Publicado em 26/02/2019 às 14:17:16
Os desfiles do próximo domingo (02) e segunda (03), são últimos sob a vigência do atual contrato dos direitos de transmissão entre a Liga independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) e a TV Globo.
A reportagem apurou que ainda não ocorreram reuniões oficiais para tratar da renovação deste compromisso. Porém, lobbys internos já acontecem em prol de um acordo para os próximos anos. Antes disso, existem inúmeros fatores que precisam ser aparados.
Uma nova geração de dirigentes de escolas de samba começam a chegar ao setor prometendo uma reinvenção do negócio e sua preparação para o futuro. E este cenário é a principal diferença desta renovação de vínculo de cessão de direitos de transmissão da Liesa com a Globo, de outros anos.
Atualmente, a Globo destina em torno de R$ 1,5 milhão do seu caixa para cada escola de samba. De acordo com fontes ouvidas, o pagamento deste valor é dividido em seis parcelas a partir de junho de cada ano. Com esse dinheiro o canal adquire os direitos para transmitir na TV aberta, fechada e plataforma digitais.
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Com a falência da TV Manchete, a Globo é detentora exclusiva dos direitos de transmissão dos desfiles de carnaval do Rio, de forma consecutiva, desde 2000. A emissora do grupo Bloch foi a única concorrente, que longo dos anos, competiu com o canal da família Marinho pela disputa de audiência mostrando os desfiles das agremiações.
A base do vínculo entre Globo e Liesa, são os mesmos desde essa época. A força da vitrine da Globo é algo não pode ser desconsiderado, mas a televisão mudou, novas mídias e tecnologias surgiram junto com as redes sociais, na mesma velocidade que novas oportunidades de negócios, que ainda não são exploradas pelo samba. Um exemplo disso é a televisão por assinatura e a internet.
No exterior, somos conhecidos pelo país do samba e futebol, mas até hoje, quase 30 anos após o início da operação da TV paga no país, o universo das escolas de carnaval não possui um canal a cabo dedicado ao tema.
Alias, isso poderia ser até uma nova fonte de renda para as escolas se fosse disponibilizado no formato par per view. Buscando atender uma demanda de nicho.
O estranho que essa ausência no cabo acontece mesmo com a Liesa tendo um vínculo próximo com o grupo Globo, dona da Globosat, considerada a maior programadora de TV por assinatura da América Latina.
Para a nova geração dos dirigentes do carnaval, em conversa com a reportagem, num formato de negocio ideal, os direitos de transmissão dos desfiles deveriam vendidas em cotas por plataformas, como streeming, TV paga e aberta, abrindo concorrência para a melhor oferta. Assim como é hoje o futebol.
Atualmente, os desfiles da escolas são viabilizadas por três pilares de arrecadação: ingressos, repasse da prefeitura e dinheiro da Globo. Que somadas, chegaria ao valor em torno de R$ 6 milhões.
Existem outros interesses que dificultam, mas a tentativa de iniciar uma mudança nos parâmetros de cessão de direitos de transmissão do carnaval do Rio, pode abrir uma chance para a Record TV, SBT, Netflix, Youtube e Facebook entrarem na cobertura dos desfiles da maior festa cultural do país.
Do ponto de vista da emissoras de TV aberta, o interesse sempre existiu, mas nunca com oportunidades reais.
O que se sabe até aqui, é que haverá um pedido de incremento do valor repassado pela Globo as Escolas de Samba para a assinatura de um novo contrato. Vamos aguardar, 2020 pode ser o ponta pé inicial para o futuro do carnaval na TV. Por enquanto, a Globo tem preferência na renovação, mas se depender da nova geração de dirigentes, não será tão fácil como em anos anteriores.
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