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Diretor de jornalismo da Record diz não ter medo da CNN Brasil: "ganha a televisão"

Em entrevista exclusiva, Antonio Guerreiro faz um balanço dos primeiros meses como vice-presidente na Record

Divulgação/Record
Por Sandro Nascimento

Publicado em 20/05/2019 às 05:00:06

O novo vice-presidente de jornalismo da Record, Antonio Guerreiro, apostará em inovações tecnológicas, mais reportagens ao vivo, modernidade e em novos jornalísticos nestes primeiros cinco meses de gestão.  

Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a segunda após se tornar o novo poderoso do jornalismo da emissora, Guerreiro apontou os caminhos que adotará na linha editorial e revelou não ter medo da concorrência da CNN  Brasil, que vem montando sua equipe para estrear no segundo semestre.

"Imagina (medo da CNN Brasil). É um projeto extremamente positivo. Quanto mais a gente tiver mercado sendo fomentado, melhor é. Temos uma parceria ótima com a CNN americana, ou seja, somos clientes da CNN e temos intercâmbio com eles. Em vários momento eles precisaram das nossas imagens e nós cedemos. A CNN Brasil é extremamente bem-vinda para esse cenário. Ganha o mercado, ganha os profissionais e ganha a televisão como um todo", conta o vice de jornalismo.

Em janeiro, Antonio Guerreiro assumiu o cargo após a saída de Douglas Tavolaro da Record para liderar a montagem da CNN Brasil com um grupo de investidores.

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Sobre um balanço nesses meses como vice-presidente de jornalismo, Guerreiro classifica que faz uma gestão de continuidade. "O projeto jornalístico é muito vencedor na Record. O projeto que o (Douglas) Tavolaro comandou por 15 anos é bastante vencedor. O que eu estou fazendo agora é procurando colocar uma dose maior de modernidade, fazendo alguns ajustes finos de melhora de conteúdo. Estou muito preocupado com a plástica dos nossos programas", diz.

E completa: "A vinda do Rogério Galo mostrou muito isso. Ele é um cara muito preocupado com que a gente leva tanto em visagismo como em computação gráfica, como no virtual. Então, tenho me concentrado bastante nisso neste momento inicial. Procurado valorizar o vivo, que é muito importante. Já temos 11 horas e meia de programação diária. Então o vivo é muito forte. A participação de todas as praças é muito importante. Você vê isso no 'Fala Brasil' de sábado e em todas as nossas produções. No 'Jornal da Record' eu procurei priorizar bastante o vivo. Então são essas pequenas marcas nesse início".

Novidades no jornalismo

 

Dentre as novidades que pretende implantar no jornalismo da Record, Guerreiro revela que acaba de fechar um contrato milionário, sem revelar valores, para trocar todo parque virtual da emissora.

"Eu fiz agora uma viagem e voltamos com um investimento muito forte no virtual. Fechamos o negócio e nos próximos quatro meses, a troca de todo parque virtual da Record. Então, todo os sistemas de tracking e toda a captação vão ficar completamente diferentes", anuncia.

Atualmente, a Record possui seis produtos jornalísticos diários na grade, são eles: "Balanço Geral Manhã", "SP no Ar", "Fala Brasil", "Balanço Geral", "Cidade Alerta" e "Jornal da Record". Além disso, tem os semanais "Esporte Fantástico',  "Domingo Espetacular", "Câmera Record" e "Repórter Record".

Questionado sobre o projeto de um telejornal no fim de noite da emissora, no horário que antes era ocupado pelo talk-show do humorista Fábio Porchat, Guerreiro optou pelo suspense na resposta: "Obviamente são questões estratégicas, eu não falo de nenhum novo produto. Mas o que a gente pode esperar é uma ampliação dos horários do jornalismo. Já temos horários extensos na programação, mas isso é um desejo também do nosso presidente de programação. Então podemos esperar novos produtos que ocupem novos horários, não necessariamente esse".

Antes de assumir a vice-presidência de jornalismo, Antônio Guerreiro atuava como superintendente de estratégia multiplataforma, ficando à frente do PlayPlus, empreendimento da Record na distribuição de conteúdo audiovisual na internet.  No grupo, o jornalista está há 10 anos  e iniciou como  responsável pela montagem do portal de notícias da companhia nas plataformas digitais.

Bancada nos telejornais

Com mais de 30 anos de experiência, Guerreiro não é contra a permanência  das tradicionais bancadas nos telejornais, porém, não concorda dos jornalistas ficarem somente sentados durante a apresentação.

"Eu acho que é muito menos uma discussão de a bancada ou não. A  bancada também faz parte. Se você olhar os grandes telejornais americanos todos utilizam bancada também. Você não tem uma necessidade de tirar a bancada. Agora só ficar na bancada não. Acho que as primeiras coisas que fiz foi colocar a Adriana (Araújo) e o Celso (Freitas) de pé", explica.

E continua: "Agora, estamos mudando o projeto do jornalismo aos poucos, mas para deixa-lo mais dinâmico, pra deixa-lo mais  a ver com a linguagem do ao vivo. A bancada não pode funcionar como uma amarra. Quando ela couber, não precisa ser eliminada, mas não precisa ser só ela".

Sobre tendências do jornalismo internacional que pudesse gerar um projeto no em seu setor de atuação na Record, o vice-presidente conta: "Acho que não é um projeto, são vários. Do mesmo modo que a gente acaba se baseado muito na concorrência, e a concorrência também olha muito pra gente, eu acabo olhando pra muitos ali".

E explica: "A Deutsche Welle tem algumas coisas muito bacanas. A própria maneira de valorizar os vivo nas emissoras americanas. Eu gosto muito dos telejornais da NBC e  ABC. Aqui tem uma cultura do VT muito arraigada. Aqui tudo é VT. Eu gosto muito de histórias que são contadas ao vivo. Isso vai muito do jornalismo americano".

Segundo Antonio Guerreiro, atualmente todo o portal de notícias da Record está 100% ligado a vice-presidência de jornalismo e as redações estão integradas. Ele destaca que o  PlayPlus acaba lançar um produto que é o "10 Chances", programa que mostra a trajetória do ex-Polegar, Rafael Ilha, produzido pelo núcleo de jornalismo. "Cada vez mais, vamos produzir para o PlayPlus, e cada vez mais, vamos levar a interatividade pra tela. Isso sim eu tenho me baseado muito lá fora", pontua.

Sobre suas tentativas de tirar grandes nomes do jornalismo da Globo, como recentemente o repórter André Azevedo, Guerreiro afirma que essa movimentação faz parte do mercado. "Isso é uma via de duas mãos, sempre.  O importante é todo mundo ser valorizado", finaliza.

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