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Ex-diretor do SBT propõe saída para enfrentar o JN: "Criar um jornal de contraponto"

Albino Castro foi diretor executivo de jornalismo do SBT por 10 anos

William Bonner é o âncora e editor-chefe do Jornal Nacional
Por Sandro Nascimento

Publicado em 25/05/2020 às 07:00:00

O jornalista Albino Castro, 71, ex-diretor executivo de jornalismo do SBT, avalia que os atuais telejornais carecem de criatividade para conseguir fazer frente aos noticiários da Globo. Ao NaTelinha, ele traça um panorama do telejornalismo e aponta que o Jornal Nacional virou a voz da oposição ao governo Bolsonaro: "As outras emissoras se pautam pela TV Globo".

Albino Castro dirigiu o jornalismo do canal paulista entre 1988 e 1998. Antes de assumir o cargo no SBT, foi chefe de redação do canal italiano Telemontecarlo, emissora que tinha a Globo como sócia e foi uma tentativa da rede brasileira de entrar no mercado internacional de TV aberta. Além disso, Castro passou pela Cultura e Gazeta também como diretor de jornalismo.   

Em entrevista ao NaTelinha, o jornalista avalia que o quadro atual do telejornalismo está confuso como "se encontra a fotografia do país agora". "A TV Globo, com seu jornalismo, continua a liderar como há décadas. As outras emissoras se pautam pela Globo, e por isto, o único jornalismo que acaba tendo alguma audiência significativa é o feito popularmente pela Record e Band".

E completa: "Falta uma linha de criatividade na programação jornalística para que as redes nacionais fora da TV Globo consigam um espaço fiel entre o público, como por exemplo, o SBT conseguiu nos anos 90 com o TJ Brasil e o Aqui Agora, além do Jornal do SBT comandado por Lillian Witte Fibe. Eram jornais que tinham relevância e grande audiência. Depois disto, nenhum outro jornal que não fosse da TV Globo conseguiu a audiência que o SBT dava. Lembro que na época o Aqui Agora foi o único que por algumas vezes superou o Jornal Nacional e isto não aconteceu outra vez. Esta foi uma grade de jornalismo e programação montada exclusivamente por Silvio Santos".

Albino Castro diz como fidelizar público sem copiar JN

Para Albino Castro, que também foi correspondente do jornal O Globo e da Revista Isto É, nenhum novo produto na televisão conseguirá superar a audiência do Jornal Nacional. "A TV Globo criou um muro difícil de ser ultrapassado", afirma.

"É possível criar uma fidelização de público sem copiar o Jornal Nacional. Aliás, o Jornal Nacional nasceu fazendo parte do espelho da programação que nos anos 60 foi da TV Excelsior, onde existia uma programação criada pelo diretor Álvaro de Moya, com quem tive a honra de trabalhar na TV Cultura, onde se tinha uma novela às 19h, um jornal das 19h45 às 20h e depois a novela das 20h", analisa.

E conclui: "Esta grade foi colocada na TV Globo espelhando a grade da TV Excelsior. E isto dá certo até hoje com o jornal entre duas novelas de grande Ibope. Hoje o Jornal Nacional passou a ser a voz da oposição ao governo. Para criar algo, deveria se criar um jornal de contraponto onde o público tivesse outras opções e visse coisas que não foram mostradas durante a tarde pelos portais de notícias. Esta seria uma pauta própria diferente do Jornal Nacional. Isto é o que realmente está faltando agora". 

Ao ser questionado, Albino Castro preferiu não comentar sobre a situação atual do jornalismo do SBT.

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