Publicado em 17/09/2022 às 10:25:00
Com 57 anos de história, a Globo é reconhecida por sua excelência em produzir novelas. Mas nem todas fizeram sucesso por aqui. Outras, mais do que isso: a emissora talvez quisesse que elas simplesmente não tivessem existido, seja por ter sido um fracasso colossal de audiência ou porque os bastidores acabaram sendo mais interessantes.
Dentre a lista elaborada pelo NaTelinha, há produtos somente deste século XXI. Ela abrange desde uma história que seria uma Terra Nostra 2 até mais recentemente um folhetim que gerou problemas com direitos autorais e teve um por trás das câmeras muito mais agitado.
Conhecida historicamente por ousar mais na faixa das 18h, a Globo acumula uma sucessão de tropeços no horário justamente por isso. Dentre as que não pegaram bem com o público estão Bang Bang (2005-2006), por exemplo, que sofreu ao ser retratada no faroeste.
Confira essas e outras novelas que a Globo quer esquecer que existiram.
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Aposta da Globo para ser um sucesso como Terra Nostra (1999), Esperança (2002) não chegou nem perto de repetir o feito. Nem mesmo um elenco de peso conseguiu fazer com que a novela atraísse a audiência e teve bastidores complicados, desde acidentes com atores e até a saída do autor Benedito Ruy Barbosa. Walcyr Carrasco acabou assumindo a trama.
Benedito entregava os capítulos em cima da hora. Com a mãe em estado delicado de saúde, o autor abandou a novela devido ao cansaço e pressão da Globo não só pela rapidez, mas também por audiência. Carrasco assumiu a autoria, o que deixou o veterano enfurecido com os rumos que a sua cria tomou.
Apesar disso, Walcyr conseguiu fazer com que o público se interessasse novamente pela novela, mas já era tarde demais e Esperança terminou como uma decepção, com 38 pontos de média geral, bem abaixo para os padrões da época.
Esse foi um dos experimentos mais ousados da Globo. A novela se passava numa realidade que era bem distante da brasileira: o Velho Oeste. A protagonista, Fernanda Lima, também era inexperiente e foi duramente criticada por conta da sua interpretação.
Os problemas começaram logo no primeiro mês, quando o autor Mario Prato deixou a trama. Carlos Lombardi assumiu a bronca, e a transformou. Apesar das tentativas, Bang Bang terminou com 28 pontos de média geral, uma audiência inacreditável para os anos que ela foi ao ar, entre 2005 e 2006.
Tanto que Cobras & Lagartos, que veio na sequência, conseguiu o que Bang Bang jamais obteve: cravar mais de 50 pontos de média na faixa. A novela de João Emanuel Carneiro terminou com 38 geral.
Até mesmo Grazi Massafera já reconheceu o fracasso de Bosco Brasil. "No início, eu era aquela vilã de quadrinhos, artes marciais. Aí virei um robô e fique louca depois. Agora, me transformei em uma menininha romântica", contou à revista TPM em 2010.
"Tá bom, a novela pode ser um fracasso, mas dentro dela eu considero que foi o meu sucesso", reconheceu ela, que ainda estava no início da carreira.
À Folha de S. Paulo, Bosco admitiu que fugiu dos padrões clássicos de um folhetim, mas negou tentar promover uma revolução. "Nunca prometi. Por um motivo que desconheço isso acabou colando na novela", lamentou.
Porém, os baixos índices da trama em seus primeiros meses levou o autor a promover mudanças, transformando a novela em uma história mais tradicional, com o objetivo de elevar a audiência. Tempos Modernos chegou ao fim com 26 pontos de média, cinco abaixo do alcançado por sua antecessora, Caras & Bocas, de Walcyr Carrasco.
Apontada como complicada demais, Além do Horizonte chegou ao fim como pior audiência na faixa das 19h. "Três jovens estão dispostos a explorar um novo mundo. À procura de pessoas queridas que desapareceram sem explicações, eles se conhecem e descobrem que é preciso ir muito além do horizonte para desvendar os mistérios que envolvem suas famílias", diz a sinopse da novela protagonizada por Juliana Paiva, Thiago Rodrigues e Rodrigo Simas.
Pouco tempo depois, Marcos Bernstein, que escreveu a história com Carlos Gregória, admitiu que sabia que a novela seria diferente. "Estávamos oferecendo um novo gênero para o público do horário. Chegamos ao fim felizes de termos conseguido isso, com qualidade e retorno. 'Além' foi uma das novelas que mais me deram prazer."
"Diferente, ousada, inteligente e dinâmica. O maior desafio para mim foi fazer um grande vilão com as limitações próprias do horário. Pela repercussão, parece que consegui. Sinto o maior orgulho", recordou.
Com perspectivas de alavancar os números de Além do Horizonte, Geração Brasil não empolgou e é a novela menos vista da faixa. O assunto tecnologia definitivamente não agradou o público, que preferiu fazer uso dela e desligar a TV pelo controle remoto.
Os autores eram os mesmos de Cheias de Charme, que ficaram marcados pelo grande sucesso da trama apenas dois anos antes, mas não decolou. Exibida também em época de Copa, havia dias que a Geração Brasil sequer ia ao ar, apenas tinha "pílulas" rápidas.
Novela de 2015, Babilônia estreava com toda a pompa e elenco estelar. Até hoje, amarga a novela de menor audiência do horário nobre na Globo. Setores conservadores da sociedade brasileira fizeram campanha contra a novela desde o primeiro capítulo, quando Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg deram um beijo.
Um dos autores, Gilberto Braga (1945-2021), não queria encerrar a carreira com um fracasso, destacou João Ximenes Braga após sua morte. “Fui recebido no quarto, numa cama reclinável, tipo de hospital. Ele não estava bem de saúde, mas lúcido e muito deprimido com o fracasso de Babilônia, que até hoje é o pior ibope do horário”, recordou João Ximenes Braga, em depoimento ao site da jornalista Cristina Padiglione, da Folha de S.Paulo.
Segundo o coautor da novela, Gilberto não queria encerrar sua carreira com um fracasso. Por isso, desejava voltar logo ao trabalhar para recuperar seu prestígio. “O fracasso artístico e de audiência de Babilônia não pode ser atribuído a Gilberto e sim à intervenção mal intencionada que destruiu completamente a espinha dorsal da novela”, defendeu.
Com uma história "mística", Aguinaldo Silva quis marcar sua volta ao realismo fantástico com O Sétimo Guardião, mas não rolou. A novela não teve audiência e nem repercussão, mas deu o que falar nos bastidores com acusações de traições, discussões e até de plágio.
A co-autoria da sinopse do primeiro capítulo foi reindicada por Silvio Cerceau, que participou da Masterclass ministrada pelo novelista em 2015. Em outras situações, um figurante da novela infartou durante sua trabalho no set de gravação, atrasos de Marina Ruy Barbosa e a saída de Bruno Gagliasso para retirada de cálculo renal.
Outro caso tomou conta dos noticiários: o famoso Surubão de Noronha, em que foi ventilado que José Loreto, que fazia parte do elenco, havia traído sua mulher na época, Débora Nascimento, com outra atriz da trama.
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