Publicado em 26/06/2019 às 04:50:57
O advento da era digital para a televisão brasileira parece uma conquista sem precedentes em termos tecnológicos e de avanços. Parece. Em um país continental como o Brasil, nem sempre tudo o que parece, de fato, é. Tanto que uma série de cidades pequenas do interior de São Paulo ainda não recebeu o sinal digital de diversas emissoras, mesmo o analógico já tendo sido encerrado.
Em primeiro plano, pode parecer uma informação fortuita, mas não para quem vive longe dos grandes centros. Com a taxa de pobreza muito acima de muitas metrópoles, moradores do interior vivem, em boa parte, dependentes da agricultura ou agropecuária e sequer possuem acesso a outros meios para assistir televisão, que não a convencional antena UHF.
O NaTelinha conversou com vários políticos de todas as esferas para entender as razões que levaram alguns municípios a ficar sem a transmissão dos canais desde que o sinal analógico foi oficialmente desligado, seguindo o calendário imposto pelo Governo Federal.
Embora muitos tenham aceitado conversar com a reportagem, nenhum quis dar uma declaração oficial, principalmente porque afirmaram estar em negociações com as emissoras ou dependendo de liberação do Ministério das Comunicações para receber o sinal digital de alguma emissora e críticas poderiam atravancar o caminho.
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A reportagem entrou em contato com uma série de Associações Comerciais de algumas dessas cidades e descobriu que não há um estudo consolidado para saber quantas residências possuem TV por assinatura, mas a estimativa média é de que cerca de 15% tenham acesso.
Prefeitos, vereadores e até assessores que aceitaram conversar em off afirmaram que a dificuldade maior é o contato com os canais, mas as negociações prosseguem e os dribles à burocracia também estão sendo medidas.
O NaTelinha procurou todas as grandes redes de TV aberta, que enviaram nota oficial para falar sobre o tema, conforme se lê abaixo.
Nota oficial da Globo
O desligamento do sinal analógico no Brasil tem sido considerado um caso de sucesso ímpar na indústria mundial. Temos um país de dimensões continentais, que encontra na TV aberta sua principal fonte de entretenimento e informação. Concluímos a primeira fase do desligamento em 2018 com o mínimo de impacto para o público. A TV aberta continua a ser a principal plataforma de distribuição audiovisual do país, agora com mais qualidade, mobilidade e interatividade. Aqui, ao contrário de outros países com perfil socioeconômico similar ao Brasil, emissoras e entidades responsáveis se uniram para construir um modelo que se adaptasse aos brasileiros, e isso fez toda a diferença para o engajamento da população e para a mobilização em torno do tema.
Agora, seguindo o modelo de parceria entre emissoras e indústria que garantiu o sucesso da primeira fase do desligamento, estamos trabalhando em soluções para a interiorização da TV Digital no Brasil. O cronograma das localidades que ainda não foram digitalizadas vai até 2023. E estamos trabalhando em soluções adequadas à realidade dos municípios que passarão pelo desligamento nesta nova fase, investindo em planejamento e preparação da infraestrutura, como estações compartilhadas, que contribuem para o desenvolvimento do mercado nacional e são economicamente viáveis. Temos como prioridade a digitalização do Brasil inteiro e acreditamos que, com os aprendizados que tivemos até agora, esta será mais uma etapa de sucesso.
Nota oficial do SBT
Estamos dentro do cronograma previsto de desligamento do sinal analógico. Quanto as permissões junto ao MCTIC, não estamos tendo problemas de atraso e os investimentos estão previstos, fruto de um planejamento detalhado já feito há alguns anos.
Nota oficial da Record
A Record TV já digitalizou 1200 cidades seguindo o cronograma do Governo Federal onde o processo de digitalização foi estabelecido. Segundo a Anatel o prazo final para o desligamento total do sinal analógico é em 2023.
Nota oficial da Band
A Band segue com a expansão de seu sinal digital de acordo com o cronograma de implantação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações firmado no switch-off até 2023. A emissora vai completar toda a cobertura outorgada no território nacional atendendo 100% de digitalização. A Band tem atuado com outras emissoras para que, em municípios de menor densidade populacional, possa utilizar sites de transmissão e sistemas compartilhados, o que permitirá uma expansão mais rápida do sinal digital para o interior dos estados.
Nota oficial da RedeTV!
A RedeTV! tem cumprido com o cronograma de switch-off dos canais analógicos, definido pelo Ministério das Comunicações.
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