Publicado em 13/10/2019 às 07:23:43
Após 32 anos de telejornalismo, Vinícius Dônola lançou na noite da última quinta-feira (10), no Rio, o livro "Histórias das histórias que contei". Uma publicação que narra os bastidores das reportagens que marcaram sua carreira. No evento, ele chorou ao conhecer João Vinícius, um menino de 11 anos que nasceu através de inseminação artificial, com sua ajuda, após conhecer os pais do garoto em uma reportagem do Fantástico.
"Quando eu olhei na fila e vi João Vinicius, elegantemente vestido, Dona Naide, a mãe, emocionada, e seu Aloísio, o pai, de terno e em lágrimas, eu desabei. Porquê é das histórias mais marcantes, delicadas, sensíveis e escondidas na minha vida", conta o jornalista, ao NaTelinha, que deixou a Record em outubro de 2018 para escrever o livro publicado pela editora Intrínseca.
Em 2007, quando estava na Globo, Vinícius Dônola conheceu o casal Naílde e Aloísio paara uma reportagem do Fantástico sobre formas de acesso à fertilização in vitro. Sensibilizado pelo drama do casal, com poucos recursos financeiros, que tentava ter um filho, há cinco anos, ele propôs pagar todo o custo do tratamento em um centro de medicina reprodutiva na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
"Doutor João (Ricardo Auler) nunca me cobrou pelos medicamentos caríssimos. Alegou terem sido doados por um laboratório. Também jamais apresentou uma conta pelos tratamentos realizados nem esperou qualquer tipo de divulgação da história, só agora contada publicamente", narrou Dônola, no capítulo "Nascido da reportagem", em seu livro "História das histórias que contei", também disponível em audiobook.
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À reportagem, o jornalista destacou: "O João Vinícius leu o capítulo da história da vida dele na fila (de lançamento do livro). A fila era longa. A espera chegou há três horas. Durante esse tempo ele leu com detalhes a historinha da vida dele. Porquê a mãe dele falou: "Um dia a gente vai contar sua história".
"História das histórias que contei" conta, em 30 capítulos, os bastidores de algumas das mais de 1.600 reportagens produzidas por Vinícius Dônola em telejornais da Manchete, Globo e Record. O jornalista fará uma maratona de divulgação do seu livro em cinco regiões do país. após o lançamento no Rio de Janeiro (10/10) e no Rio Grande do Sul (12/10), ele já confirmou o dia 24/10 em Campinas (SP) e 31/10 em Maceió (AL). Além disso, na primeira quinzena de novembro estará em Goiás, em Goianésia.
Quando percebeu que os bastidores da sua carreira no jornalismo poderiam se transformar em um livro?
Vinícius Dônola - Durante muito tempo, eu até explico isso no prólogo do livro, eu resisti a ideia de escrever um livro. Eu confesso que achava até certo presunçoso julgar que minhas histórias tinha alguma relevância. Juro, sem hipocrisia. Até que num determinado momento por sugestão, eu diria por pressão mesmo de colegas de trabalho que gostavam sempre de ouvir minhas historias, os contemporâneos e os mais velhos que viram minhas trajetória e também pessoas que ouviam minhas palestras, sempre me questionavam: "E ai, você não vai colocar isso no papel? Não pode ficar só na descrição oral, não pode. Você tem que colocar isso no papel". Foi ai que eu me programei, para depois de 31 anos e telejornalismo, parar e colocar no papel.
Como era sua rotina no momento que estava escrevendo "Histórias das Histórias que contei"?
Vinícius Dônola - Meu processo de criação foi uma profunda imersão unifocal. Eu só tinha foco pra meu livro. O único projeto paralelo que eu desenvolvi nesse período foi para o Museu Nacional, com a intenção de colaborar com a reconstrução dos laboratórios de pesquisa e recuperação do acervo. Mas esse projeto não foi divulgado e será divulgado muito em breve. É muito lindo e igualmente comovente. Pra ter uma ideia, eu trabalha de manhã, a tarde, a noite e de madrugada, durante, aproximadamente, sete meses. Nos outros meses, que eu diria cinco pra completa 12, entre o início da escrita e o lançamento, foi uma imersão. Eu mergulhei de cabeça para contar minhas histórias. Ai eu me vi na terceira pessoa, com o auxilio do pessoal da (editora) Intrínseca. Eu me vi enxergando minha profissão com erros, acertos, com riscos, com sabores, sob o olhar da terceira pessoa.
Você relata a história do flagrante do shopping Rio Sul que mudou sua carreira como jornalista. Teve receio de tratar deste assunto?
Vinícius Dônola - Eu tive receio sim. Eu sempre tive receio de contar essa história, porquê? Embora já tenha passado 1/4 de século, o assunto foi muito delicado, ainda é extremamente lembrado, por ter sido extremamente marcante. Eu evitei citar nomes de pessoas envolvidas. Eu acho que aqueles (policiais) que foram responsáveis pelo ato cumpriram suas penas e seguiram suas vidas. As pessoas que estavam comigo seguiram igualmente suas vidas na emissora e no telejornalismo. Então, eu achei por bem preservar os nomes e relatar a parte mais dolorosa e desconhecida dessa história. Que foi exatamente aquilo que não levamos ao ar.
Deixou alguma história de bastidores de fora do livro? Por qual motivo?
Vinícius Dônola - Eu deixei muita história, mas muita história que não couberam em 320 páginas. Porquê são 32 anos contando histórias em 26 estados do Brasil e mais 23 países pelo mundo. E muita gente já começou a me cobrar: "E aquela viagem nossa? Você não contou no livro? Por quê? E aquela outra?". Então, mal eu saio do processo de conclusão do livro já tem gente me cobrando o segundo. Eu preciso decantar, não é descansar, eu preciso decantar este processo em mim para que em breve eu encontre forças para retomar a escrita. Porquê tem muita história que eu ainda preciso contar.
Você revela no livro que ajudou um casal a conseguir ter um filho por inseminação artificial. Aos 11 anos, a criança foi no lançamento do seu livro. O significa isso pra você?
Vinícius Dônola - Quando eu olhei na fila o João Vinicius, elegantemente vestido, Dona Naide, a mãe, emocionada, e seu Aloísio, o pai, de terno e em lágrimas, eu desabei. Porquê é das histórias mais marcantes, delicadas, sensíveis e escondidas na minha vida. O João Vinícius leu o capítulo da história da vida dele na fila (de lançamento do livro). A fila era longa. A espera chegou há três horas. Durante esse tempo ele leu com detalhes a historinha da vida dele. Porquê a mãe dele falou: "Um dia a gente vai contar sua história".
Agora que acabou de escrever o livro pretende retornar à televisão?
Vinícius Dônola - Sim, agora é o momento de volta à TV. Assim como uma obra que custa mais e demora mais que o inicialmente previsto. O livro consumiu muito mais tempo e me traz uma força de conteúdo muito maior do que inicialmente previsto. Mas agora é hora de voltar ao meu ninho. Voltar para minha casa. Voltar a fazer televisão que eu tanto amo. Voltar a contar a história. Durante esses doze meses eu não consegui me focar em outra coisa. Mas é o momento de regressar porque existem outros personagens, existem outros fatos, existem outras notícias a serem construídas. Como colecionador de histórias eu preciso abrir esses novos pacotinhos e espero fazê-lo muito em breve.
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