Publicado em 13/08/2019 às 05:01:32
A Record não tem nenhuma indicação para o Emmy Internacional, mas engana-se quem pensa que isso seja um desprestígio para as produções da emissora. O motivo é que o canal de Edir Macedo não envia seus produtos para apreciação da Academia, se recusando a participar da premiação enquanto a Globo for uma das patrocinadoras.
O NaTelinha ouviu fontes ligadas a dramaturgia da Record que afirmaram que a emissora não aceita participar do evento por temer um boicote orquestrado pela Globo e anulando suas chances de qualquer premiação.
Embora oficialmente a Record não costuma falar sobre o evento e opta em concorrer em outras premiações não tão importantes como o Emmy Internacional, nos bastidores, de acordo com relatos ouvidos, o grupo brasileiro considera ser impossível vencer em qualquer categoria enquanto a Globo fizer parte da organização.
A reportagem se debruçou sobre as regras do maior prêmio da televisão mundial, dias depois da Globo receber mais duas indicações nas categorias voltadas para jornalismo e aproximadamente 40 dias antes de ser anunciada a lista de indicados em dramaturgia e entretenimento, para tentar compreender se há razão nas críticas da Record ao Emmy Internacional.
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A Globo é uma das patrocinadoras do evento que é uma espécie de prima do Emmy, premiação da TV americana que prestigia as melhores produções dos EUA, mas não é a única emissora de TV que patrocina o evento.
Também fazem parte da lista de parceiros a Phoenix TV, um conglomerado de televisão da China, a RT América, uma espécie de canal de notícias que pode ser sintonizado em vários países de língua inglesa, e a Ay Producion, um importante produtora da Turquia, responsável pelas principais novelas daquele país.
Embora seja a única emissora de TV aberta brasileira indicada na categoria telenovela, mesmo tendo ficado de fora no último ano, a Globo já viu concorrentes brasileiros serem indicados em categorias que ela poderia marcar presença.
A categoria mais disputada, em termos de Brasil, é série dramática. Enquanto a Globo recebeu três indicações ao longo dos últimos anos (“Na Forma da Lei”, 2011; “O Brado Retumbante”, 2013 e “Justiça”, 2017), o canal viu a HBO Brasil ter o mesmo número de indicados (“Mandrake”, 2006 e 2008 e “Psi”, 2015). Neste período ainda foi indicada uma série da GNT (“Mothern”, 2007) e uma da Fox (“Um Contra Todos”, 2017).
Vale lembrar que o Brasil já venceu o Emmy Internacional Kids com programação que não da Globo. “Pedro e Bianca”, da TV Cultura, se sagrou campeã em 2013. Nesta mesma categoria, até a Band conseguiu emplacar indicado com “Julie e os Fantasmas”, em 2012.
TV Cultura, Band e HBO Brasil garantiram indicações e até vitórias na premiação, mesmo sendo concorrentes diretos da Globo. Mesmo assim, segundo pessoas ligadas a dramaturgia da Record, a emissora considera que nenhuma delas é uma grande rival e que a cúpula da emissora carioca jamais permitira que uma novela bíblica, por exemplo, fosse finalista do Emmy Internacional.
O NaTelinha apurou que Globo possui alguns funcionários como membros da Academia que organiza a premiação (Mônica Albuquerque e Carlos Henrique Schroder para citar apenas dois), eles não possuem direito a voto nas categorias em que a emissora inscreve algum concorrente.
Por outro lado, não é apenas gente da Globo que aparece como inscrito no Emmy. Paulo Franco, diretor de programação da Record, é um dos votantes do prêmio, segundo consta no próprio site da Academia.
Vale lembrar que, em 2018, a Globo ficou fora da lista de indicados na categoria telenovela, considerada sua principal área. Além disso, em série dramática, o canal também não entrou e ainda viu uma concorrente brasileira ser indicada, “Um Contra Todos”, da Fox Brasil.
Procurada pela reportagem, a Record não quis comentar o caso. O Emmy Internacional também foi contatado, mas não respondeu até a publicação da matéria. Já a Comunicação da Globo enviou nota sobre o tema, conforme lê-se abaixo:
“A Globo confia no critério do Emmy, um dos mais renomados aferidores de qualidade da nossa indústria no mundo. E ressalta que pelo regulamento do prêmio, uma emissora de televisão ou seus representantes jamais podem votar nas categorias em que estejam concorrendo. A academia não participa do julgamento. Quem avalia os programas inscritos são profissionais de cerca de 40 países”.
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