadores? Dos nossos clientes? E, neste momento, precisou se pensar nisso. Num primeiro momento, todo mundo ficou em pânico, pensamos que não teríamos mais clientes anunciando. Mas aí eu disse: ‘Não, os anunciantes inteligentes em pouco tempo vão perceber que não vão poder ficar longe do imaginário dos seus clientes. Terão que se reinventar’. Não deu outra. Eles começaram a montar os anúncios dos seus conteúdos para TV, pensando em questões sociais, aplaudindo os heróis da área da saúde e todos querendo estar presentes na imagem do consumidor. São aprendizados que aconteceram com tudo isso.
E a TV, com as lives dos artistas, feitas em reclusão e isolamento, descobriu que é possível se criar produtos para TV que encantam o público numa sinergia com as redes sociais e as diversas plataformas. É o que tá acontecendo. Inclusive, gerando faturamento aos atores dos projetos.
A Band tem uma tradição, até por conta da família Saad, de se preocupar com o funcionário. Isso não é demagogia e nem "clichezão". A primeira coisa que foi feita, antes de começar todas as providências de prevenir funcionários e tudo mais, a Band teve o trabalho intenso por parte da diretoria de RH (Recursos Humanos). Isso possibilitou, que dentre todas as emissoras, espero que assim seja, praticamente que não teve nenhum caso. Nós tivemos um caso de coronavírus que, infelizmente, um funcionário querido que não trabalhava na sede da Band, ele tinha mais de 70 anos. No dia 15 de março, ele foi para o isolamento e, no dia 24 de abril, ele foi internado com problemas e veio a falecer, infelizmente. Foi um único caso que tivemos e ficou constatado que não foi dentro da Band. Aqui todos os cuidados são tomados.
Tem medição de temperatura, foi a primeira emissora a fazer sanitização noturna em todos os setores que os profissionais iriam trabalhar, a questão de máscara, a vacinação contra a gripe, nós fomos pioneiros, tudo isso em plena pandemia graças ao esforço dos funcionários queridos da Band.
A maior marca que a Band tem (nos 53 anos) é ser uma fábrica de talentos. Tivemos Chacrinha, o Bolinha, Dercy Gonçalves, Hebe Camargo, Faustão, Luciano Huck, Willian Bonner e Sandra Annenberg que começaram lá, enfim, nós temos um acervo dessa história da Band que é um tesouro.
Nós tivemos o Boa Noite Brasil com Flávio Cavalcanti, Pânico na TV, o CQC... A Band sempre inovou dentro de uma característica muito própria sua de trabalhar conteúdos diferenciados e de formatamentos. E hoje esses talentos estão ai espalhados no mercado de comunicação. Os brasileiros gostam muito da Band.
Eu mesmo estou trabalhando nisso a pedido do nosso presidente Johnny Saad. Estamos fazendo um levantamento em duas fases. Primeiro que esses 53 anos estão muito bem guardados aqui. Falta digitalizar algumas coisas, mas o mais importante já foram. Estamos fazendo um inventário completo. Para ter uma ideia só de música popular brasileira temos mais 450 horas do que há de melhor. Vai da Nora Ney, Dick Farney, Chico (Buarque), Rita (Lee), Novos Baianos, tudo que você possa imaginar. A Band tem séries da Cacilda Becker, de uma época que se produzia teatro na TV. Temos o melhor de Dercy Gonçalves, da Hebe (Camargo), Chacrinha e shows incríveis.
Esses 53 anos surgem nesse momento de crise, onde a Band resolveu pensar que, antes de mais nada, hoje todas essas plataformas que foram oportunamente criadas, se não estaríamos perdidos, poderão usufruir de um tesouro que está lá dentro.
Primeiro estamos acertamos as questões de direitos, muitos já são da Band. Porque naquela época não existiam questões legais que existem hoje. Mas isso é questão pequena que se diz respeito especialmente por música. Mas todo esse acervo, estamos trabalhando, não necessariamente para exibir, mas para utilizar principalmente para pesquisa de universidades e profissionais de comunicação.
O Roberto de Oliveira fez o especial Elis & Tom, clássico que foi feito em Los Angeles (EUA), uma gravação referenciada para todos aqueles que amam música brasileira. Isso estava guardado. O Roberto está fazendo para nós, junto a com o canal Arte 1 e a TV Bandeirantes um longa metragem. Conversamos outro dia e ele estava apaixonado com o material e dizendo que vai ficar lindo. O melhor de tudo que estamos produzindo em 4K. Algo que foi feito há 30 anos e que nós vamos poder apresentar na TV em 4K. Isso é um exemplo de tantas coisas nós temos.
Os artistas procuram a Band para live porque sabem que a emissora é o palco deles. Estamos estudando junto com a Biscoito Fino uma live com a Martinália e a Zélia Ducam. A Band é uma emissora querida.
Não, o streaming complementa. A grande questão, ao meu ver, destas plataformas novas de streaming e app, é que elas são fundamentais e necessárias para a existência do negócio de comunicação e de TV, e tem que trabalhar de maneira integrada. Tem que ter TV, rádio, YouTube, Facebook, Instagram, streaming, ou seja, over the top, todas as plataformas. Isso não tem como não ser. É a TV onde estiver. Ao mesmo tempo, ela vai funcionar desde que seja, justamente, com toda essa roda, com todas as plataformas integradas. Sozinhos elas funcionam muito bem, mas não existe uma monetização. Você não pode dizer que vai ter uma produção cara, um negócio caro que é manter uma TV ou um complexo de comunicação que o digital sozinho vai fazer com que sobreviva. Hoje nós temos uma certeza: conteúdo é o ativo maior.
Nós temos uma experiência riquíssima aqui na Band que é o canal Arte 1 onde temos mais de 1700 horas de conteúdo próprio e atemporal. Eu acho que haver uma reflexão de que tipo de conteúdo nós vamos produzir. A Band está focada nisso e se prepara dentro deste foco. Um conteúdo que sirva para todas as plataformas. Temos conteúdo e sabemos que todo mundo quer distribuir, toda hora bate alguém aqui na porta querendo distribuir, mas temos dúvidas como esses conteúdos serão monetizados condignamente.
A Band, além de tudo, está conectada com o mundo. A Band hoje é a única do Brasil que tem uma parceria inédita com o New York Times, a única que tem a NHK dentro da sua sede, hospeda a NHK no Brasil, fez uma parceria extraordinária com a Smithsonian. É um canal maravilhoso que completou na semana passada um ano de exibição. Uma parceria como o Instituto Smithsonian e com a CBS. Temos também uma parceria com a CCTV da China, que é um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Estamos conectados com diversificados parceiros.
Eu acho que vai sofrer mudanças profundas. A TV aberta vai se fortalecer. Eu vejo que a mídia convencional nestes tempos de crises se valorizou muito. O jornalismo na TV teve um crescimento muito grande na audiência. Porque o jornalismo de TV, especialmente de uma TV como a Band que tem no seu DNA o jornalismo e o esporte, algo que é defendido por unhas e dentes pelos acionistas.
A televisão hoje continuará sendo importante. Acho que as grande produções, os grandes investimentos, os grande salários e talentos vão sofrer modificações pela realidade do mercado no mundo hoje. Vejo que cada vez vão surgir mais ferramentas para você mensurar a audiência, perfil de público e descobrir com o nicho que tem que trabalhar. Será um mundo diferente onde a televisão vai estar mais forte.
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