Em 1997, senadores do PT (Partido dos Trabalhadores) participaram de O Rei do Gado, que ia ao ar pela primeira vez na Globo. Na época, Benedita da Silva, hoje deputada federal, e Eduardo Suplicy, deputado estadual em São Paulo, marcaram presença em cenas do velório do Senador Caxias, interpretado por Carlos Vereza.
Os políticos fizeram participação especial no capítulo que foi ao ar em 17 de janeiro de 1997. Eles aparecem chegando ao velório do personagem e dão entrevistas a repórteres sobre a morte do personagem. Na trama, além de um exemplo ético, o Senador Caxias era defensor da reforma agrária e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele é assassinado por jagunços a mando de fazendeiros.
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“O Senador Caxias lutava pelo direito à vida. Para que todas as pessoas pudessem ter o direito à cidade, a lavrar a terra, se sustentar e sem precisar jamais recorrer às armas. O Senador Caxias morreu pedindo para que houvesse paz. Espero que muitos senadores e deputados venham a seguir o seu exemplo para concluir os problemas do campo e dos trabalhadores sem-terra.”
Eduardo Suplicy em O Rei do Gado
“Ele não morreu em vão. Tenho absoluta certeza de que ele deu uma grande contribuição e demonstrou que é possível fazer alguma coisa nesse país sem que haja derramamento de sangue.”
Nas cenas, Suplicy aparece cumprimentando o protagonista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), um latifundiário, e ainda consola a viúva, Maria Rosa (Ana Rosa). A sequência reúne cenas gravadas em estúdio e takes da área externa do Congresso Nacional, como se o funeral do personagem fosse realizado na sede do Senado Federal em Brasília.
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Sarney vetou cena de O Rei do Gado com caixão no Salão Nobre do Senado
A intenção da Globo era que toda a gravação fosse feita no Salão Nobre, ideia barrada pelo então presidente do Senado, José Sarney. Supersticioso, ele vetou a presença do caixão no local, o que irritou, na época, o ator Carlos Vereza. Em entrevista ao Jornal do Brasil naquela semana, o veterano disparou:
“Não seria ridículo nem folclórico. Ao contrário: seria digno homenagear um político que honrou a classe, mesmo sendo ficção. Eles só sabem fazer críticas à TV. O velório não iria denegrir a imagem do Senado. O que fere a dignidade do Congresso é quando chegam na terça e voltam para casa na quinta-feira.”
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Carlos Vereza
A polêmica maior foi instaurada quando as cenas com políticos da vida real foram ao ar na TV, rendendo diversas reportagens nos dias seguintes. “Suplicy disse que só aceitou o convite para participar das gravações do velório porque estava de acordo com o político representado pelo ator Carlos Vereza”, explicou reportagem do jornal O Globo.
A mesma matéria apontou que, no Congresso, “os debates sobre a emenda constitucional, a briga pela presidência do Senado e a indignação dos peemedebistas com o pito recebido pelo presidente da República [na época, Fernando Henrique Cardoso] dividiram a atenção dos senadores ontem com a morte de seu mais ilustre colega”, dizia o texto referindo-se ao Senador Caxias.
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