Publicado em 07/12/2021 às 06:49:00
A volta de O Cravo e a Rosa, desde a última segunda-feira (05), no início das tardes da programação da Globo, masca o retorno da trama que mudou a forma como a emissora fazia novelas das 18h, imprimindo um ritmo de humor que antes eram reservados para a faixa das 19h. Mais do que isso, a produção marcou a estreia de Walcyr Carrasco no canal, além de ser inspirado em obras de Ivani Ribeiro e até de Shakespeare.
Depois do sucesso com Xica da Silva, Walcyr foi contratado pela Globo ao lado do diretor Wálter Avancini, que havia deixado a emissora em 1989. O debute do autor foi num texto inspirado numa obra original de Ivani Ribeiro, O Machão (1974), que já era baseada em A Indomável (1965), também da autora. Todas têm, como ponto de partida, a peça A Megera Domada, de William Shakespeare.
Muitas pessoas apontaram as semelhanças entre as obras, mas Walcyr chegou a negar que O Cravo e a Rosa fosse um remake de O Machão. “Eu atualizei o cerne da novela, colocando uma Catarina mais simpática em seus ideais, com os quais muitas telespectadoras vão se identificar”, disse à época do sucesso da trama protagonizada por Adriana Esteves e Du Moscovis.
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Quando Walcyr foi chamado para estrear na Globo foi prometido a ele a faixa das 18h, justamente o horário em que a Globo queria implementar uma mudança estilística nas telenovelas. Assim como Esplendor (2000), a ideia era que a trama tivesse um tamanho menor que o habitual, num processo que a emissora queria promover para testar. A sinopse de O Cravo e a Rosa foi aprovada para ser uma novela de 90 capítulos.
Acontece que o folhetim foi um sucesso estrondoso de audiência, além do fato de que estudos indicaram para a Globo a impossibilidade em conseguir lucro em tramas tão curtas. Diante disso, Walcyr foi convocado para esticar a novela e informado que ela teria um tamanho tradicional, mudando a espinha dorsal da história.
O autor contou ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Memória Globo, como fez para equacionar a situação. “Para poder ampliar a história, eu fiz alguns pedidos à Globo. Pedi, por exemplo, novos cenários e uma nova atriz para interpretar uma vilã, coisa que a novela não tinha", revelou.
E ele explicou como se dava a estrutura. "Em O Cravo e a Rosa, a vilã era a própria Catarina. Ela mesma impedia o relacionamento dos dois protagonistas. Em 90 capítulos, isso era possível. Mas em 200, eu precisava de uma personagem que fizesse armações, precisava de uma vilã com perfil de novela tradicional. Então entrou em cena a Drica Moraes", finalizou.
No fim, O Cravo e a Rosa foi considerado um sucesso para a faixa ao terminar com média de 30,6, superando as últimas quatro tramas das 18h e colocou Walcyr como um dos autores mais requisitados do horário, tanto que ele voltou logo depois com outros projetos.
Por conta do sucesso, ela foi reprisada dois anos depois, em 2003, e teve média de 23,5, o melhor desempenho no Vale a Pena Ver de Novo desde 1998. Em 2014, ela voltou a ser exibida também no Vale a Pena, mas não com o mesmo sucesso e teve apenas 13,8 pontos de média. Agora, ela inaugura o novo horário de reexibições da Globo.
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