Publicado em 18/11/2022 às 04:00:00,
atualizado em 18/11/2022 às 11:49:37
A temperatura de 36 graus indica que o sol está escaldante. Quem chega à entrada da pequena cidade de 60 mil habitantes, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, precisa tomar um copo de água se quiser manter-se hidratado. Logo na rodovia, um pequeno e charmoso shopping mostra que o município, embora no interior, é antenado com o futuro. Pouco antes do centro de compras é possível ler uma inscrição: "a cidade do Rei do Gado".
Quem estiver viajando e passar pelo local vai ficar fascinado com a inscrição e logo se lembrará de O Rei do Gado, trama que ainda está engatinhando em sua terceira reprise na faixa do Vale a Pena Ver de Novo. A inscrição, porém, grava muito mais que apenas uma lembrança carinhosa da novela das nove, exibida originalmente em 1996. Por causa da produção de Benedito Ruy Barbosa, duas cidades vizinhas entraram em pé de guerra pelo título de capital do rei do gado.
No capítulo 11 da novela original da Globo, a esposa de Bruno Mezenga (Antônio Fagundes), interpretada por Silvia Pfeifer, recebe uma ligação. "Atende aqui, dona Léia. É lá da fazenda de Pereira Barreto", diz a empregada, deixando-a nervosa. "E o que eu tenho a ver com a fazenda Pereira Barreto?", mas a funcionária insiste. "Eu não sei, dona Léia, mas o administrador de lá está atrás do seu Bruno, disse que é urgente".
Nesta sequência também participa Fábio Assunção, que vive o filho do herdeiro dos Mezenga. "Urgente por quê?", questiona. "É que invadiram a fazenda dele, dona Léia", termina a funcionária, deixando a família tensa. A invasão, no caso, foi feita pelo MST (Movimento Sem Terra), com personagens de Jackson Antunes e de Patrícia Pillar.
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Pereira Barreto e Andradina nunca mais foram as mesmas desde que a produção foi gravada numa fazenda bem na divisa entre os dois municípios e gerou uma espécie de disputa pela escolha de "onde viveu o rei do gado". Por causa disso, os moradores dos dois locais se tornaram rivais e, mesmo 26 anos depois, ainda há rivalidades, ódio e disputa por poder, inclusive político.
A verdade é que o personagem que inspirou Bruno Mezenga viveu parte de sua vida em Andradina, que fica a 627 km de São Paulo, mas o município nunca tratou o tema com muita empolgação, ao menos até a novela da Globo ser exibida. "A prefeitura nem falava muito sobre esse fazendeiro, pouca gente na cidade conhecia a história", diz Maria Antônia, moradora do local há mais de 50 anos, ao NaTelinha.
Antes da produção entrar no ar, a equipe buscou fazendas que poderiam servir de locação, inclusive da família do homem, mas não houve acordo. Como uma cidade conservadora, ninguém se interessou muito no caso. "Ninguém queria artistas andando pra lá e pra cá", completa dona Maria, explicando como era os anos 90.
Diante disso, a direção da emissora encontrou uma fazenda nas proximidades: São Joaquim, que fica em Pereira Barreto, distante 626 km da capital. A partir daí, a guerra começou. Desde que Pereira Barreto passou a fazer parte do dia a dia da novela das nove, a população de Andradina se revoltou porque o município nunca era citado em O Rei do Gado, mesmo que o fazendeiro verdadeiro tenha vivido ali, não na vizinha.
Moradores de Andradina criaram rivalidade com Pereira Barreto e que dura até os dias de hoje após a vizinha ser citada várias vezes dentro da novela. Pouco depois, a cidade passou a ter o slogan como a "terra do Rei do Gado" e que está inscrita na entrada do município até os dias atuais. Além disso, o tema virou tabu e raramente se ouve falar por lá que a novela não foi gravada em Andradina por problemas logísticos.
Ao mesmo tempo, quem mora em Pereira Barreto faz questão de exibir com orgulho as sequências em que a novela é citada na trama da Globo, como acontece agora, no Vale a Pena Ver de Novo. Embora dê orgulho à população, poucos nomes da produção pisaram, de fato, no município. O próprio Antônio Fagundes não esteve, já que a locação utilizada para a fazenda dele, de fato, foi em Goiás. A fazenda São Joaquim acabou utilizada para gravar sequências de bois que aparecem ao longo do folhetim de Benedito Ruy Barbosa.
Se até 1996 Pereira Barreto e Andradina eram consideradas cidades coirmãs, o mesmo não aconteceu após O Rei do Gado. A rivalidade foi tanta, que os dois municípios passaram a brigar por quase tudo. Nos anos de 2010, os moradores andradinenses se sentiram vingados por perder a novela das nove porque tiraram da vizinha uma das maiores fontes de renda: a Usina Hidrelétrica.
Três Irmãos, uma das principais usinas de energia do país, perdeu o domicílio em Pereira Barreto e migrou para Andradina, enviando os R$ 3 milhões anuais de ICMS para a outra cidade. O que os moradores chamam de "doce vingança".
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