Publicado em 08/12/2023 às 20:35:00
A prefeitura de Montreal, no Canadá, decidiu que a partir de 1º de janeiro de 2024, pessoas das 45 bibliotecas públicas da cidade serão expulsos dos locais se estiverem fedorentas.
A polêmica medida faz parte de um novo projeto de regulamento relativo às bibliotecas que os municípios estão adotando. Passará a ser proibido que a falta de higiene incomode outros frequentadores ou funcionários, de acordo com o jornal local "La Presse". Flagrados na situação de mau cheiro poderão ser multados.
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A decisão foi criticada por organizações que apoiam moradores em situação de rua, que argumentam que ela discrimina e exclui esse grupo da população.
"É ultrajante!", rebateu Annie Savage, diretora de uma instituição que apoia moradores em situação de rua. "É uma tendência, em muitos locais públicos, portanto pagos com os nossos fundos, dizer que não é seu papel acolher pessoas sem abrigo. Isto é extremamente arbitrário", acrescentou ela, classificando a medida como "extremamente arbitrária".
Oito conselhos distritais, incluindo os de Anjou, Sud-Ouest e Ville-Marie – dos quais Valérie Plante é a prefeita – deram luz verde à medida. Outros nove devem fazê-lo até meados de dezembro, enquanto os dois últimos distritos apresentarão uma moção em breve.
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Questionada por "La Presse", Valérie disse que aceitaria discutir a redação da medida sobre higiene, mas não indicou qualquer recuo. A prefeitura afirma querer fornecer "um guia de apoio aos gestores, permitindo-lhes aplicar a regulamentação de forma humana, sensível e respeitosa em todos os momentos".
Céline Bellot, diretora de um observatório social da Universidade de Montreal, questiona como será feita a fiscalização da medida. "Quem tem o poder de decidir quem cheira bem e quem não cheira? É chocante porque é uma repressão ao acesso ao espaço público. Contamos com estereótipos para levar à punição das pessoas", disse.
A medida é mais um exemplo de como a falta de moradia é tratada como um problema de ordem pública, e não como um problema social. Na prática, ela acaba criminalizando e marginalizando ainda mais as pessoas que vivem nas ruas.
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